Um Eduardo Cunha choroso e melancólico fez um pronunciamento dizendo que renuncia à presidência da Câmara dos Deputados, hoje de manhã.
Ele estava afastado do cargo e não parecia aceitar a renúncia, apesar dos apelos de muitos de seus aliados. Cunha afirmou várias vezes estar confiante de voltar ao cargo impedido.
Ele declarou o seguinte, no seu pronunciamento:
"Resolvi ceder aos apelos generalizados dos meus apoiadores. É público e notório que a Casa [Câmara] está acéfala, fruto de uma interinidade bizarra que não condiz com o que país espera de um novo tempo após o afastamento da presidente da República. Somente minha renúncia poderá pôr fim a esta instabilidade sem prazo. A Câmara não suportará esperar indefinidamente".
Ele também demonstrou tristeza com a forma com que a esposa, Cláudia Cruz, e a filha Danielle Cunha (do casamento anterior do deputado), estão sendo investigadas por corrupção.
As duas estão sendo indiciadas por envolvimento, juntamente com o deputado, no esquema de propinas da Petrobras, alvo da Operação Lava-Jato.
Apesar disso, o juiz Sérgio Moro disse que tentou "sem sucesso" intimar Cláudia, mas o mandado se dirigiu à casa da ex-jornalista na Barra da Tijuca, enquanto ela estava no momento morando em Brasília.
Desculpa muito estranha. Afinal, Moro nunca fez isso com petistas.
Voltando ao renunciante, Eduardo Cunha disse que se sentia "atingido" ao ver mulher e filha sendo enquadradas na Operação Lava-Jato.
Cunha se declarou "inocente" das acusações e, segundo especialistas políticos, a renúncia é uma manobra para evitar a cassação do mandato de deputado federal, que apenas está suspenso.
E Cunha demorou um tempo estranhamente longo para ser tirado da presidência da Câmara, por um Judiciário que é até precipitado demais quando os indiciados são do PT.
A Câmara dos Deputados terá cinco sessões para eleger o sucessor de Cunha. Até lá, Waldir Maranhão segue como presidente interino da casa.
Cunha chegou à Câmara dos Deputados sob vaias e protestos de "Fora Cunha".
Talvez o deputado renunciante pretenda continuar como consultor informal do governo de Michel Temer, com quem se reuniu dias atrás, num ato primeiro desmentido e depois confesso pelo parlamentar.
Eduardo Cunha, sabemos, é um dos co-autores das medidas incluídas no projeto governamental "Ponte para o Futuro", que mistura as "pautas-bombas" do parlamentar com o programa eleitoral de Aécio Neves anunciado em 2014.
Comentários
Postar um comentário