A intelectualidade "bacana" que queria um Brasil mais brega tentava reduzir o feminismo a uma sucursal do machismo.
As mulheres eram "donas" do seu corpo, mas os homens tinham "participação societária".
Eram "sócios" de um mercado de ostentação de corpos femininos.
De musas "populares" que, representando frutas ou surgindo de banheiras da TV, sob a trilha sonora de "pagodões" e "pancadões", queriam forjar um "feminismo de resultados".
A única coisa "feminista" é a ausência aparente de namorados ou maridos.
Com direito a um discurso contraditório.
Num dia, a "siliconada" de plantão se dizia "solteira e feliz".
Noutro dia, ela reclamava que os homens "fugiam dela".
Num momento, ela se julga "dona de seu próprio nariz".
Noutra, ela diz que "namora os fãs".
Se acha dona do seu corpo, mas exibe fotos "sensuais" na Internet.
Ela se acha com a "liberdade do corpo", mas se torna escrava dele.
"Liberdade do corpo" não é liberdade da alma, da consciência.
É a consciência da mulher que define o direito que ela tem pelo seu corpo.
Se o corpo tem "liberdade", mas a consciência não, a alma não é livre.
Ainda mais quando a "liberdade do corpo" é pretexto para a ostentação pura e simples.
Se a moça adora andar nua em casa ou "mostrar demais", para que dizer isso na mídia?
Para deixar os machos mais afoitos?
Essa "cultura", dita "popular", apresentou várias contradições.
Tratando as classes populares de forma caricatural, despejava nelas valores retrógrados disfarçados de "modernos".
Daí a "felicidade" em viver numa favela desconfortável e perigosa.
E, nas mulheres, havia a ideologia de que a erotização era "o máximo".
Intelectuais "bacanas" reclamavam da exploração caricatural da mulher de classe média nos comerciais de TV.
Mas quando era na dita "cultura popular", essa mesma caricatura era vista como "realista".
A mulher de classe média podia preservar seu corpo do assédio masculino e da hipersexualização simbólica.
A das "classes populares" nem tanto, a intelectualidade "bacana" até dizia que era "iniciação sexual" das mais jovens e "afirmação feminina" das adultas.
E defendiam a prostituição, um mercado machista travestido de "autoafirmação feminista".
Tentaram até "proletarizar" a prostituição, para que as moças pobres "não precisassem" ter um emprego mais digno, que lhe trouxesse a verdadeira inclusão sexual.
Trancada nos seus colegiados acadêmicos, nas salas de produção ou em seus apartamentos confortáveis, os provocativos intelectuais "bacanas" não sabem o drama das prostitutas.
Exploradas, se não por cafetões, pelo menos por fregueses arrogantes e agressivos.
Elas podiam ser professoras, advogadas, cozinheiras, economistas, costureiras, modelos etc.
Mas a intelectualidade "bacana" só queria que elas fossem prostitutas.
Era para garantir o consumo de outros "bacanas" não necessariamente intelectuais.
Dinheirismo oco, consumismo sem cidadania, travestido de "ativismo das periferias".
Essa farsa da exploração do corpo feminino iludiu muitas mulheres pobres.
Confundiu-se o direito ao corpo com a ostentação do mesmo.
Confundiu-se o direito da mulher pobre vestir-se como quiser com o ato de vestir-se como os homens queriam.
Confundiu-se o direito da mulher pobre valorizar seu corpo com a valorização do corpo dela por outros homens.
Voyeurismo muito mal disfarçado, escancarado pela mídia "popular" e omitido pelo discurso intelectualoide.
A mulher das classes populares era enganada pela intelectualidade "bacana".
Que lhe vendia erotização barata como se fosse "feminismo".
A intelectualidade "bacana" entregou as mulheres das periferias aos estupradores.
Tudo por causa do mundo "fácil" das musas siliconadas, ou do "discurso direto" das funqueiras.
Um machismo sem macho, em que mulheres podem até ser donas de seus corpos, mas os homens eram seus "sócios".
Triste situação. Triste intelectualidade que pensa assim e ainda se acha progressista.
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