A grande mídia está em clima melancólico, cada vez mais decadente.
Caindo em vendas, acumulando pilhas de exemplares encalhados, elas põem culpa na "crise econômica".
Sabemos que essa crise é uma farsa. Na verdade, a plutocracia que tomou o poder escondeu para si a grana que roubaram e botaram culpa no PT.
O rombo que o PSDB deixou para o Brasil, desde 1994, foi muito maior do que o que supostamente se atribui aos governos de Lula e Dilma Rousseff.
Pode até haver crise de valores. Crise na mobilidade urbana, crise na cultura rock, crise na música brasileira, crise no mercado literário.
Mas é uma crise de ideias, de princípios, de conceitos, de práticas.
Imagine um mercado literário que recentemente viveu o modismo dos "livros para colorir", depois veio com romances sobre jogos de Minecraft e deve se preparar para livrinhos de "Pokemon Go".
Ou um sistema de ônibus em que as empresas agora são todas pintadas iguaizinhas por ordens de prefeitos ou governadores e ninguém faz coisa alguma para combater essa barbaridade.
Ou um radialismo rock cujas principais emissoras são FMs pop canastronas, que se acham "rádios rock sérias", mas cuja grade de programação é claramente moldada na "filosofia" da Jovem Pan FM.
Ou mesmo uma ideologia de mercantilização da vida amorosa na qual os lugares mais recomendados, os bares e boates durante a noite, são justamente os menos confiáveis para o amor.
Ou uma cultura popular brasileira cujos "novos talentos" apenas macaqueiam o que se fez no pop comercial dos EUA há pelo menos uns quinze anos.
Essa crise, sim, é que ocorre, mas ninguém fala a respeito da mesma.
Acham que crise só existe a econômica. O mundo pode entrar em colapso, se está chovendo dinheiro, está tudo bem, a crise "não existe".
A grande mídia manipula as pessoas e tenta inventar uma crise diferente da real.
Globo, Abril, Folha, PSDB, PMDB, empreiteiras, multinacionais, latifundiários, ídolos da "cultura popular demais", todos eles arrancam, feito parasitas, o dinheiro do povo, em gigantescas somas financeiras, e a culpa fica com o PT.
A Rede Globo sonega impostos, seus donos abocanham verbas de tudo, Lei Rouanet, Bônus de Veiculação (de publicidade do Governo Federal) e até umas fatias do Criança Esperança e tudo.
Os paulistas do PSDB - Fernando Henrique Cardoso (apesar de nascido carioca), Geraldo Alckmin, José Serra e outros - abocanharam muita grana por trás dos episódios do Banestado, Trensalão, da compra de votos para a eleição de FHC e de toda a privataria.
O PMDB, partido sem pé nem cabeça, ideologicamente insípido e disforme, também fez das suas com o desvio de dinheiro público.
E a culpa toda é "do PT", "de Lula e Dilma".
E aí temos a grande imprensa com suas revistecas.
A revista Época com a tese de que Eduardo Cunha "saiu do jogo" só porque renunciou à presidência da Câmara dos Deputados.
Seria ingenuidade acreditar que Cunha, renunciando ao referido cargo e tendo mandato parlamentar cassado, não fosse atuar nos bastidores como homem forte do governo de Michel Temer.
Ele continuará mandando nos bastidores. Temer é apenas um office boy de Eduardo Cunha.
A revista Veja e a revista Isto É batendo pesado contra o PT.
A Veja numa micro-manchete citando um procurador acusando Dilma Rousseff e Lula de atrapalharem a Operação Lava-Jato.
Vejam só.
Pois a Veja apoiou o impeachment de Dilma Rousseff que, sabemos, foi feito justamente para atrapalhar a Operação Lava-Jato e impedi-la de alcançar políticos tucanos e associados.
Mas ultimamente a revista Isto É havia perdido o controle.
Desde quando veio aquela edição de Dilma supostamente descontrolada, a Isto É, antes contida, surtou tanto quanto Veja.
Isto É acatou uma suposta denúncia do TSE, no momento presidida pelo tucanado juiz Gilmar Mendes.
O mesmo que tenta esconder as sujeiras de Aécio Neves debaixo do tapete.
E a histérica Isto É - que há dez anos fazia campanha para ter Fernando Collor de Mello no Senado Federal, com o apoio de midiotas no Orkut - torcendo para o impeachment definitivo de Dilma Rousseff.
Não faça isso, redação de Isto É.
Michel Temer tem 76 anos. Do jeito que anda seu desgoverno e as denúncias de escândalos, botar ele como efetivo pode ser um sério risco de infarto.
O governo Temer está em séria crise, até agora não deu uma gota de esperança e otimismo.
Nem a grande mídia parece entusiasmada com o governo interino.
Que, além disso, anuncia medidas horripilantes caso se torne presidente efetivo.
Os brasileiros trabalhando mais horas, por mais tempo e recebendo muito menos, e perdendo encargos e outras garantias.
Se deixarem, até as gestantes têm que abrir mão da licença-maternidade. Seus parceiros que se preparem para perder a licença-paternidade.
Todo mundo exercitando para, no almoço, segurar um sanduíche na mão e trabalhar em outra.
Se no caso do trabalho industrial pingar o molho do sanduíche, ou um alface, ou uma gordura de manteiga ou margarina, e a máquina enguiçar, o trabalhador será demitido.
Quem sabe a mãe leve seu bebê para o trabalho e vai cantar uma cantiga de ninar para a criança enquanto pega no batente.
E ganhando a grana que vai dar para a mamadeira de água.
Será a tal "Ponte para o Futuro", a pinguela para o passado que fará o Brasil voltar ao tempo colonial.
O problema é Michel Temer aguentar a mesma rotina de prestígio baixo de hoje por mais 28 meses.
E que, com medidas retrógradas anunciadas, sua situação só pode piorar.
Será que Michel Temer conseguirá aguentar tudo isso? Vai ser uma experiência muito dura, cansativa e estressante ser presidente em condições tão mesquinhas.
E isso com a crise só aumentando no seu lado.
Melhor Temer desistir, ficar no poder até o fim de agosto e cair fora. Será melhor para ele e os brasileiros.
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