Patética a revista Isto É.
Na edição de 27 de julho (na verdade, distribuída três dias antes), a revista que passou a bater forte demais em Dilma Rousseff veio com uma "pérola".
Uma reportagem sobre o mal que Donald Trump, o candidato ultraconservador para a sucessão do presidente dos EUA Barack Obama, poderá causar ao mundo.
No subtítulo da capa, a revista define Trump como o "maior retrocesso de ideias que toma conta das nações desenvolvidas".
Para Isto É, os EUA não podem sofrer um retrocesso de ideias.
Mas o Brasil pode.
Isto É pode nunca ter sido o que possamos definir como mídia progressista.
Mas tinha uma conduta mais profissional, diferente do surto que tomou a revista nos últimos meses.
Agora a revista tem Rodrigo Constantino, o ex-articulista de Veja que participa da cúpula do Instituto Millenium.
E provavelmente contratará Marco Antônio Villa, historiador reaça que definiu João Goulart como um fraco e participou do "coral" midiático contra o PT.
A Isto É simplesmente agiu de forma ridícula.
Pois os EUA não podem retroceder mas o Brasil, que timidamente se esforçava para estar próximo de um país relativamente próspero, pode, e muito.
A grande mídia, Isto É incluída, anda defendendo desesperadamente o desgoverno de Michel Temer.
Escondem o corrupto Aécio Neves debaixo do tapete. Quando há uma denúncia contra ele, às vezes até publicam, mas tentam abafar.
Tratam os ministros Henrique Meirelles, da Fazenda, com o presidente do Banco Central, Ivan Goldfajn, de carona, e José Serra, das Relações Exteriores, como os "super-heróis" do Brasil de Temer.
Mesmo quando José Serra comete uma grande e séria gafe.
Em visita ao México, o antipático ministro disse cinicamente que o país está em perigo porque metade dos membros ocupantes do Senado daquele país são mulheres.
Machismo grotesco de alguém que é considerado um dos "heróis" da Era Temer.
Para a grande mídia, foi apenas um "momento de irreverência saudável de um grande diplomata".
Ou, na "pior das hipóteses", um "erro menor" de quem "quer acertar nas relações do Brasil com o mundo desenvolvido".
A grande mídia vive fora da realidade.
Tenta neutralizar a oposição ao presidente interino Michel Temer.
Uma vinheta da Globo News mostra a silhueta de Temer caminhando, diante de palavras como "esquerda", "direita", "retrocesso", "progresso" e "golpe".
Palavras soltas que o editor de imagem do canal noticioso dos irmãos Marinho colocava como meras ideias que cercavam um presidente que "continuava andando".
Como se Temer pudesse sobreviver a todas essas polêmicas.
Uma pesquisa do Ipsos revelou que o presidente interino só tem 6% de aprovação. Seu governo já caminha para três meses, esgotando o prazo para a votação final do impeachment da titular Dilma Rousseff.
Temer até agora não conseguiu agradar viva alma, exceto os elitistas e outros retrógrados convictos.
E aí Temer foi buscar o filhinho homônimo na escola, junto com a jovem (e bota jovem nisso) esposa Marcela, na tentativa de parecer simpático à sociedade.
Era uma forma de reverter a impopularidade registrada na pesquisa do Ipsos, dias depois da gafe apologista da pesquisa do Datafolha.
Temer até combinou com a imprensa para "registrar" o fato, mas outros pais de família se sentiram incomodados com a presença do temeroso governante.
Acabou se dando mal, com o assédio da imprensa que incomodou famílias comuns acostumadas ao sossego anônimo de levar e buscar a criançada.
O atrapalhado chefe de Estado acabou piorando ainda mais as coisas.
Mas ele tem o apoio da grande mídia.
Como a revista Isto É, que acha maligna uma figura como o empresário Donald Trump.
Mas acha bom que Michel Temer, sobre o qual cercam os mesmos retrocessos de ideias, defendidos por suas diversas bases de apoio, continue governando o país até 2018.
Isto É ainda terá um encalhe maior do que sofre, comparável às pilhas de revistas Veja que se amontoam nas bancas causando prejuízo.
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