As "históricas" passeatas anti-PT não são mais do que um mimimi aumentado pelos filtros da mídia.
São manifestações patrocinadas, com grandes investimentos partidários, de empresas privadas e tudo.
E isso não é petista quem diz, mas os próprios organizadores, como os líderes do Movimento Brasil Livre, deixaram vazar em gravações.
PSDB, PMDB, DEM, Solidariedade (SD, não confundir com PSD) são apontados como financiadores desses movimentos.
Eu vi manifestações desse porte, pessoalmente, em Niterói.
A quantidade de gente só conseguia preencher alguns metros, cobrindo apenas um quarteirão.
A reunião começava num trecho entre a Rua Miguel de Frias e a Rua Álvares de Azevedo, na altura da Av. Jornalista Alberto Francisco Torres, na Praia de Icaraí, e ficava nisso mesmo.
Nas outras cidades, o número pode ser "maior", mas menos do que a mídia alardeia e socialmente muito mais restrito, às classes média alta e a alta propriamente dita.
O enquadramento da foto é que cria milagres da "ampliação" das manifestações.
Nem precisa de Photoshop. É só fazer um enquadramento que dê a falsa impressão de que gigantescas multidões aderiram aos movimentos.
Há uma arte maior nos ângulos fotográficos do que nas fotos "cruas" das manifestações anti-Temer.
Os protestos contra a PEC do Teto ou dos Gastos Públicos não tinham a "poesia" dos protestos a favor da Lava Jato.
Além do mais, a pauta dos protestos de hoje é muito mais digerível pela grande mídia do que a de segunda-feira passada.
Na de segunda-feira, houve repressão policial sob ordens do temeroso ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que repetiu a "experiência" como secretário do governo de Geraldo Alckmin, ordenando repressão contra protestos estudantis contra a "reorganização do ensino" estadual.
Alckmin queria fechar escolas públicas e iniciar um gradual processo de privatização do ensino médio.
A pauta dos protestos era a nacionalização disso tudo: a PEC do Teto, que prevê cortes de investimentos em Educação e outros setores, a reforma do ensino médio decidida "de cima" e a Escola Sem Partido que fará o ensino retomar o velho padrão hierárquico do tempo dos bisavós.
Já a pauta dos protestos de hoje é mais agradável ao poder midiático.
Protesto contra a lei anticorrupção, no item que estabelece punições e limites à ação de juízes, procuradores, promotores e similares, prevendo medidas punitivas contra abusos cometidos.
A desculpa usada, até mesmo pelo juiz Sérgio Moro em seu depoimento no Senado Federal, tentando rebater os argumentos do senador Lindbergh Farias, era de que a medida "atrapalharia" os trabalhos da Lava Jato.
Sabe-se que a Operação Lava Jato adota procedimentos que vão contra o rigor das leis.
A desculpa é que são adotadas medidas "excepcionais" para situações "excepcionais".
Chegou-se a falar em admitir "provas ilícitas" para acelerar aparentes investigações.
Tudo para buscar a condenação de políticos associados ao PT, mesmo sendo de outros partidos ou mesmo tardiamente convertidos em oposição ao governo Dilma Rousseff.
Enquanto isso, a opção "ecológica" da Lava Jato deixa os tucanos livres, leves e soltos.
Há denúncias graves contra Aécio Neves e José Serra e nem condução coercitiva se faz a eles.
E muitos imaginam que a Operação Lava Jato é "imparcial" e age "dentro da lei".
Ou, quando muito, defendem a "melhoria das leis" para ampliar o poder de ação da Lava Jato.
E isso diante do ocaso da operação, quando não se precisa mais perseguir petistas, só restando desmoralizar Lula, como réu da Lava Jato, para impedir até que se candidate à Presidência da República em 2018.
Fala-se até que 2018 não terá eleições. Haverá eleição indireta no Congresso Nacional e o sucessor de Michel Temer vai querer prorrogar o mandato até, pelo menos, 2022.
Voltando às passeatas pró-Lava Jato de hoje, o carnaval midiático é favorecido por belos ângulos fotográficos.
Tudo para dar a impressão de intensa presença popular, quando sabemos que os protestos são muito mais vazios do que se pensa.
A grande mídia "aumenta" os protestos desse nível, cheios de pessoas vestidas com a camiseta da CBF.
Como "aumentou" nos protestos de 13 de Março, na verdade menos "históricos" do que a grande mídia tanto alardeia.
E tudo acontece de forma tranquila, do contrário dos protestos contra a "peque".
Gente protestando contra a corrupção vestindo camiseta da corrupta CBF.
E depois querem falar mal do Ricardo Teixeira.
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