O presidente Michel Temer e seus aliados se esforçam para impedir que delações da Operação Lava Jato comprometam seu grupo político.
Temer faltou com a palavra. Ele havia dito, quando empossado como interino, que apoiava a Lava Jato e nada faria para obstruir as investigações.
Quando agora a coisa atinge ele e seus consortes, ele começa a pensar em obstruir, sim.
A grande mídia venal lhe ajuda: agora ela diz que as delações "atrapalham" a governabilidade e "comprometem" as medidas para o "crescimento da economia".
A mídia fingiu que aceitava as delações. Mas agora as reprova de forma enérgica.
E a mídia também comete uma atitude contraditória.
Quando se trata de reforma da previdência ou do corte de gastos públicos, a mídia quer que a Constituição seja alterada.
Agora, quando é para garantir eleições diretas no caso de saída de Michel Temer, investigado por acusações de irregularidade na campanha de 2014 da chapa Dilma-Temer, a mídia quer o respeito à Constituição.
Segundo a Carta Magna, se Temer tiver que deixar o poder no ano que vem, será o Congresso Nacional que irá escolher seu sucessor, em eleição indireta.
Em todo o caso, a crise está aguda e, se Temer queria pressionar o Judiciário e o Ministério Público para cancelar as delações, os procuradores da Lava Jato consideram o temeroso presidente principal inimigo do MPF.
Diante do festival de delações que se iniciou há poucos dias, com a delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, começam a rolar as cabeças.
Um dos citados, o assessor especial do presidente Temer, José Yunes, pediu demissão do cargo, acusado de ter recebido de propina R$ 10 milhões a pedido do presidente, segundo relatou Cláudio Melo Filho.
Ontem foi divulgada a carta de demissão de Wellington Moreira Franco, um dos homens de confiança de Temer e conhecido político fluminense, ex-prefeito de Niterói e ex-governador do Rio de Janeiro.
A carta de demissão, segundo uma fonte anônima, divulgada pela agência Reuters, estaria pronta, mas ainda não foi apresentada.
Aparentemente, porém, segundo se anunciou até a edição deste texto, Moreira Franco não pretende deixar a secretaria executiva do Programa de Parcerias e Investimentos, um órgão estratégico para os planos do governo Temer.
Em todo caso, o desgaste é tão grande que já existe, nas mídias sociais, a palavra-chave "Natal Sem Temer" divulgada por aqueles que ainda acreditam na esperança das eleições diretas ainda este ano.
Embora isso seja difícil, diante da pressão antipopular da plutocracia política, a pressão popular continua firme. Até porque é preciso que o povo imponha sua vontade nas ruas, diante da indiferença da plutocracia.
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