Uma liminar do Supremo Tribunal Federal, a pedido do partido Rede Sustentabilidade, afastou o senador Renan Calheiros da presidência do Senado Federal e do Congresso Nacional.
No seu lugar, entrou o vice, Jorge Viana, do PT do Acre, fazendo com que o Partido dos Trabalhadores volte a ter um cargo político de alta importância depois do afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República.
A liminar foi concedida pelo ministro Marco Aurélio Mello, acatando o motivo apresentado pela Rede, de que Renan, sendo réu em processo criminal, não tem condições para estar na linha sucessória da Presidência da República.
Renan Calheiros é investigado por suspeitas de peculato.
Ele teria negociado um pagamento em dinheiro para um executivo da empreiteira Mendes Júnior em troca de favores no Legislativo.
Há indícios de ser um desvio de dinheiro público, que Renan usaria para motivos pessoais, beneficiando a ex-amante Mônica Veloso e a filha com quem o político alagoano teve durante a relação extra-conjugal.
Mas Renan virou "vidraça" por outro motivo e isso permitiu a Justiça partidarizada acatar um pedido que, em outras circunstâncias, teria ficado "de molho".
Isso porque, com a aprovação do pacote anticorrupção na Câmara dos Deputados, Renan queria que o Senado votasse com urgência a medida.
Até aí nada demais, não fosse o detalhe: punição para abusos de juízes, procuradores, promotores e similares.
A medida é encarada pelos "coxinhas" como obstáculo para o êxito da Operação Lava Jato e do juiz midiático Sérgio Moro.
Isso fez com que Renan virasse o alvo preferido dos "coxinhas", no momento.
Não que Renan fosse um político admirável, pois ele representa o cafajestismo político nacional, simbolizando o fisiologismo histórico do PMDB.
Mas há um aspecto tendencioso nessa revolta da manada direitista que foi para as ruas no último dia 04 defender Sérgio Moro e companhia.
É uma revolta teleguiada pela grande mídia, e um tanto tardia, porque Renan havia comandado a votação definitiva do impeachment, que sepultou o governo Dilma Rousseff, e o pessoal aceitava sua presença numa boa.
Os aloprados que fizeram as manifestações do 04 de Dezembro seguem um roteiro bastante tendencioso e movido pelas conveniências.
Em dado momento, líderes do Movimento Brasil Livre, Vem Pra Rua, Revoltados On Line etc apareciam ao lado do então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, para pedir impeachment de Dilma Rousseff.
Depois, quando Cunha é denunciado por esquemas de corrupção, contas na Suíça etc, o pessoal se mobiliza para gritar "Fora Cunha".
Depois de cumprir a sua função de líder da votação da Câmara dos Deputados para abertura do processo de impeachment, Cunha pôde ser descartado aos poucos.
Foi tirado da presidência da Câmara dos Deputados para não suceder o então interino Michel Temer nas suas ausências.
É o que se faz com Renan Calheiros, o "saco de pancadas" da vez.
Nas passeatas de 04 de Dezembro, ele foi o vilão do momento. E isso influiu na aceitação do STF de um pedido para que o alagoano deixasse a presidência do Senado.
Mas há um petista, agora, no cargo. As cenas dos próximos capítulos estão em aberto.
O que se sabe é que Michel Temer foi poupado pelas passeatas dos "coxinhas", que até proibiram manifestos pelo "Fora Temer".
É uma proibição estratégica.
O "Fora Temer", se vingar este mês, fará Temer ser tirado do poder este ano e sua sucessão, decidida por eleições diretas, periga ser entregue a um político progressista.
Se o "Fora Temer" for adiado para o ano que vem, a sucessão será decidida pelo Congresso Nacional, por eleições indiretas, entregando o poder a um representante da plutocracia.
A maior aposta está em Fernando Henrique Cardoso, apesar dos seus 85 anos de idade. Só para se ter uma ideia, o poeta Ferreira Gullar morreu com 86.
Em todo caso, será provavelmente um tucano, bem recebido pelas elites financeiras.
E aí pensamos se Renan Calheiros está seguindo os passos de Eduardo Cunha e Michel Temer está na espera para seguir também a mesma caminhada.
Estamos vivendo períodos loucos no Brasil. No pior sentido do termo.
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