DANDO-SE AS MÃOS...MAS NÃO ESPALHA, NÃO!
Isso é reflexo de um Brasil de leitura incipiente.
Até pouco tempo atrás, o livro era visto como um "mal". "Cansava" a vista, trazia coisas "desagradáveis", "tomava" muito tempo da vida.
Hoje, como se pode publicar livros que passam longe de qualquer responsabilidade de transmitir Conhecimento, eles são valorizados.
É um Brasil que lê textos às pressas e endeusa um Sérgio Moro que conduz as leis de forma parcial e tendenciosa.
Lendo textos às pressas, pescando palavras-chave soltas e de maior impacto, não se percebe as nuances que estão por trás de certas palavras que parecem dizer uma coisa, enquanto o texto todo diz outra.
O jornalista Pedro Alexandre Sanches, espécie de Sérgio Moro pós-tropicalista da intelectualidade "bacana", é o maior exemplo disso.
Um texto a verificar é este: "Uma cidade, dois países".
A princípio, é uma entrevista com Alfredo Manevy, que deixará a presidência do SPCine, órgão de cinema da Secretaria Municial de Cultura de São Paulo, com o fim da gestão de Fernando Haddad na Prefeitura de São Paulo.
Também à primeira vista, é uma entrevista feita a seis mãos por Sanches, Eduardo Nunomura e Jotabê Medeiros.
Só um parêntesis: Jotabê Medeiros é uma espécie de "Roberto Pompeu de Toledo" da espécie de "revista Veja pós-tropicalista" que é o portal Farofafá, tendenciosamente usando o espaço digital da revista Carta Capital.
Da mesma forma que Toledo na Veja, Jotabê é um jornalista objetivo dentro de uma equipe com visão mercantilista.
Mas, no decorrer da entrevista, é Sanches que se destaca nas perguntas. E, como em várias entrevistas com alguns produtores culturais ou artistas, até parece que eles falam por Sanches.
Despindo do mito de "bom esquerdista" que o festejado Sanches promove em seus comentários pedestres no Twitter, observa-se algo muito diferente do que se pensa do "príncipe dos bacanas".
As ideias de Pedro Alexandre Sanches lembram o tucano Fernando Henrique Cardoso.
Com um esforço de leitura, tanto nas entrevistas do sociólogo quanto nas reportagens do jornalista, nota-se uma semelhança contundente.
Sanches só é de "esquerda" por uma formalidade e por um arrivismo: é colaborador de Carta Capital e vê no esquerdismo como uma forma de ascensão social.
Mas sua visão sobre cultura não é algo que contrarie interesses do PSDB nem da mídia venal e nem de qualquer outra força plutocrática.
Observem o referido texto aqui indicado.
Discute-se a "cultura", tomando como foco o cinema, de maneira meramente mercadológica.
É certo que a cultura precisa ser viabilizada mercadologicamente, mas isso é um meio e não o fim.
Para Sanches e o lobby que ele monta na intelectualidade de esquerda, a visão mercadológica é considerada um fim em si mesmo.
Não vamos analisar o texto todo, que é muito longo, mas as discussões estão em torno do mercado como um ponto de partida para a cidadania e a transformação social.
Ou seja, não é o mercado que custeia a cidadania e a transformação social, como um mero viabilizador financeiro, mas são a cidadania e a transformação social que têm sua expressão vinculada aos caminhos do mercado.
Em outras palavras, cidadania e transformação social viraram mercadoria. Tudo virou mercadoria: feminismo, favela, provocatividade, movimentos LGBT.
Tudo vira simplório. E o texto já parte de um maniqueísmo simplório dos "dois países": o Shopping Center e a Periferia.
Duas coisas simplórias que remetem ao pensamento econômico do sociólogo Fernando Henrique Cardoso, mais economista, em sua visão neoliberal, do que sociólogo. Até a obra do geógrafo Milton Santos é muito mais sociológica do que FHC.
A discussão trazida pelo diálogo netre PAS e Manevy se focaliza em como "viabilizar" economicamente a "diversidade cultural".
É como se entendessem que a cultura se limitasse ao estruturalismo financeiro das "viradas".
Em outras palavras, é como arte e cultura não existissem sem dinheiro. Pessoas se reduzem a "transmissores" de uma "cultura" cuja única razão de existir são os investimentos financeiros. O propósito social se subordina ao econômico.
Desta forma, o artista se anula. Sai a arte como manifestação do espírito humano, entra a "arte", como execução de um trabalho individual.
Em um contexto em que se pensa cosmeticamente as coisas, quando recentemente cariocas viviam na tola fantasia de achar que a Rádio Cidade poderia ser a nova Fluminense FM mesmo com programinhas sobre namoro ou futebol e só tocando "sucessos" do rock, imagina-se tudo.
Observando a referida reportagem, cita-se até Adam Smith, o economista que lançou a ideia da "mão invisível do mercado".
Citando Gilberto Gil, que havia comentado sobre a frase do economista escocês de que "a cultura é a riqueza das nações", nota-se essa interpretação financista da cultura.
A forma como o diálogo Sanches-Manevy se dá lembra o ideário de Fernando Henrique Cardoso.
FHC é aquele sujeito que se diz "de profunda inclinação social", com um discurso conciliador que lembra o mito da cordialidade do antropólogo Gilberto Freyre, cujos livros tiveram edições prefaciadas pelo ex-presidente.
FHC, a exemplo de PAS, também se considera "de esquerda" e diz valorizar as "causas sociais", sempre subordinadas por uma visão financista das coisas.
FHC é um "esquerdista" que se acha "acima da esquerda e direita", e tenta parecer "simpático" com o Partido dos Trabalhadores.
É só ler as entrevistas de Fernando Henrique Cardoso e as reportagens de Pedro Alexandre Sanches e se verá uma qualidade ideológica idêntica.
A dicotomia Shopping Center e Periferia, citada por Manevy e corroborada por PAS, como naqueles casos em que o entrevistador se reflete nos entrevistados, é puro FHC.
A Teoria da Dependência de FHC falava em algo semelhante: Centro e Periferia.
O "transnacional" de FHC é o "transbrasileiro" de PAS. Nem precisa explicar muito, está tudo claro.
A ideia de "cultura" como uma mera produção tecnicista-financeira de bens culturais de PAS é herdada explicitamente do pensamento de FHC.
Nos primórdios do Projeto Folha, PAS havia aprendido isso das ideias de FHC trazidas por Otávio Frias Filho.
Uma visão neoliberal, mas não um "neoliberalismo de esquerda". Não existe neoliberalismo de esquerda, até porque o neoliberalismo não age em favor das demandas populares, é uma ideologia que se volta radicalmente ao mercado financeiro.
O texto também parece seguir aquele nível "conciliador" de Fernando Henrique Cardoso.
Um "espaço" para as esquerdas brincarem no playground montado pelo neoliberalismo.
Lembra o caderno "Mais" da Folha, uma pálida consolação para os esquerdistas que viam seus colegas expulsos pelo Projeto Folha.
No cinema, apenas ilhotas de "Aquarius" num mar de comédias da Globo Filmes ou, quando muito, de biografias "globais" de "sertanejos".
Na MPB, a mercantilização do legado tropicalista e o padrão dos paradigmas da música brasileira a uma provocatividade mercantil dos anos 1970, incluindo o circo brega do "popular demais".
Diante disso, vemos a Teoria da Dependência, com a música brasileira subordinada às regras do hit-parade norte-americano, com falsas evocações à Contracultura.
Um desenvolvimento cultural subordinado ao capital financeiro.
Logo, PAS é FHC, FHC é PAS.
Isso é reflexo de um Brasil de leitura incipiente.
Até pouco tempo atrás, o livro era visto como um "mal". "Cansava" a vista, trazia coisas "desagradáveis", "tomava" muito tempo da vida.
Hoje, como se pode publicar livros que passam longe de qualquer responsabilidade de transmitir Conhecimento, eles são valorizados.
É um Brasil que lê textos às pressas e endeusa um Sérgio Moro que conduz as leis de forma parcial e tendenciosa.
Lendo textos às pressas, pescando palavras-chave soltas e de maior impacto, não se percebe as nuances que estão por trás de certas palavras que parecem dizer uma coisa, enquanto o texto todo diz outra.
O jornalista Pedro Alexandre Sanches, espécie de Sérgio Moro pós-tropicalista da intelectualidade "bacana", é o maior exemplo disso.
Um texto a verificar é este: "Uma cidade, dois países".
A princípio, é uma entrevista com Alfredo Manevy, que deixará a presidência do SPCine, órgão de cinema da Secretaria Municial de Cultura de São Paulo, com o fim da gestão de Fernando Haddad na Prefeitura de São Paulo.
Também à primeira vista, é uma entrevista feita a seis mãos por Sanches, Eduardo Nunomura e Jotabê Medeiros.
Só um parêntesis: Jotabê Medeiros é uma espécie de "Roberto Pompeu de Toledo" da espécie de "revista Veja pós-tropicalista" que é o portal Farofafá, tendenciosamente usando o espaço digital da revista Carta Capital.
Da mesma forma que Toledo na Veja, Jotabê é um jornalista objetivo dentro de uma equipe com visão mercantilista.
Mas, no decorrer da entrevista, é Sanches que se destaca nas perguntas. E, como em várias entrevistas com alguns produtores culturais ou artistas, até parece que eles falam por Sanches.
Despindo do mito de "bom esquerdista" que o festejado Sanches promove em seus comentários pedestres no Twitter, observa-se algo muito diferente do que se pensa do "príncipe dos bacanas".
As ideias de Pedro Alexandre Sanches lembram o tucano Fernando Henrique Cardoso.
Com um esforço de leitura, tanto nas entrevistas do sociólogo quanto nas reportagens do jornalista, nota-se uma semelhança contundente.
Sanches só é de "esquerda" por uma formalidade e por um arrivismo: é colaborador de Carta Capital e vê no esquerdismo como uma forma de ascensão social.
Mas sua visão sobre cultura não é algo que contrarie interesses do PSDB nem da mídia venal e nem de qualquer outra força plutocrática.
Observem o referido texto aqui indicado.
Discute-se a "cultura", tomando como foco o cinema, de maneira meramente mercadológica.
É certo que a cultura precisa ser viabilizada mercadologicamente, mas isso é um meio e não o fim.
Para Sanches e o lobby que ele monta na intelectualidade de esquerda, a visão mercadológica é considerada um fim em si mesmo.
Não vamos analisar o texto todo, que é muito longo, mas as discussões estão em torno do mercado como um ponto de partida para a cidadania e a transformação social.
Ou seja, não é o mercado que custeia a cidadania e a transformação social, como um mero viabilizador financeiro, mas são a cidadania e a transformação social que têm sua expressão vinculada aos caminhos do mercado.
Em outras palavras, cidadania e transformação social viraram mercadoria. Tudo virou mercadoria: feminismo, favela, provocatividade, movimentos LGBT.
Tudo vira simplório. E o texto já parte de um maniqueísmo simplório dos "dois países": o Shopping Center e a Periferia.
Duas coisas simplórias que remetem ao pensamento econômico do sociólogo Fernando Henrique Cardoso, mais economista, em sua visão neoliberal, do que sociólogo. Até a obra do geógrafo Milton Santos é muito mais sociológica do que FHC.
A discussão trazida pelo diálogo netre PAS e Manevy se focaliza em como "viabilizar" economicamente a "diversidade cultural".
É como se entendessem que a cultura se limitasse ao estruturalismo financeiro das "viradas".
Em outras palavras, é como arte e cultura não existissem sem dinheiro. Pessoas se reduzem a "transmissores" de uma "cultura" cuja única razão de existir são os investimentos financeiros. O propósito social se subordina ao econômico.
Desta forma, o artista se anula. Sai a arte como manifestação do espírito humano, entra a "arte", como execução de um trabalho individual.
Em um contexto em que se pensa cosmeticamente as coisas, quando recentemente cariocas viviam na tola fantasia de achar que a Rádio Cidade poderia ser a nova Fluminense FM mesmo com programinhas sobre namoro ou futebol e só tocando "sucessos" do rock, imagina-se tudo.
Observando a referida reportagem, cita-se até Adam Smith, o economista que lançou a ideia da "mão invisível do mercado".
Citando Gilberto Gil, que havia comentado sobre a frase do economista escocês de que "a cultura é a riqueza das nações", nota-se essa interpretação financista da cultura.
A forma como o diálogo Sanches-Manevy se dá lembra o ideário de Fernando Henrique Cardoso.
FHC é aquele sujeito que se diz "de profunda inclinação social", com um discurso conciliador que lembra o mito da cordialidade do antropólogo Gilberto Freyre, cujos livros tiveram edições prefaciadas pelo ex-presidente.
FHC, a exemplo de PAS, também se considera "de esquerda" e diz valorizar as "causas sociais", sempre subordinadas por uma visão financista das coisas.
FHC é um "esquerdista" que se acha "acima da esquerda e direita", e tenta parecer "simpático" com o Partido dos Trabalhadores.
É só ler as entrevistas de Fernando Henrique Cardoso e as reportagens de Pedro Alexandre Sanches e se verá uma qualidade ideológica idêntica.
A dicotomia Shopping Center e Periferia, citada por Manevy e corroborada por PAS, como naqueles casos em que o entrevistador se reflete nos entrevistados, é puro FHC.
A Teoria da Dependência de FHC falava em algo semelhante: Centro e Periferia.
O "transnacional" de FHC é o "transbrasileiro" de PAS. Nem precisa explicar muito, está tudo claro.
A ideia de "cultura" como uma mera produção tecnicista-financeira de bens culturais de PAS é herdada explicitamente do pensamento de FHC.
Nos primórdios do Projeto Folha, PAS havia aprendido isso das ideias de FHC trazidas por Otávio Frias Filho.
Uma visão neoliberal, mas não um "neoliberalismo de esquerda". Não existe neoliberalismo de esquerda, até porque o neoliberalismo não age em favor das demandas populares, é uma ideologia que se volta radicalmente ao mercado financeiro.
O texto também parece seguir aquele nível "conciliador" de Fernando Henrique Cardoso.
Um "espaço" para as esquerdas brincarem no playground montado pelo neoliberalismo.
Lembra o caderno "Mais" da Folha, uma pálida consolação para os esquerdistas que viam seus colegas expulsos pelo Projeto Folha.
No cinema, apenas ilhotas de "Aquarius" num mar de comédias da Globo Filmes ou, quando muito, de biografias "globais" de "sertanejos".
Na MPB, a mercantilização do legado tropicalista e o padrão dos paradigmas da música brasileira a uma provocatividade mercantil dos anos 1970, incluindo o circo brega do "popular demais".
Diante disso, vemos a Teoria da Dependência, com a música brasileira subordinada às regras do hit-parade norte-americano, com falsas evocações à Contracultura.
Um desenvolvimento cultural subordinado ao capital financeiro.
Logo, PAS é FHC, FHC é PAS.
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