O chamado 1%, das pessoas extremamente ricas, parece que atingiu o paraíso com Michel Temer.
Recuperam privilégios, querem retomar o glamour, querem se manter no poder.
Querem reviver os tempos que vão do "milagre brasileiro" ao fim do AI-5, paradigma de uma sociedade "equilibrada" segundo a ótica da plutocracia.
Mas as coisas não são tão simples como se pensa.
Diante de um período de intensa convulsão social, não são as classes pobres as únicas a sofrerem desgraças.
As elites vivem também um período de muita insegurança.
Terão que ceder o tempo todo, e o melhor é abrir mão de bens, diminuir as finanças.
Não se trata de coisas simplórias como jantares de gala beneficentes, já que esse modelo de "caridade", feita mais para ser admirada que para ajudar, em que o filantropo se sobrepõe à filantropia, comprova ser extremamente inócuo.
Também não é questão de reinventar eventos chiques investindo num minimalismo fashion.
A coisa é muito mais complexa do que se imagina.
Menos luxo, menos fortuna, economia de espaços, trocar mansões por apartamentos.
Os empresários estão cada vez usando menos ternos e gravatas.
Antes, eles usavam até roupa de colarinho branco para fazer caminhadas na praia.
Hoje eles têm que investir em camisetas e tênis até em certos eventos considerados chiques.
Têm que parar de ver o lazer como extensão da vida de negócios.
Não é fácil descer do Olimpo, quando tiros podem rolar por todos os lados.
A convulsão social será intensa e atingirá até a extrema-direita, geralmente feliz com seu reacionarismo fervente.
O país reviverá os conflitos do período final da ditadura, onde há uma tragédia dupla entre as elites e as classes pobres.
Não precisamos explicar muito: é só ver os noticiários policiais dos anos 1970 e começo dos 1980.
As classes populares não vão aceitar a perda do protagonismo das conquistas sociais, que eram frágeis, relativas, mas de alguma forma existentes e reais.
Já teve homem tentando invadir a casa de Michel Temer, em São Paulo.
As tensões sociais estão extremas.
Uma chacina que vitimou jovens estudantes negros no Rio de Janeiro completou um ano, sem a devida punição aos culpados.
Recentemente, o filho de Tati Quebra-Barraco foi morto a queima-roupa pela polícia truculenta.
Não curto "funk", não curto a Tati, mas ela tinha todo o direito de ter o filho vivo, ela não merecia ter sofrido aquela tragédia abominável.
As pessoas das favelas deveriam ir e vir com tranquilidade, mas a polícia que deveria proteger a população é a que mais ameaça.
A sociedade está muito complexa, e já temos o corte de gastos públicos.
O poder político se dispõe de forças de segurança que trazem mais insegurança, uma "segurança pública" que traz medo e horror.
Enquanto isso, a iniciativa privada, os empresários, a plutocracia em geral parece feliz.
Mas os plutocratas podem começar a livrar de parte de suas riquezas, como alguém que precisa livrar dos pesos para fazer o balão subir.
A situação vai estar feia, diante do agressivo corte de direitos e garantias sociais do povo.
É como naquela foto de Gisele Arthur de um coquetel na Câmara dos Deputados.
Dentro havia uma festa chique - embora muitos afirmem ter sido "modesta" - e, lá fora, conflitos entre manifestantes e policiais e disparos de bombas de efeito moral.
Tudo bem perto do evento elitista. E se a coisa ter explodido dentro do coquetel?
Os tempos estão sombrios. Não será mole para todo mundo.
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