O que é a MPB hoje?
Desconstruída pelo discurso da intelectualidade "bacana", cada vez mais animada com o desmonte do nosso legado musical brasileiro, ela sucumbe a um comercialismo cada vez mais voraz.
Em nome do "combate ao preconceito", preconceitos piores foram lançados, tanto contra as classes populares sob uma pobreza espetacularizada, quanto aos artistas de MPB ridicularizados pela boa música que faziam.
Não há um intelectual de visão progressista com visibilidade, que se contraponha aos intelectuais "bacanas" que "sequestraram" as esquerdas para si.
Os intelectuais "bacanas", colaboradores free lancer da mídia venal, agora tentam disfarçar.
"Defendem" a cultura independente, são "muito engajados", até bajulam o ex-presidente Lula.
Tudo por uma graninha da Lei Rouanet, se caso Lula puder ser eleito mais uma vez.
A intelectualidade "mais legal do país" parece até vigilante, toda vez que há uma séria crise no governo Temer, lá vem o "bacana" da intelligentzia dar seu "reclame".
Enquanto distrai a moçada com suas bajulações aos "seus queridos" Lula e Dilma Rousseff, ele vende "artistas" ou cantores "provocativos" que depois aparecerão na mídia venal.
Os intelectuais "bacanas" desconstruíram a MPB de tal forma que eles agora a reduziram a um "Tropicalismo de resultados".
Criaram um maniqueísmo no qual se dividem os artistas "carneirinhos" por outros "provocativos".
Os primeiros, mais cordatos, alegrinhos, inócuos, com sua música "fofa" e insossa, uma sub-Jovem Guarda de parque de diversões.
Os segundos, pretensamente mais "desafiadores", mas no fundo também muito inócuos, se valendo de muita polêmica e se esquecendo da música.
Os primeiros passeiam em trilhas sonoras de novelas da Globo, e talvez nem precisam de muitos comentários.
Apenas poderemos dizer que os "carneirinhos" da "emepebê" atual sonham com uma Avenida Paulista cujo final leva a Beverly Hills, o bairro chique de Los Angeles.
Diferente dos "provocativos", que parece lutarem para incluir o bairro novaiorquino do Bronx na Zona Norte do Rio de Janeiro, no começo da Av. Brasil junto à Zona Portuária.
São dois lados de uma mesma moeda mercantilizada: a Música Pop Brasileira, com suas tulipas, jenecis e iorcs, e a Música Provocativa Brasileira, com seus emicidas, criolos e linikers.
Eles mais parecem herdeiros tardios e menores de um Tropicalismo que perdeu o seu poder de impacto em algum momento de 1968.
Mais parecem pós-tropicalistas de 1973, os "carneirinhos" fazendo o papel de jovemguardistas pós-1968 que rumaram para caminhos mais conservadores.
E os "provocadores" apenas se aproveitando de "bandeiras" como a causa LGBT e temáticas esquerdistas expressas superficialmente, mais pelo sensacionalismo que pelo ativismo.
A Música Provocativa Brasileira pode não ser exatamente popularesca, mas é sensacionalista.
Ela parece mais se sustentar por polêmicas fabricadas, o que faz com que a "provocatividade" seja também uma considerável mercadoria.
A Música Provocativa Brasileira trata a "provocação" como um fim em si mesmo, trazendo um cheiro muito forte de marketing.
É algo que "choca" e "incomoda", sem chocar e incomodar muito.
Sobretudo num eixo Rio-São Paulo submersos na onda ultraconservadora.
Os intelectuais "bacanas" apostam nos "provocativos" diante da frustração que tiveram depois de empurrar funqueiros e "sertanejos" para a pauta cultural esquerdista.
O "funk" acabou se mostrando apenas uma pobreza espetacularizada que faria corar Umberto Eco se este fosse brasileiro.
Além disso, o "funk" mostrou-se reacionário e não libertário, e comemorava suas conquistas nos palcos da mídia venal.
Já o "sertanejo" demonstrou seus vínculos conservadores com o agronegócio e com o tucanato político-midiático.
"Sertanejos universitários" saudando João Dória Jr., condenando biografias não-oficiais etc. Que "reforma agrária na MPB" eles poderiam representar? Nenhuma.
Só restam agora os "provocativos", porque ao menos eles carregam uma embalagem mais verossímil de "vanguarda".
Parecem "revolucionários" dentro de um Brasil cada vez mais provinciano de hoje.
A intelectualidade "bacana" até os promove como "renovação" da MPB.
E promove um aparente vínculo com nomes veteranos como Tom Zé e Elza Soares.
Mas musicalmente eles são tão inócuos quanto os "carneirinhos".
E, hoje, os "provocativos" são vendidos como "transgressores" pela mídia progressista.
Até no dia seguinte eles figurarem, inofensivos, nas agendas culturais da mídia venal.
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