O jurista Miguel Reale Jr. já teve uma reputação melhor, assim como Hélio Bicudo.
Os dois, mais a histérica Janaína Paschoal, formaram o trio de juristas que entrou com um pedido de impeachment contra Dilma Rousseff.
Viraram os heróis da "nação coxinha" que foi se vestir com as camisetas da corrupta CBF para pedir "Fora Dilma".
Pressionaram tanto que conseguiram.
Botaram a plutocracia no poder. Michel Temer e seus comparsas assumiram o governo como uma gangue que invadiu um local após arrombar uma porta.
Temer teve a fome maior que o apetite e resolveu, ainda como interino, desfazer tudo de positivo que havia feito pela então titular Dilma Rousseff.
Empurrou, logo de cara, a PEC do Teto, que congela os investimentos públicos, e tem em mãos as reformas que, em 2017, eliminarão os direitos e garantias sociais dos trabalhadores.
Temer só não consegue digerir sua impopularidade. Finge que está conformado com isso, mas foge de medo quando vê algum risco de vaia em determinado ambiente.
E aí vemos os defensores de Temer falando asneiras. Gente antes considerada "gabaritada", que hoje comete gafes imperdoáveis.
Como o publicitário baiano Nizan Guanaes, que disse para Temer aproveitar a impopularidade para empurrar medidas impopulares.
Agora é a vez do jurista Miguel Reale Júnior cometer um asneirol.
Ele disse, em entrevista ao Valor Econômico, que no governo Temer "não há corrupção".
Reale Jr. até arrumou uma desculpa para defender essa absurda tese. Que a corrupção dos delatados na Lava Jato pela lista da Odebrecht é "coisa do passado".
"Agora está havendo um controle, tanto que imediatamente pessoas meramente denunciadas foram destituídas [dos cargos]. Há forte controle social", foi o que disse o jurista.
Assim como, quando ainda enviava o pedido ao lado de Hélio e Janaína, exaltou o "movimento das ruas" (leia-se MBL, Revoltados, Patriotas, Pato da FIESP etc), Reale agora exaltou as "redes sociais" como "maior força política".
Ele também elogiou "medidas muito difíceis" como a PEC do Teto, como se aprovar essa monstruosidade fosse "um ato de coragem e perseverança".
O grande problema é que a corrupção está tomando o governo Temer.
Ele e sua turma não vão deixar de praticar corrupção porque reconquistaram o poder.
Reale Jr. se esquece, por exemplo, do caso do edifício La Vue, em Salvador, que Geddel Vieira Lima queria ver aprovado pelo Ministério da Cultura e pelo IPHAN para atender os interesses pessoais.
Temer e Eliseu Padilha pressionaram o então ministro da Cultura, Marcelo Calero, para aprovar um projeto que só atende a interesses privados, sem serventia alguma à sociedade. Calero renunciou ao cargo e Geddel, pressionado pelo escândalo, também saiu da secretaria de Governo.
Como não há corrupção no governo Temer?
Os ministros não saem para "garantir o controle". Em certos casos, eles apenas mudam de cargo e passam a agir nos bastidores, como o próprio Romero Jucá, que deixou o ministério do Planejamento depois daquela conversa gravada com Sérgio Machado.
Há tanta corrupção que a venda do pré-sal foi feita sem licitação, e uma ação judicial tenta barrar o negócio.
Ainda sobre o caso Geddel, Reale Jr. tentou dizer que é "prevaricação" e não "corrupção".
Desculpas em juridiquês que não convencem sequer uma lesma.
Foi um grande "mico" de um outrora grande jurista, com livros de Direito publicados e tudo.
Reale Jr. pode até ter sido conservador e filho do jurista que redigiu o texto do terrível AI-5, mas esperava-se alguma compostura própria de seu ofício.
Não se esperava uma gafe como essa, porque é óbvio que o governo Temer é um dos mais corruptos da História do Brasil.
Que Reale Jr. agora vá brincar no playground elitista juntamente com Nizan Guanaes, Cláudio Botelho, Otávio Mesquita e o dono da Riachuelo, Flávio Rocha.
Convidem a moçada do Movimento Brasil Livre, Revoltados On Line, Vem Pra Rua, Patriotas etc para formar a plateia vestida com a camisa da CBF.
Aproveitem e convidem Lobão para uma apresentação acústica e chamem a Ju Isen para fazer um espetáculo de pole dance para essa festinha plutocrática.
Chamem "intelectuais" como Reinaldo Azevedo, Merval Pereira, Olavo de Carvalho e humoristas como Danilo Gentili para uma sessão de stand up comedy anti-PT.
O governo Temer só serve para alegrar essas elites que pensam que o Brasil é só para elas.
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