Se você conhece os termos "cultura transbrasileira", "expressão das periferias", e aprendeu a "combater o preconceito" deixando os pobres como estão, curtindo o subemprego, a prostituição e o alcoolismo como se fossem "bandeiras de vida", agradeça a Fernando Henrique Cardoso.
É duro ver bandeiras tão difundidas pela intelectualidade "bacana", a "mais legal do país", ser vinculadas ao "príncipe" do tucanato.
Sobretudo quando a intelectualidade que foi treinada pelo tucanato acadêmico a defender a bregalização do país, sobretudo com "funk", "sertanejo" e tudo o mais, forçou seu vínculo com o esquerdismo com a vitória de Lula para a Presidência da República.
Eles até se anteciparam ao pretenso esquerdismo, quando viram a Plataforma P-36 afundando.
Correram para o esquerdismo como pombos voando sobre o milho.
Publicaram livros pela Boitempo, foram bajular Emir Sader, Paulo Henrique Amorim, colocaram no refrigerador seus ódios a Che Guevara, enquanto fingiam odiar Veja, Globo, Folha etc.
Botaram os preconceitos da Globo e da Folha nas páginas de Carta Capital, Caros Amigos, Fórum e Brasil de Fato.
Difundiram como "progressista" uma visão cultural das classes populares que beneficiava mais a pobreza do que os pobres.
Eram visões que vendiam como se fossem "transgressoras", mas nada que ameaçassem a mídia plutocrática.
Você ligava na Globo, via o Caldeirão do Huck, o Domingão do Faustão, e lá estava a tal "cultura popular demais" sendo defendida.
Faltava o William Bonner dançar o "quadradinho de oito" no cenário do Jornal Nacional. Já se estava perto disso.
Nomes como Alexandre Frota, Gilberto Dimenstein, Marcelo Madureira e Danilo Gentili defendiam com gosto o "popular demais" que muitos pensavam desafiar a plutocracia midiática.
O casal Angélica e Luciano Huck, a Ana Maria Braga, uma Susana Vieira militando contra o PT, acolhendo funqueiros, "sertanejos" e outros nomes ao mesmo tempo "sestrosos" e "provocativos".
A Furacão 2000, antes de sua pseudo-solidariedade ao PT, elegeu o tucano Luciano Huck, amigo de Aécio Neves e ex-apresentador da Jovem Pan, como "embaixador" do gênero.
O "funk carioca" tem um político da chapa "Aezão" (Aécio + Pezão) da campanha eleitoral de 2014 atuando para decretar o Dia do Funk.
E antes que alguém diga que a associação do "popular demais" com o tucanato seja "mimimi" de um pequeno esquerdista "radical" sem visibilidade, voltemos a Fernando Henrique Cardoso.
Ele lançou uma corrente chamada Teoria da Dependência.
Nela, se propõe um desenvolvimento econômico ao Brasil extremamente controlado e subordinado às grandes potências.
Uma relativa prosperidade econômica, mas sem muita soberania.
Culturalmente, o que temos?
A "cultura transbrasileira", sendo "transbrasileira" uma analogia exata à palavra "transnacional".
Você achou a "cultura transbrasileira" um fenômeno "guevariano", porque na plateia tinha muito pobre, gay, negro e índio, e no palco, "artistas" que geravam algum suposto incômodo à sociedade?
Engano. Aquelas figuras no palco brilharam a partir da execução maciça de rádios ou veiculação em TVs e imprensa associados a oligarquias regionais ou nacionais.
E o povo foi trazido para a plateia como um gado, através de uma persuasão do que deve ser a visão do "povo pobre" segundo a grande mídia.
A ideologia do "orgulho de ser pobre", com o ufanismo das favelas, a catarse da bebedeira, o recreio "empoderado" da prostituição, tudo isso foi empurrado para o pensamento esquerdista aceitar tudo isso como se fosse "revolução bolivariana".
Acham que isso traria o clima socialista-popular de Havana para as "periferias" brasileiras.
Engano. Tudo isso era FHC. O "funk", as prostitutas "empoderadas", os caubóis do asfalto, o sensacionalismo jornalístico, as siliconadas "donas do corpo", os "pagodeiros risonhos demais", os antigos bregas posando de violão no braço em estações de trem.
Era a Teoria da Dependência na cultura brasileira. Aliás, "transbrasileira", "transnacional".
Era uma "cultura" que se autoproclamava "à margem da grande mídia". Mas aparecia na Globo, na Folha, na Veja, na Caras, no Estadão.
A Jovem Pan FM remixando sucessos do "funk" e do "sertanejo". "Beijinho no Ombro", "Eu Quero Tchu, Eu Quero Tchá" e tudo. Fora da mídia?
Fausto Silva apoiando as passeatas anti-Dilma e depois tinha funqueira na Dança dos Famosos. Guevarismo? Bolivarianismo?
O Funk Hiper Conectado aparecendo em eventos do Museu de Arte do Rio de Janeiro, financiado pela Fundação Roberto Marinho. Discriminação da mídia?
Em 2003, o "funk" era paparicado pela Folha e aparecia em tudo quanto era veículo das Organizações Globo. Em 2009, uma repórter de Caros Amigos, na sua boa-fé, dizia que o "funk" seguia "invisível às corporações midiáticas". Como assim?
E o "sertanejo"? Patrocinado pelo agronegócio, seus "artistas" apoiando Aécio Neves, apoiando vaquejada, recebendo Geraldo Alckmin em Barretos, sob prefeitura tucana. "Reforma agrária na MPB"?
E o tecnobrega, "discriminado pela grande mídia" mas abençoado pelo grupo O Liberal, da família Maiorana, parceira da Globo no Pará?
E Waldick Soriano, vendido como "subversivo" pela intelectualidade "bacana"? Foi defendendo a ditadura militar no TV Mulher, da Rede Globo, em vídeo retirado do ar por um lobby que queria manipular a imagem do ídolo brega para forjar um falso esquerdismo.
Tudo isso é "cultura transbrasileira", uma combinação da mentalidade "colonizada" imposta pela grande mídia e pelo mercado e uma visão provinciana de uma brasilidade caricata e frágil.
Com a crise do governo Michel Temer, fala-se que o Congresso Nacional, no ano que vem, escolherá Fernando Henrique Cardoso para seu sucessor, retomando a famigerada Era FHC.
Culturalmente, será a volta do mestre da intelectualidade "bacana" que finge odiá-lo.
Mas, conforme uma adaptação de um ditado popular, se pode dizer, sobre FHC, aos intelectuais que querem a bregalização do país, do império da "provocatividade e do mau gosto": "Toma que o pai é seu".
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