Triste notícia para quem gosta de bons programas de TV.
O programa de entrevistas Sem Censura, comandado com muita competência pela jornalista Leda Nagle, será extinto, obedecendo uma lógica de corte de investimentos da Empresa Brasileira de Comunicação.
A EBC, responsável pela TV Brasil, é presidida pelo jornalista Laerte Rimoli, que avisou que vai enxugar o quadro profissional e reduzir a emissora televisiva a um canal que retransmitirá programas educativos e jornalísticos da Globo (como os feitos pela TV Globo, Globo News e Futura).
Leda Nagle, que já trabalhou na TV Globo, apresentando o Jornal Hoje, tem 40 anos de jornalismo e estava à frente do Sem Censura há 21 anos.
Ela havia recebido garantias da direção da EBC para renovação de contrato, mas depois, sob o pretexto de "dificuldades financeiras", Leda foi informada de que ficaria na TV Brasil até 05 de janeiro, dia de aniversário da jornalista.
Leda é também conhecida por ser sogra da apresentadora Sabrina Sato, já que ela namora o filho da jornalista, o ator Duda Nagle. Nem a visibilidade da nora para sensibilizar a direção da EBC.
A jornalista achou o argumento da crise uma "desculpa esfarrapada".
A apresentadora do Sem Censura também ficou perplexa com a falta de caráter da cúpula da EBC, que promete renovar o contrato e depois anuncia a demissão.
É a lógica do governo Temer: cortes de gastos sob a desculpa da crise econômica, tirando o dinheiro dos investimentos públicos para sustentar o mercado financeiro, o empresariado e o meio jurídico associado ao presidente temeroso.
Os executivos da EBC tentaram dizer que Leda poderia voltar a conversar com eles sobre uma nova proposta de programa.
Mas não é a mesma coisa. O Sem Censura era um dos poucos programas que resistem transmitindo um conteúdo inteligente, instigante e equilibrado.
O programa tem um elenco bastante variado de entrevistados, e Leda é acompanhada por uma equipe de entrevistadores, que tornam o programa ainda mais abrangente.
É lamentável que isso ocorra, enquanto as emissoras comerciais de TV aberta despejam o mesmo conteúdo imbecilizante e grosseiro de sempre.
E são as emissoras comerciais que recebem fortunas e fortunas de dinheiro público do presidente Temer.
Sem falar que Laerte Rimoli não tem compromisso real com a televisão educativa, sua mentalidade é meramente comercial.
Vai transformar a TV Brasil num órgão de apoio ao governo Temer e terá programação requentada cujo conteúdo educativo poderá ser bastante correto, mas inócuo e limitado.
Segue o depoimento divulgado por Leda, lançado nas redes sociais e aqui reproduzido.
Fica nossa solidariedade a Leda e o nosso lamento pelo fim do excelente Sem Censura.
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