Uma grande briga vai agitar a vida política nacional.
O empresário Joesley Batista foi entrevistado para a revista Época, reafirmando o que disse no depoimento dado à Polícia Federal, na semana passada.
Ele confirmou as denúncias que havia feito contra o governo Temer, Aécio Neves e outros.
Mas, na Época, ele ainda fez uma revelação bombástica: disse que Temer é o "chefe da ORCRIM", sigla irônica que Joesley inventou para "organização criminosa".
Só que Joesley acrescentou: "chefe da maior e mais perigosa organização criminosa do Brasil".
Joesley citou até os parceiros desse triste espetáculo: Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima, Wellington Moreira Franco e Eliseu Padilha.
A entrevista ainda vai repercutir, aumentando ainda mais o desgaste do governo Temer.
O temeroso presidente, por sua vez, se sentiu ofendido e ficou bastante irritado com Joesley.
Disse que Joesley é um "bandido notório" e "desfia mentiras em série".
As palavras de Temer estão incluídas num comunicado enviado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.
O texto, agressivo e desafiador, afirmou que o presidente irá processar Joesley Batista e vai pedir indenização.
Esse é o maior conflito entre aqueles que tiraram Dilma Rousseff do poder.
A direita política, empresarial, jurídica e midiática que se uniu para tirar a presidenta agora se explode em desentendimentos sérios.
O Titanic da plutocracia que assumiu o poder em maio de 2016 revela muitos e muitos conflitos.
Olavo de Carvalho, o "filósofo" da extrema-direita, e Kim Kataguiri, do Movimento Brasil Livre, andaram trocando farpas.
Reinaldo Azevedo e Joyce Hasselmann, antes colegas, hoje também ficam com picuinhas de um contra outro.
Parte dos famosos que apoiaram Aécio Neves na campanha de 2014, como o ator Márcio Garcia e o casseta Marcelo Madureira, declararam "decepção" pelo hoje senador afastado.
Nas pessoas jurídicas, as Organizações Globo querem derrubar o governo Temer, mas Folha e Estadão preferem levá-lo até o fim.
O PSDB perdeu dois filiados, o jurista Miguel Reale Jr. e o empresário e escritor de auto-ajuda empresarial, Ricardo Semler.
Até o antes entusiasmado Flávio Rocha declarou que sente a sensação de que "o crime compensa", depois de estar informado dos escândalos narrados por Joesley.
Evidentemente, Joesley não é o herói da temporada.
Ele fez das suas para a JBS crescer de maneira meteórica e pegar tudo quanto é grupo empresarial.
Até a Alpargatas, que fez história com várias marcas lançadas desde os anos 1950, foi adquirida pelo grupo da família Batista, a de Joesley e Wesley, sem relação alguma com outro Batista, o Eike, apesar das semelhanças de ascensão econômica.
Joesley é acusado de mais de 200 crimes, ligados a esquemas de corrupção e favorecimentos políticos.
Os marmanjos que cultuam a beleza feminina o acusam ainda de outro "crime": o de "tirar do mercado" a estonteante Ticiana Villas-Boas.
Quantos rapagões teen não vão com a cara do Joesley, ainda tendo na memória a foto de Ticiana de biquíni, sorrindo e segurando uma prancha, quando ela vivia na sua terra, Salvador?
Mesmo assim, Joesley é um "quase herói" ao denunciar o presidente temeroso (outro que frustra a rapaziada, por ser marido da jovem Marcela) e romper com a blindagem absoluta do PSDB.
Foi a partir das denúncias da JBS que Aécio Neves, que começou com toda a bagunça política que deu no impeachment, viu o poder sair de suas mãos, sendo afastado do Senado e perdendo o cargo de presidente nacional do PSDB.
O governo Temer enfrentará o momento mais delicado de sua crise.
O temeroso presidente até tenta dar uma lição de moral querendo processar Joesley.
Todavia, terá que enfrentar novas denúncias do procurador-geral Rodrigo Janot.
Processar Joesley não salvará Temer do naufrágio político, que tende a trazer consequências irreversíveis.
É um momento incômodo para os brasileiros e bastante prejudicial para o país.
Mas a plutocracia fez por onde para se chegar a essa situação. Ela que pague a conta.
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