O desfecho da noite de ontem, quando o Tribunal Superior Eleitoral absolveu a chapa Dilma-Temer de irregularidades na campanha presidencial de 2014, frustrou a opinião pública.
Tanto direita quanto esquerda se sentiram lesados diante da sentença que livrou o presidente Michel Temer da cassação.
A absolvição em nada favoreceu politicamente Dilma Rousseff, já enfraquecida com o impeachment definitivo dado a ela no final de agosto do ano passado.
Mas favoreceu Temer, que se sentiu fortalecido para fazer "guerra" contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Parece que deve vir "guerra de investigações".
Temer está isolado politicamente e quer se salvar no poder apesar de seu desgaste.
O desgaste acabou também repassando para o Tribunal Superior Eleitoral, que, querendo exercer protagonismo, só fez gafe e obteve vexame.
Primeiro, pela discussão mesquinha que o arrogante Gilmar Mendes fez com o relator, Herman Benjamin.
Segundo, pela mania de Gilmar, amigo de Temer, de querer ser a maior atração do espetáculo a que se reduziu o julgamento do TSE.
E, terceiro, porque o próprio Temer nomeou dois dos votantes, Tarcísio Vieira e Admar Gonzaga.
Ou seja, foi um jogo de cartas marcadas. Dois ministros do TSE explicitamente romperam com qualquer hipótese de imparcialidade nas votações, tinham uma postura pré-definida, a favor do temeroso governante.
O TSE acabou dando um tiro no pé.
Deu um desfecho desfavorável à investigação da chapa, aumentando ainda mais o inferno astral de Aécio Neves, o candidato derrotado de 2014 que fez a petição para o processo.
Foi, portanto, uma atitude "suicida" do grupo político que assaltou o poder em maio de 2016.
Agora envolto em desavenças internas, o grupo político vê se desgastarem, diante da sociedade, setores importantes do Executivo, Legislativo, Judiciário e do empresariado.
Aécio Neves acabou sendo, sem querer, seu maior derrotado, porque foi a partir do processo movido contra a chapa Dilma-Temer que ele buscava conquistar aos poucos o poder.
Nem Gilmar Mendes, antes um exemplar protetor de Aécio, o ajudou na ocasião.
Observa-se que a crise do governo Temer só aumentou quando o TSE evitou sua cassação.
Temer já começa a mostrar que seu suposto apoio à Operação Lava Jato era papo furado.
Como a Lava Jato decidiu ir além dos limites do combate ao "lulopetismo" e causar a tão temida "sangria" de que falavam o senador Romero Jucá e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, Temer já começou a ficar incomodado.
O temeroso governante agora parte para cima do Supremo Tribunal Federal e da Procuradoria-Geral da República.
Nada bom para o presidente Temer, que tanto fala em "pacificação".
Ele até tenta desmentir que queira "investigar" Edson Fachin, mas nos bastidores fala-se em "espionagem".
Diante desse rumor, a presidente do STF, Carmen Lúcia, disse que este ato é "próprio de ditaduras".
Temer já começa a arrumar problemas com o Judiciário, não bastasse as relações estremecidas com o Legislativo.
Evidentemente, o Brasil continuará numa situação frágil, caótica e insegura.
A crise do governo Temer se torna extrema, mas isso não indica uma luz no fim do túnel.
O momento continua sendo de apreensão.
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