Depois de denunciado por corrupção passiva, Michel Temer resolveu partir para cima do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Com base em delações da JBS, Janot lançou a denúncia, que será encaminhada para votação no Congresso Nacional.
A base aliada já começa a pensar no desembarque do temeroso governo.
Consta-se que uma frase bastante ouvida foi "ninguém vai morrer abraçado ao presidente" ou coisa parecida.
Temer tenta se salvar.
O presidente, que confundiu Noruega com Suécia e ainda considera a Rússia "soviética", considerou a denúncia de Janot como "ficção".
Temer ainda afirmou que nem ele nem os seus ministros "serão destruídos".
Recentemente, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, foi pego em uma aventura semelhante à do senador mineiro do PSDB, Zezé Perrella, amigo do colega afastado Aécio Neves.
Um avião com 500 kg de cocaína foi interceptado pela Força Aérea Brasileira e que partiu da Fazenda Itamarati Norte, em Campo Novo dos Parecis, Mato Grosso.
A fazenda pertence a familiares do ministro Blaggi. O avião teve que fazer um pouso forçado na cidade goiana de Aragarças, depois de ser interceptado quando voava sobre Aragarças, no mesmo Estado.
Em novembro de 2013, um helicóptero da Limeira Agropecuária, empresa da família de Zezé Perrella já havia sido apreendido com 450 kg, na cidade de Afonso Cláudio, no interior do Espírito Santo.
Na época a grande mídia fez que o fato nunca existiu. Mas hoje ela tem que noticiar o caso de Blaggi.
A crise do governo Temer entra em seu momento extremo e o presidente não consegue mais sequer maquiar sua agenda política.
Temer tenta bancar o bravo, e acusa Rodrigo Janot de querer "parar o Brasil".
O procurador-geral da República rebateu o presidente e disse que "ninguém está acima da lei".
Janot afirmou que a denúncia contra Temer é pública e tem como base fartos elementos de prova contra o presidente.
Temer não consegue governar, mas a culpa é dele, diante de provas do esquema de corrupção que começa a ser divulgado na grande mídia.
E não se fala ainda no caso do porto de Santos, playground político de Temer, que deve mostrar coisas provavelmente arrepiantes.
Temer anda irritado e esbanjando muita arrogância.
Em poucos dias, ele entrou com processo contra o empresário Joesley Batista, do grupo JBS, e agora comprou briga com Rodrigo Janot.
Evidentemente, existe uma luta por protagonismo. A Rede Globo encampou o "Fora Temer" que antes se recusava a aceitar, mas não é por altruísmo.
A Globo defende eleições indiretas e quer um conservador no poder para aplicar as mesmas reformas intragáveis que ameaçam a vida de muitos e muitos brasileiros.
Janot também quer protagonismo. Como outros personagens que aparecem em fatos políticos, mesmo o midiático jurista Gilmar Mendes.
A Câmara dos Deputados terá que se mexer para não poupar Temer e viver o vexame que atingiu o Tribunal Superior Eleitoral, que se queimou ao evitar a cassação do temeroso presidente.
Serão necessários dois terços de 513 (342 votos) para abertura de processo de cassação de Michel Temer.
Mas isso não será o fim de um período de supremacia plutocrática.
Lula, mesmo favorito novamente em pesquisas de intenção de voto para 2018, ainda pode ser preso.
O ex-ministro da Fazenda do governo Lula, Antônio Palocci, foi detido e condenado a 12 anos de prisão pelo juiz Sérgio Moro, que não tem mais o protagonismo de antes, mas continua agindo contra os políticos do PT.
Palocci é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. Sua prisão pode ser um aperitivo para a de Lula.
Por outro lado, um atenuante foi a absolvição, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, de Porto Alegre, das acusações contra o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
Vaccari Neto, condenado em primeira instância por Sérgio Moro, era acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
O TRF-4 retirou de Moro o julgamento em segunda instância e absolveu o tesoureiro.
Mas isso não é, ainda, motivo de comemoração.
Temos um consórcio entre Judiciário, Legislativo, empresariado e grande mídia que não quer ver um progressista reassumindo o Palácio do Planalto.
Para Lula ter um futuro tranquilo como presidente eleito, as mobilizações populares teriam que ser bem maiores e mais constantes do que as que ocorrem hoje.
Essas manifestações podem ser expressivas, mas têm apenas o poder de "mandar recado".
Infelizmente, as manifestações dominicais não têm condições, por si, de influir na sucessão de Temer pela via direta, através do voto popular.
Elas não têm efeito na mudança de regras do jogo plutocrático.
Além disso, o alvo dos protestos teria que ser bem mais específico.
Mesmo os protestos contra as Organizações Globo deveriam ser mais incisivos.
Não havendo essa pressão, a plutocracia pode derrubar Temer que continuará levando as amargas reformas para a frente e outras medidas bastante elitistas, como a venda do pré-sal aos estrangeiros.
E ainda tem a vontade das elites de botar um membro do Judiciário, "virgem" em voto popular, para governar o país, com uma representatividade que se resume aos interesses das classes dominantes.
A saída de Michel Temer apenas elimina uma etapa da crise que é necessário combater.
Mas a crise continuará, porque as forças dominantes continuam comandando o jogo.
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