O governo Michel Temer se arrasta melancolicamente.
Pouco mais de um ano após sua ascensão ao poder, Temer não consegue mais governar.
Ele praticamente entregou seu legado ao Poder Legislativo e as "reformas" são aprovadas aos poucos, criando uma herança amarga e nefasta para o povo brasileiro.
Temer teve sua reputação abalada gravemente pelas denúncias recentes, de Joesley Batista e Rodrigo Janot.
Mais uma vez o PSDB já começa a pensar em desembarque, embora nada houvesse sido divulgado ontem.
Mesmo assim, os tucanos prometeram que, se houvesse nova denúncia, iriam repensar mais uma vez o apoio ao temeroso governo ou o desembarque da base aliada.
Ontem a denúncia de Janot sobre a corrupção do presidente Temer foi entregue à Câmara dos Deputados.
O plenário estava vazio quando o documento foi lido por uma das secretárias da mesa, a deputada Mariana Carvalho, do PSDB de Rondônia.
Apenas 61 deputados estavam no plenário e a leitura durou uma hora e quarenta minutos no começo das sessões da tarde de ontem.
Em seguida, o documento foi entregue à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal.
O relator ficou para ser escolhido na próxima semana.
O presidente da CCJ, deputado Rodrigo Pacheco, do PMDB mineiro, quer um nome independente para avaliar as denúncias.
Mas a base aliada de Temer quer alguém alinhado com o governo, por razões óbvias.
Algumas apostas já foram feitas quanto aos possíveis candidatos.
Foram citados Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), Esperidião Amin (PP-SC), José Fogaça (PMDB-RS) e os deputados do PSDB, o pernambucano Betinho Gomes e o goiano Fábio Sousa.
A oposição indicou Tadeu Alencar, do PSB pernambucano.
Zveiter é ligado a Rodrigo Pacheco e a Rodrigo Maia e é membro de uma família de juristas e políticos fluminenses.
Os governistas propuseram Jones Martins (PMDB-RS), ligado ao ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, ou o também peemedebista gaúcho, Alceu Moreira, que demonstrou defender o governo Temer como membro da CCJ.
Rodrigo Maia, apesar de ser aliado do governo Temer, prometeu não blindar o presidente no processo.
O que também está em questão é o protagonismo da Câmara dos Deputados, dentro de um contexto em que Executivo, Legislativo e Judiciário estão com a reputação fragilizada.
A Câmara terá que mostrar que terá moral forte para abrir processo contra Temer, ou repetirá o fiasco do Tribunal Superior Eleitoral no julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer de 2014.
O fiasco foi tanto que desgastou completamente o ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE.
A pressão para tirar Temer do poder vem de todos os lados, da direita e da esquerda.
E hoje acontece a greve geral e uma série de protestos contra o governo e suas reformas intragáveis.
As manifestações costumam ser bem sucedidas, a nível de pressão e desgaste do temeroso governo.
Mas ainda não conseguem influir na queda do governo, como as passeatas do "pato amarelo" para a queda do governo Dilma Rousseff.
Espera-se que hoje as manifestações e a greve geral façam uma grande diferença.
Pelo menos para dar um último golpe no mandato já fragilizado do golpista Temer.
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