Ontem houve duas importantes votações no Senado Federal.
Uma, mais adiantada, se refere ao fim do foro privilegiado para autoridades que cometerem crimes comuns, como roubo, lavagem de dinheiro e corrupção.
O texto da PEC 10/2013 é de autoria do senador paranaense Álvaro Dias, do PV, e seu relator, Randolfe Rodrigues, senador pela REDE amapaense.
O leque dos afetados pela medida é amplo.
Ela envolve membros dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além do Ministério Público.
Inclui ministros de Estado ou do Judiciário, presidentes de casas legislativas e procuradores.
A aprovação foi feita pelos 69 senadores da casa, em segundo turno, por unanimidade.
A proposta, portanto, será encaminhada para o plenário da Câmara dos Deputados.
Outra PEC é a das Diretas, a PEC 67/2016, que está numa etapa mais inicial.
A aprovação foi do texto original, que ainda terá solicitação para inclusão na pauta do plenário do Senado.
A proposta, do senador Reguffe, que representa o Distrito Federal sem estar ligado a um partido, tem como relator o colega Lindbergh Farias, do PT fluminense.
Houve uma discussão entre Lindbergh e o colega Ricardo Ferraço, do PSDB capixaba, que questionou a proposta de Reguffe.
Ferraço disse que a proposta de Reguffe e Lindbergh é inconstitucional, por desrespeitar o Artigo 16 da Constituição Federal, que prevê mudanças eleitorais só com um ano de antecedência.
Segundo Ferraço, isso significa que a alteração só teria valor em 2018, fazendo valer, este ano, a hipótese de eleições indiretas para o caso da cassação do presidente da República.
Houve um acordo, pois Lindbergh afirmava que o artigo não era uma cláusula pétrea, ou seja, não está proibido de sofrer emenda constitucional.
Depois disso, houve votação e o texto de Reguffe foi aprovado por todos os 27 membros da CCJ.
A grande mídia não se entusiasmou com a PEC das Diretas, que ainda não está na pauta do Senado.
Ela deu mais ênfase à PEC que extinguiu o foro privilegiado.
Mesmo assim, relativamente. Mais para enfraquecer os políticos do PT do que para defender o fim de privilégios legais das autoridades.
Quando à PEC das Diretas, a Globo, por exemplo, é contra, pois se manifesta à favor da "solução" constitucional das indiretas.
Isso porque sabe que o Legislativo federal é majoritariamente de representantes da plutocracia, indiferentes aos anseios populares.
Gente que, nos últimos dois anos, votou praticamente às costas do povo brasileiro.
Principalmente nos desmontes das garantias sociais e dos direitos trabalhistas dos cidadãos.
Há uma esperança da PEC das Diretas ser aprovada, mas será um longo caminho.
Votações em dois turnos na Câmara e no Senado. Levará um certo tempo.
A plutocracia ainda está nas rédeas de boa parte do processo político atual.
E ainda há muito reacionarismo nas mídias sociais.
A situação do Brasil ainda é imprevisível.
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