DE EMO PARA EMO: PROGRAMA HORA DOS PERDIDOS, UM DOS PRINCIPAIS DA RÁDIO CIDADE, RECEBENDO O GRUPO CPM 22.
Como se não bastasse estar em baixa, a cultura rock autêntica corre perigo no Brasil. A Rádio Cidade agora se "fixa" no segmento, como uma rádio transgênero que renega sua história. Através do lema "Rock de Verdade" - um lema que é tão postiço quanto o "Eu Amo Tudo Isso" do McDonalds - , a emissora tenta desqualificar o trabalho que Luiz Antônio Mello e equipe fizeram na Fluminense FM.
Todo mundo sabe que esse papo de "rádio mais rock'n'roll" e "Rock de Verdade" não passa de "caô", só para citar uma gíria carioca (infelizmente, muitos cariocas só entendem as coisas através de gírias), e que a Rádio Cidade nunca passou de uma RÁDIO POP com vitrolão "roqueiro". De rock, lá, só existe o toca-CD.
Mas o problema é que a publicidade enganosa pega que nem epidemia e a cultura rock autêntica corre o perigo de ser empastelada de vez. Desde 1991 não temos uma rádio de rock com programação decente e transmitida em FM. Tudo o que veio depois de então foram tentativas, umas caricatas, outras fajutas, outras restritivas. Mas rádios como a Flu FM nos tempos áureos, nunca mais.
A Rádio Cidade trocou o logotipo e substitui a estética "Santander" - com aquela moldura desenhada só nos extremos do quadrado - por uma estética pseudo-rebelde, como se quisesse convencer as pessoas.
O verdadeiro motivo dessa mudança é que a RC quer fazer uma programação para inglês ver. A programação musical "melhorou" porque precisa atrair anunciantes e arrancar elogios da imprensa musical, completando o trabalho que o forte lobby que envolve a rádio - e que inclui multinacionais e outros envolvidos direta ou indiretamente com grandes eventos musicais - já faz.
A Rádio Cidade, como rádio de rock, é, só para ser mais educado, medíocre, fajuta e equivocada. Seu pessoal não é especializado em rock e faz a programação musical previamente estabelecida pela industria fonográfica e pelos listões de paradas de sucessos. O que os produtores fazem é embaralhar as músicas e jogá-las no repertório musical, o que é muito fácil.
Os locutores, então, nem se fala. O estilo enjoado de dicção influenciado pela Jovem Pan FM continua, só que mais sutil e, menos frenético e calcado estilo de outras rádios, seja FM O Dia ou a Rádio Disney brasileira de São Paulo. Sem discordar do conservadorismo da rádio de Tutinha, a RC, por questão publicitária, fugiu de sua influência diante da fama de reacionária da JP hoje.
E O ROCK AUTÊNTICO?
Eu, pessoalmente, fico encantado com o projeto Maldita 3.0 de Alessandro ALR e com a iniciativa da rádio digital Cult FM, que procuram juntas manter o legado da Fluminense FM de uma forma ou de outra. Só que eu adoto também uma postura muito realista.
Leio que Luiz Antônio Mello, que tem dois programas na Cult, "No Cafofo do LAM" e "Comando da Madrugada", disse que o rádio FM está decaindo, que a Internet está soterrando a Frequência Modulada, e por aí vai. Muito correto, até certo ponto, mas talvez não seja tempo para vitórias.
Primeiro, porque essa declaração de LAM só faz sentido entre nós, fãs de rock autêntico. Mas entre os ouvintes "roqueiros" da Rádio Cidade, famosos pela arrogância e pose de "donos da verdade", isso não vale. Eles, que não costumam raciocinar as coisas de forma crítica, têm outra visão que, infelizmente, tende a prevalecer no país "desenhado" pelo poder da Rede Globo de Televisão.
Esses "roqueiros" acham que a Cult FM é que é "caduca" e "isolada" na Internet, e que a Maldita 3.0 não passa de um museu itinerante da "Maldita". São visões cruéis e de certa forma ofensivas, mas infelizmente muito mais influentes. O lobby da Rádio Cidade é enorme, e se seus seguidores acharem ótimo urinar no túmulo de Jimi Hendrix, eles farão isso tranquilamente.
O grande problema é que o público de rock autêntico anda se comportando como Chapeuzinho Vermelho caminhando pelo bosque, enquanto os lobos vorazes (lobões?) da Rádio Cidade devoram reservas de mercado e transformam o rock autêntico em picanha para hamburguer servida por locutores animadinhos com voz de quem fala com crianças de três anos de idade.
Muitos ficam felizes porque o rock autêntico está aparentemente protegido pelo Maldita 3.0 e pela Cult FM, mas a afiliada da Kiss FM no Grande Rio, que também era outra força certa para o rock autêntico, acabou de vez, aos poucos tragada pelo sinal da religiosa Plenitude FM.
Segundo, a Rádio Cidade já busca canais pela Internet, e pela sua estrutura empresarial poderosa - já temida por LAM como escreveu em A Onda Maldita - , terá todos os canais possíveis de transmissão. O risco dela "almoçar" a Cult FM é altíssimo. A Cidade quer monopólio, porque só ela é que "deve tocar" rock, mesmo com seu pessoal não-especializado e seus locutores engraçadinhos.
O que me preocupa é que, com esse crescimento da Rádio Cidade no mercado, o trabalho de Luiz Antônio Mello e sua equipe da Fluminense FM corre o risco de ser em vão. Aos poucos a Rádio Cidade se impõe como paradigma, enquanto a Internet se torna exílio de quarentões saudosos de um radialismo rock com excelentes músicas e locutores com voz de gente.
E devemos valorizar todo o trabalho que LAM narrou em A Onda Maldita, até por respeito a uma pessoa que batalhou, sem ganhar muito dinheiro com isso mas apostando na criatividade, na honestidade e no humanismo. Ver que todo esse trabalho árduo se desperdiçou porque a "rádio do Rock de Verdade" é a Rádio Cidade é estarrecedor e muito, muito vergonhoso.
Se é para termos a Rádio Cidade como "rádio de rock", então a Fluminense não precisaria ter sido feita. Bastava, em 1981, a "moçada ixperta" do Baixo Gávea e São Conrado bater panelinha para a Rádio Cidade tocar só rock e fim de papo. Mas o Brasil é desses países em que boas ideias surgem, crescem, mas depois são empasteladas por seus deturpadores.
Esse é que é o problema. A Rádio Cidade não é, nunca foi e nem será uma rádio de rock autêntico. Mas possui um forte lobby empresarial, até pelos seus donos serem ligados a grandes corporações. Pouco importa se sua programação é uma espécie de "McDonalds roqueiro" ou uma "Rádio Disney com guitarras", porque a Rádio Cidade quer bancar a "dona" da cultura rock e muita gente aceita.
Por isso, cabe às pessoas que curtem rock autêntico reagirem. A Rádio Cidade não cria coisa alguma, mas torna-se parasita e tendenciosa. Recentemente a RC "chupou" o playlist da Kiss FM no programa Clássicos do Rock tocando bandas que nunca tocaria sequer sob pressão, mas apenas aproveitando o fim da rádio para tentar seduzir seus ouvintes.
O risco é, dentro em breve, a Rádio Cidade plagiar até o Comando da Madrugada, apenas tocando a ordem das músicas, e sua voraz máquina publicitária deixar LAM, ALR e outros "comendo poeira" com seu caricato mas ambicioso perfil de rádio de rock.
Como se não bastasse estar em baixa, a cultura rock autêntica corre perigo no Brasil. A Rádio Cidade agora se "fixa" no segmento, como uma rádio transgênero que renega sua história. Através do lema "Rock de Verdade" - um lema que é tão postiço quanto o "Eu Amo Tudo Isso" do McDonalds - , a emissora tenta desqualificar o trabalho que Luiz Antônio Mello e equipe fizeram na Fluminense FM.
Todo mundo sabe que esse papo de "rádio mais rock'n'roll" e "Rock de Verdade" não passa de "caô", só para citar uma gíria carioca (infelizmente, muitos cariocas só entendem as coisas através de gírias), e que a Rádio Cidade nunca passou de uma RÁDIO POP com vitrolão "roqueiro". De rock, lá, só existe o toca-CD.
Mas o problema é que a publicidade enganosa pega que nem epidemia e a cultura rock autêntica corre o perigo de ser empastelada de vez. Desde 1991 não temos uma rádio de rock com programação decente e transmitida em FM. Tudo o que veio depois de então foram tentativas, umas caricatas, outras fajutas, outras restritivas. Mas rádios como a Flu FM nos tempos áureos, nunca mais.
A Rádio Cidade trocou o logotipo e substitui a estética "Santander" - com aquela moldura desenhada só nos extremos do quadrado - por uma estética pseudo-rebelde, como se quisesse convencer as pessoas.
O verdadeiro motivo dessa mudança é que a RC quer fazer uma programação para inglês ver. A programação musical "melhorou" porque precisa atrair anunciantes e arrancar elogios da imprensa musical, completando o trabalho que o forte lobby que envolve a rádio - e que inclui multinacionais e outros envolvidos direta ou indiretamente com grandes eventos musicais - já faz.
A Rádio Cidade, como rádio de rock, é, só para ser mais educado, medíocre, fajuta e equivocada. Seu pessoal não é especializado em rock e faz a programação musical previamente estabelecida pela industria fonográfica e pelos listões de paradas de sucessos. O que os produtores fazem é embaralhar as músicas e jogá-las no repertório musical, o que é muito fácil.
Os locutores, então, nem se fala. O estilo enjoado de dicção influenciado pela Jovem Pan FM continua, só que mais sutil e, menos frenético e calcado estilo de outras rádios, seja FM O Dia ou a Rádio Disney brasileira de São Paulo. Sem discordar do conservadorismo da rádio de Tutinha, a RC, por questão publicitária, fugiu de sua influência diante da fama de reacionária da JP hoje.
E O ROCK AUTÊNTICO?
Eu, pessoalmente, fico encantado com o projeto Maldita 3.0 de Alessandro ALR e com a iniciativa da rádio digital Cult FM, que procuram juntas manter o legado da Fluminense FM de uma forma ou de outra. Só que eu adoto também uma postura muito realista.
Leio que Luiz Antônio Mello, que tem dois programas na Cult, "No Cafofo do LAM" e "Comando da Madrugada", disse que o rádio FM está decaindo, que a Internet está soterrando a Frequência Modulada, e por aí vai. Muito correto, até certo ponto, mas talvez não seja tempo para vitórias.
Primeiro, porque essa declaração de LAM só faz sentido entre nós, fãs de rock autêntico. Mas entre os ouvintes "roqueiros" da Rádio Cidade, famosos pela arrogância e pose de "donos da verdade", isso não vale. Eles, que não costumam raciocinar as coisas de forma crítica, têm outra visão que, infelizmente, tende a prevalecer no país "desenhado" pelo poder da Rede Globo de Televisão.
Esses "roqueiros" acham que a Cult FM é que é "caduca" e "isolada" na Internet, e que a Maldita 3.0 não passa de um museu itinerante da "Maldita". São visões cruéis e de certa forma ofensivas, mas infelizmente muito mais influentes. O lobby da Rádio Cidade é enorme, e se seus seguidores acharem ótimo urinar no túmulo de Jimi Hendrix, eles farão isso tranquilamente.
O grande problema é que o público de rock autêntico anda se comportando como Chapeuzinho Vermelho caminhando pelo bosque, enquanto os lobos vorazes (lobões?) da Rádio Cidade devoram reservas de mercado e transformam o rock autêntico em picanha para hamburguer servida por locutores animadinhos com voz de quem fala com crianças de três anos de idade.
Muitos ficam felizes porque o rock autêntico está aparentemente protegido pelo Maldita 3.0 e pela Cult FM, mas a afiliada da Kiss FM no Grande Rio, que também era outra força certa para o rock autêntico, acabou de vez, aos poucos tragada pelo sinal da religiosa Plenitude FM.
Segundo, a Rádio Cidade já busca canais pela Internet, e pela sua estrutura empresarial poderosa - já temida por LAM como escreveu em A Onda Maldita - , terá todos os canais possíveis de transmissão. O risco dela "almoçar" a Cult FM é altíssimo. A Cidade quer monopólio, porque só ela é que "deve tocar" rock, mesmo com seu pessoal não-especializado e seus locutores engraçadinhos.
O que me preocupa é que, com esse crescimento da Rádio Cidade no mercado, o trabalho de Luiz Antônio Mello e sua equipe da Fluminense FM corre o risco de ser em vão. Aos poucos a Rádio Cidade se impõe como paradigma, enquanto a Internet se torna exílio de quarentões saudosos de um radialismo rock com excelentes músicas e locutores com voz de gente.
E devemos valorizar todo o trabalho que LAM narrou em A Onda Maldita, até por respeito a uma pessoa que batalhou, sem ganhar muito dinheiro com isso mas apostando na criatividade, na honestidade e no humanismo. Ver que todo esse trabalho árduo se desperdiçou porque a "rádio do Rock de Verdade" é a Rádio Cidade é estarrecedor e muito, muito vergonhoso.
Se é para termos a Rádio Cidade como "rádio de rock", então a Fluminense não precisaria ter sido feita. Bastava, em 1981, a "moçada ixperta" do Baixo Gávea e São Conrado bater panelinha para a Rádio Cidade tocar só rock e fim de papo. Mas o Brasil é desses países em que boas ideias surgem, crescem, mas depois são empasteladas por seus deturpadores.
Esse é que é o problema. A Rádio Cidade não é, nunca foi e nem será uma rádio de rock autêntico. Mas possui um forte lobby empresarial, até pelos seus donos serem ligados a grandes corporações. Pouco importa se sua programação é uma espécie de "McDonalds roqueiro" ou uma "Rádio Disney com guitarras", porque a Rádio Cidade quer bancar a "dona" da cultura rock e muita gente aceita.
Por isso, cabe às pessoas que curtem rock autêntico reagirem. A Rádio Cidade não cria coisa alguma, mas torna-se parasita e tendenciosa. Recentemente a RC "chupou" o playlist da Kiss FM no programa Clássicos do Rock tocando bandas que nunca tocaria sequer sob pressão, mas apenas aproveitando o fim da rádio para tentar seduzir seus ouvintes.
O risco é, dentro em breve, a Rádio Cidade plagiar até o Comando da Madrugada, apenas tocando a ordem das músicas, e sua voraz máquina publicitária deixar LAM, ALR e outros "comendo poeira" com seu caricato mas ambicioso perfil de rádio de rock.
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