MÖTLEY CRÜE: ROCK "FAROFA" PARA UMA CIDADE QUE QUER AFASTAR OS FAROFEIROS DA ZONA NORTE PARA AS PRAIAS DA BARRA E ZONA SUL.
Falou-se que o rock está em baixa e muitos achavam que era "mimimi" de jovem revoltado. Mas o Rock In Rio 2015 conseguiu provar, no sentido contrário de sua intenção publicitária, que o rock está mais em baixa do que nunca, para não dizer culturalmente morto neste país cafona que é o Brasil.
Até quando o rock autêntico era evocado, a coisa ia para o âmbito da caricatura ou das homenagens que, de tão tendenciosas, beiram à paródia, como o "tributo à Cássia Eller" em que teve direito a uma cantora cover bem no clima Ploc 80 (apesar de Cássia ter sido estrela da década seguinte) e as cantoras exibindo seios como a finada cantora havia feito numa apresentação.
Havia também remanescentes do Rock Brasil e emepebistas do primeiro Rock In Rio, ao lado de oportunistas como Rogério Flausino, do Jota Quest, cantando o "hino do Rock In Rio", como uma patética celebração aos 30 anos do festival.
Mas o tom da paródia foi mais explícito quando Adam Lambert, cria do American Idol, se apresentou com dois músicos originais que hoje tocam o projeto Tributo ao Queen, usando o nome do grupo para homenagens filantrópicas.
A canastrice de Adam Lambert foi evidente nesse karaokê a céu aberto, ao lado dos discretos Brian May e Roger Taylor que apenas cumpriam seu trabalho de reproduzir o que fizeram com John Deacon (hoje aposentado, desfazendo rumores de que se juntaria novamente aos outros dois) e o saudoso Freddie Mercury, este sim detentor de um brilhante domínio de palco.
Exagerado nas caras e bocas, mas contido e forçado em suas interpretações musicais, Adam, com um vocal "mais ou menos", deixou a desejar diante da potência que era o super vocalista Freddie, que mesmo em momentos menos inspirados na carreira, dava conta de seu talento.
Mesmo assim, Adam empolgou a plateia com seu simulacro de "Freddie Mercury", forçado em um traje forçadamente roqueiro, com calça e jaqueta de couro e barba por fazer. Mas, quando vestia uma roupa de "monarca", tentando reproduzir o Freddie Mercury vestido de "rei", Adam parecia tão artificial e forçado como nos tempos do American Idol.
A canastrice de Adam deixou a plateia empolgada porque o público que se diz fã do Queen, no Brasil, já deixa a desejar por si só. Se, dias atrás, o pessoal colocava bigodes postiços qualquer nota para "homenagear" pateticamente o saudoso cantor do Queen, dá para perceber o descaso que eles têm diante de um passado que não volta mais e que fingem continuar existindo no presente.
Isso porque, para eles, tanto faz Queen com Freddie Mercury, com Adam Lambert, com Zezé di Camargo ou com Tom Cavalcante nos vocais. Isso porque é um público sem muita identificação com o rock, que aceita rádios pop fantasiadas de roqueiras - como uma no dial FM carioca - , e que considera "clássicos absolutos do rock" bobagens como Guns N'Roses e Mötley Crüe.
O Mötley Crüe, como outras bandas de metal farofa, só é considerado "metal de verdade" e "rock clássico" porque um mercado foi construído nos últimos anos para convencer até os roqueiros velhos, carentes de visibilidade, de que os posers fariam o rock autêntico se tornar mais rentável com a adesão de "gente bonita" a consumir vorazmente os produtos, artigos e eventos do gênero.
Tem até a patética "lama de 1985", suposto vestígio do lodo original do primeiro Rock In Rio, vendido pelo estarrecedor preço de R$ 185. Pegam qualquer areia molhada em algum canteiro de obras do projeto Rio Cidade Olímpica ou alguma lama tirada de um dia de chuva no Rio de Janeiro e vendem como se fosse a "lama do primeiro festival". Quanta bobagem.
E, voltando ao Mötley Crüe, o grupo veio com seu metal farofa, na sua turnê de despedida, para um Rio de Janeiro que irá barrar em breve o acesso de outros farofeiros, o pessoal dos subúrbios, para as praias da Barra da Tijuca e da Zona Sul, através dessa farsa de linhas de ônibus "alimentadoras" e "troncais" que a Prefeitura carioca anda armando para dificultar a viagem das periferias.
Aliás, a viagem de BRT para o Rock In Rio, em ônibus superlotados - quando não estão assim, eles têm todos os assentos ocupados - , dá o tom dessa lambança que é o sistema de ônibus implantado em 2010, que, como todas as besteiras e desastres que ocorrem num Rio de Janeiro mais voltado ao atraso, são "eternos". Quanto sofrimento cariocas e fluminenses ainda vão enfrentar...
Falou-se que o rock está em baixa e muitos achavam que era "mimimi" de jovem revoltado. Mas o Rock In Rio 2015 conseguiu provar, no sentido contrário de sua intenção publicitária, que o rock está mais em baixa do que nunca, para não dizer culturalmente morto neste país cafona que é o Brasil.
Até quando o rock autêntico era evocado, a coisa ia para o âmbito da caricatura ou das homenagens que, de tão tendenciosas, beiram à paródia, como o "tributo à Cássia Eller" em que teve direito a uma cantora cover bem no clima Ploc 80 (apesar de Cássia ter sido estrela da década seguinte) e as cantoras exibindo seios como a finada cantora havia feito numa apresentação.
Havia também remanescentes do Rock Brasil e emepebistas do primeiro Rock In Rio, ao lado de oportunistas como Rogério Flausino, do Jota Quest, cantando o "hino do Rock In Rio", como uma patética celebração aos 30 anos do festival.
Mas o tom da paródia foi mais explícito quando Adam Lambert, cria do American Idol, se apresentou com dois músicos originais que hoje tocam o projeto Tributo ao Queen, usando o nome do grupo para homenagens filantrópicas.
A canastrice de Adam Lambert foi evidente nesse karaokê a céu aberto, ao lado dos discretos Brian May e Roger Taylor que apenas cumpriam seu trabalho de reproduzir o que fizeram com John Deacon (hoje aposentado, desfazendo rumores de que se juntaria novamente aos outros dois) e o saudoso Freddie Mercury, este sim detentor de um brilhante domínio de palco.
Exagerado nas caras e bocas, mas contido e forçado em suas interpretações musicais, Adam, com um vocal "mais ou menos", deixou a desejar diante da potência que era o super vocalista Freddie, que mesmo em momentos menos inspirados na carreira, dava conta de seu talento.
Mesmo assim, Adam empolgou a plateia com seu simulacro de "Freddie Mercury", forçado em um traje forçadamente roqueiro, com calça e jaqueta de couro e barba por fazer. Mas, quando vestia uma roupa de "monarca", tentando reproduzir o Freddie Mercury vestido de "rei", Adam parecia tão artificial e forçado como nos tempos do American Idol.
A canastrice de Adam deixou a plateia empolgada porque o público que se diz fã do Queen, no Brasil, já deixa a desejar por si só. Se, dias atrás, o pessoal colocava bigodes postiços qualquer nota para "homenagear" pateticamente o saudoso cantor do Queen, dá para perceber o descaso que eles têm diante de um passado que não volta mais e que fingem continuar existindo no presente.
Isso porque, para eles, tanto faz Queen com Freddie Mercury, com Adam Lambert, com Zezé di Camargo ou com Tom Cavalcante nos vocais. Isso porque é um público sem muita identificação com o rock, que aceita rádios pop fantasiadas de roqueiras - como uma no dial FM carioca - , e que considera "clássicos absolutos do rock" bobagens como Guns N'Roses e Mötley Crüe.
O Mötley Crüe, como outras bandas de metal farofa, só é considerado "metal de verdade" e "rock clássico" porque um mercado foi construído nos últimos anos para convencer até os roqueiros velhos, carentes de visibilidade, de que os posers fariam o rock autêntico se tornar mais rentável com a adesão de "gente bonita" a consumir vorazmente os produtos, artigos e eventos do gênero.
Tem até a patética "lama de 1985", suposto vestígio do lodo original do primeiro Rock In Rio, vendido pelo estarrecedor preço de R$ 185. Pegam qualquer areia molhada em algum canteiro de obras do projeto Rio Cidade Olímpica ou alguma lama tirada de um dia de chuva no Rio de Janeiro e vendem como se fosse a "lama do primeiro festival". Quanta bobagem.
E, voltando ao Mötley Crüe, o grupo veio com seu metal farofa, na sua turnê de despedida, para um Rio de Janeiro que irá barrar em breve o acesso de outros farofeiros, o pessoal dos subúrbios, para as praias da Barra da Tijuca e da Zona Sul, através dessa farsa de linhas de ônibus "alimentadoras" e "troncais" que a Prefeitura carioca anda armando para dificultar a viagem das periferias.
Aliás, a viagem de BRT para o Rock In Rio, em ônibus superlotados - quando não estão assim, eles têm todos os assentos ocupados - , dá o tom dessa lambança que é o sistema de ônibus implantado em 2010, que, como todas as besteiras e desastres que ocorrem num Rio de Janeiro mais voltado ao atraso, são "eternos". Quanto sofrimento cariocas e fluminenses ainda vão enfrentar...
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