No último domingo, meu pai foi ver o saco com os jornais O Globo e O Fluminense que comprou na banca e, ao ver a pilha de cadernos do jornal carioca, verificou que faltava o famoso caderno chamado Revista da Tevê, suplemento que havia até celebrado aniversário meses atrás.
Em princípio, papai imaginava que havia um erro na encadernação dos jornais e estava pensando em reclamar com o jornaleiro, até que eu e ele, observando a primeira página de O Globo, verificamos que a Revista da Tevê foi extinta e as notícias da tevê agora migraram para o Segundo Caderno.
Isso é um reflexo da crise que a imprensa escrita anda sofrendo. As Organizações Globo, que têm dos veículos O Globo (jornal), Rede Globo (TV aberta) e Globo News (TV paga) seus principais canais, anunciou a demissão de 400 profissionais.
Esta crise, embora em parte se deva à influência da Internet, não pode ser atribuída ao desgaste do papel, como querem certos "profetas" das mídias digitais que acham que suas folhas são culpadas pelo reacionarismo dos jornalistas que trabalham nas grandes corporações.
Muita cautela deve ser tomada em relação a isso. A mídia reacionária pode estar decadente, mas ela não morrerá com o fim do papel, da TV ou do rádio, pelo menos da forma que conhecemos. O carnaval que certos entusiastas das novas mídias se esquece que a mídia ultraconservadora também busca as novas tecnologias, mais do que a supostamente revolucionária blogosfera.
A revista Veja têm canal na Internet e até o mais reaça de seus colunistas, Reinaldo Azevedo (também da Jovem Pan), tem blogue no portal da revista. A Rádio Cidade, FM carioca que enfoca a cultura rock de forma estereotipada, caricata, superficial e um tanto conservadora, tem seu canal na Internet, seja como webradio, seja através do aplicativo Spotify.
A Revista da Tevê pode até ter sido um baque no jornal O Globo, sobretudo porque meses atrás o suplemento havia comemorado seus anos de existência. A Rede Globo também está levando cada vez mais surra na audiência, vide a novela Babilônia, que teve um desempenho humilhante para a reputação da maior produtora de telenovelas do Brasil.
A grande mídia vive sua crise, mas ainda é o começo. Seus empresários continuam sendo poderosos e ricos e seus veículos, como toda empresa comandada por magnatas, sobrevivem através da demissão de muita gente.
Portanto, dizer que a blogosfera derrubou a grande mídia e que hoje a revolução social está nas mídias sociais é muito ingênuo. Evidentemente, a Internet quebrou o monopólio do pensamento único que a grande mídia detinha durante anos.
Mas, infelizmente, as pessoas ainda se pautam com a mesma perspectiva conservadora do poder midiático, vide a acomodação vista nas mídias sociais, reduto de muita gente conservadora e inclinada mais a brincar com tolices transmitidas pelo WhatsApp.
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