Sempre desconfiei desse "complexo de superioridade" que a dita cultura rock no Brasil tem, algo que nem os autênticos roqueiros lá de fora iriam gostar, porque eles estão preocupados demais com a valorização de sua própria música para se acharem "os reis da cocada preta".
Lá fora, a "superioridade" só não existe como de vez em quando roqueiros acolhem outros gêneros musicais. Os Rolling Stones, por exemplo, tiveram sua sonoridade original calcada no blues e, em 1978, passaram a acolher a disco music, gênero que nada tem a ver com o rock, mas que foi bem sucedida na fusão rítmica feita pela banda britânica.
Os verdadeiros roqueiros nunca se acharam superiores a coisa alguma. Há os convictos e radicais, mas no fundo eles estavam mais preocupado em defender a causa deles do que patrulhar a causa dos outros. E eu, particularmente, sempre respeitei os outros gêneros musicais, desde que comprometidos com a qualidade artística e o valor cultural, que são o que nos interessa.
Aqui é que tem uns idiotas fazendo ataques contra outros estilos musicais, independente de serem bons ou não, e se tornam até chatos com esse papo de "levantar a bandeira do rock". Se limitam apenas a "segurar a bandeira" porque, musicalmente, eles são bastante superficiais.
Eles até identificam, nas fotos, quem é o Iron Maiden e quem é o AC/DC mas musicalmente pouco estão preocupados em distinguir o som de um e o de outro. Acham até que eles soam iguaizinhos aos Ramones. E se perdem em bobagens como System of a Down e Smash Mouth, achando que eles fazem rockão.
Essa idiotização da cultura rock, que envolve Rede Globo, Folha de São Paulo, McDonalds, Coca-Cola, CBF, grandes empreiteiros, Rádio Cidade, 89 FM, Luciano Huck, Eduardo Paes, Eduardo Cunha e o escambau e essa pretensa "superioridade" do rock é um prato cheio para os grandes especuladores do gênero que faturam em cima e para não-roqueiros em geral.
Daí que afirmei que vou tirar férias de rock. Ouvir músicas do gênero e vir na mente uns débeis-mentais fazendo sinal do capeta com as mãos, botando língua para fora, fazendo air guitar feito uns abilolados é difícil de aguentar. E a Rádio Cidade, que era muito mais legal quando era só pop, hoje se acha "dona" da cultura rock no Rio de Janeiro e fica "se achando" com isso. Haja paciência!
Mas se a idiotização do rock fez das suas, ninguém esperou ver Freddie Mercury, cujo aniversário de 69 anos de nascimento, no último dia 05, passou quase despercebido, ser praticamente tratado como se fosse um palhaço de circo.
De repente o saudoso vocalista do Queen passou a ser associado a um bigode. As pessoas passaram a usar um bigode postiço em "homenagem" a Freddie Mercury, como se ele tivesse sido integrante do grupo cômico Irmãos Marx (Marx Brothers), já que um deles, Groucho, foi famoso pelo seu conjunto de óculos, sobrancelhas e bigode virarem um ícone de artigos para fantasias.
Só que a coisa chegou a um grande desrespeito a Freddie, que nunca foi marcado por um bigode. Até porque, no começo da carreira do Queen, Freddie Mercury tinha cara limpa ou, quando muito, barba por fazer. Nessa época, o grupo lançou sucessos como "Bohemian Rapsody", "Somebody to Love" e "Crazy Little Thing Called Love".
Freddie só usou bigode durante uns poucos anos. No final da vida, em 1989, voltou a ficar de cara limpa e assim ficou até morrer. Sua marca registrada nunca foi o bigode, mas seu explosivo poder de palco, seu estilo de cantar, gesticular, andar no palco, interagir com o público, tocar piano e tudo o mais. Ele era um líder no palco, seu poder de se comunicar com a plateia era impecável.
Reduzir Freddie Mercury a um bigode idiota é transformá-lo num palhaço, e isso mostra o quanto a chamada "cultura rock" foi rebaixada a uma grande piada. e isso mostra o quanto a grande mídia (as ditas "rádios rock" comerciais não estão fora dessa) e as grandes corporações só querem arrancar dinheiro das pessoas transformando um gênero musical numa palhaçada consumista.
Daí a minha folga em não ouvir rock por um tempo, até deixar a poeira se dissipar. Não quero me compartilhar com essa imbecilização toda. Principalmente quando um dos mais carismáticos vocalistas do rock é reduzido a um bigode sem graça.
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