Pular para o conteúdo principal

A ADOLESCÊNCIA VEM COM TUDO DEPOIS DOS 50 ANOS


Muita gente vai se incomodar com a ideia expressa nesse título, mas a verdade é essa mesmo.

Depois que Jair Bolsonaro e Donald Trump foram eleitos, já nem sei mais o que é maturidade.

Na boa, Donald Trump presidindo os EUA era uma piada inserida no seriado de animação The Simpsons.

Vejo pessoas grisalhas bastante avoadas, vejo gente "de idade" jogando lixo no chão, esbanjando teimosia em muitas situações, cometendo gafes absurdas.

Quando, no interior do Rio Grande do Sul, passou a Caravana do Lula, vi senhores com idade presumível de 60, 65 anos apedrejando o ônibus como moleques apedrejando passarinhos.

Em outros tempos, o avô recebia a notícia de que seu neto se envolveu em uma confusão.

Hoje, é o neto que recebe a notícia de que seu avô se envolveu em uma confusão.

Penso os 50 anos desde que eu tinha 43, 44 anos.

É um hábito antigo. Pensava os 25 anos quando eu tinha apenas oito anos de idade. Também pensava os 16 anos nessa época. Com 12, já conseguia entender a realidade de alguém de 18 anos.

É muito diferente de muito empresário, médico, economista, deputado, com uns dois ou três anos a mais do que eu, que tropeçou nos 50 anos.

Eles seguiam com suas profissões, rotina alternada apenas com os compromissos sociais com suas belas mulheres e os filhos, e, de repente, se acharam com 50 anos de idade.

O corpo envelhece mas o que os mais velhos ignoram é que novas e piores criancices aparecem ou velhas neuroses adolescentes explodem justamente no embranquecer dos cabelos.

É muito doloroso dizer isso, mas é a realidade.

A geração nascida nos anos 1950, hoje prestes a estrear os 70 anos, quase nunca esbanjaram a chamada "maturidade", essa incômoda utopia que os grisalhos começam a contrair.

Gente chegando aos 50 anos querendo ter bagagem cultural de 70 anos. E gente de 70 anos que parece apressada em atingir os 100 anos.

Pessoas nascidas nos anos 1950 achando que tiram de letra a primeira metade do século XX. É um tal de chamar Glenn Miller, Winston Churchill e o nosso Millôr Fernandes de "meus tios".

Empresários fingindo ser intelectuais e forjando palestras e seminários com textos e roteiros escritos por seus filhos mais velhos. Seria mais honroso cursar uma nova faculdade (presencial) após os 50 anos, com o amarelar de seus diplomas mal conquistados.

Mulheres que haviam sido vanguardistas e cool na juventude entram nos 50 anos bancando as beatas religiosas.

E há gente surtando, cometendo crimes, arrumando encrenca nas redes sociais. Não são só meninos de 15 anos, mas, em número cada vez mais crescente, gente de 50, 60 e até 70 anos!

Há teimosias típicas da meia-idade, como os homens intensificarem o uso dos desconfortáveis sapatos de couro, só para parecerem "mais sérios".

Aqueles antigos tênis escolares ou esportivos, muito comuns no uso juvenil, tiveram que ser relançados sob o apelido de "sapatênis", para convencer os birrentos "coroas" a usarem.

Afinal, se não fosse isso, os "coroas" estariam machucando seus pés e as articulações das pernas com o uso obsessivo dos sapatos de couro, até para ir comprar o pão na esquina.

O pedantismo dos "coroas" também é irritante. A geração dos anos 1950, em parte, passou a vida toda ouvindo soft rock e disco music, e, depois dos 50 anos, se encanou a dizer que "entende de jazz".

Compram às pressas os discos de André Rieu e se acham peritos em música clássica.

Granfinos pescam bate-papos com amigos mais velhos, e, como crianças se intrometendo em conversa de adultos, tomam como "seu" o saber que obtiveram de duas horas de conversa com os mais idosos.

Há uma "ditadura" estética e comportamental que quase ninguém entende.

As pessoas falam mal de uma tal "ditadura da beleza", ou "ditadura da boa forma", ou "ditadura da juventude".

Grande engano. O que somos forçados a ser, sobretudo depois dos 50 anos, é ficarmos feios, fora de forma e sem aquela alegria e disposição da juventude.

Fico imaginando como essa supremacia do hedonismo não passa de uma zona de conforto, uma preguiça muito mal disfarçada.

Muito se fala no "prazer" de ter obesidade mórbida, ignorando o risco de um infarto. Ou de sobrecarregar a mente após os 50 ou 60 anos, só para forçar uma sabedoria.

O que se percebe, porém, é que as ilusões de "superioridade adulta" da meia-idade ou da velhice estão sendo derrubadas.

Do jeito que temos "coroas" e idosos, mesmo "experientes", surtando e cometendo gafes e deslizes como adolescentes desnorteados, a adolescência veio com tudo depois dos 50 anos, como um furacão no qual não podemos barrar o caminho.

A insegurança juvenil será a doença maior da velhice, descontando os males físicos conhecidos.

Será necessário importar modos de vida da juventude para salvar a vida de "coroas" e idosos.

A ideia não é mais viver como um adulto "na marra", sacrificando as articulações e a coluna com sapatos desconfortáveis usados "em nome do bom gosto" ou bombardeando o fígado com o consumo mais constante de bebidas alcoólicas.

E, sob o risco de contrair o mal de Alzheimer, bancar o pedante querendo ser especialista até de experiências que nunca viveu.

Agora a ordem é segurar a onda. Depois dos 50 anos, o que se deve fazer é tomar menos álcool (sobretudo cerveja), aposentar os sapatos de couro (homens) ou de salto alto (mulheres), não ser religioso demais (pode dar margem a fantasias).

Só se ensinará o que se sabe, o que não se sabe não se ensina.

Para combater a "má adolescência" que explode em neuroses adormecidas que ressurgem após os 50, deve-se obter os aspectos positivos da juventude.

Felizmente temos, por outro lado, "coroas" e idosos mais joviais, deixando de lado os excessos da "vida adulta". Já é um bom caminho.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESQUISISMO E RELATORISMO

As mais recentes queixas a respeito do governo Lula ficam por conta do “pesquisismo”, a mania de fazer avaliações precipitadas do atual mandato do presidente brasileiro, toda quinzena, por vários institutos amigos do petista. O pesquisismo são avaliações constantes, frequentes e que servem mais de propaganda do governo do que de diagnóstico. Pesquisas de avaliação a todo momento, em muitos casos antecipando prematuramente a reeleição de Lula, com projeções de concorrentes aqui e ali, indo de Michelle Bolsonaro a Ciro Gomes. Somente de um mês para cá, as supostas pesquisas de opinião apontavam queda de popularidade de Lula, e isso se deu porque os próprios institutos foram criticados por serem “chapa branca” e deles se foi cobrada alguma objetividade na abordagem, mesmo diante de métodos e processos de pesquisa bastante duvidosos. Mas temos também outro vício do governo Lula, que ninguém fala: o “relatorismo”. Chama-se de relatorismo essa mania de divulgar relatórios fantásticos sobre s...

BRASIL PASSOU POR SEIS DÉCADAS DE RETROCESSOS SOCIOCULTURAIS

ANTES RECONHECIDA COMO SÉRIO PROBLEMA HABITACIONAL, A FAVELA (NA FOTO, A ROCINHA NO RIO DE JANEIRO) TORNOU-SE OBJETO DA GLAMOURIZAÇÃO DA POBREZA FEITA PELAS ELITES INTELECTUAIS BRASILEIRAS. A ideia, desagradável para muitos, de que o Brasil não tem condições para se tornar um país desenvolvido está na deterioração sociocultural que atingiu o Brasil a partir de 1964. O próprio fato de muitos brasileiros se sentirem mal acostumados com essa deterioração de valores não significa que possamos entrar no clube de países prósperos diante dessa resignação compartilhada por milhares de pessoas. Não existe essa tese de o Brasil primeiro chegar ao Primeiro Mundo e depois “arrumar a casa”, como também se tornou inútil gourmetizar a decadência cultural sob a desculpa de “combater o preconceito”. Botar a sujeira debaixo do tapete não limpa o ambiente. Nosso país discrimina o senso crítico, abrindo caminho para os “novos normais” que acumulamos, precarizando nosso cotidiano na medida em que nos resig...

“ROCK PADRÃO 89 FM” PERMITE CULTUAR BANDAS FICTÍCIAS COMO O VELVET SUNDOWN

Antes de irmos a este texto, um aviso. Esqueçamos os Archies e os Monkees, bandas de proveta que, no fundo, eram muito boas. Principalmente os Monkees, dos quais resta vivo o baterista e cantor Micky Dolenz, também dublador de desenhos animados da Hanna-Barbera (também função original de Mark Hamill, antes da saga Guerra nas Estrelas).  Essa parcela do suposto “rock de mentira” até que é admirável, despretensiosa e suas músicas são muito legais e bem feitas. E esqueçamos também o eclético grupo Gorillaz, influenciado por hip hop, dub e funk autêntico, porque na prática é um projeto solo de Damon Albarn, do Blur, com vários convidados. Aqui falaremos de bandas farsantes mesmo, sejam bandas de empresários da Faria Lima, como havíamos descrito antes, seja o recente fenômeno do Velvet Sundown, grupo de hard rock gerado totalmente pela Inteligência Artificial.  O Velvet Sundown é um quarteto imaginário que foi gerado pela combinação de algoritmos que produziram todos os elementos d...

“GALERA”: OUTRA GÍRIA BEM AO GOSTO DA FARIA LIMA

Além da gíria “balada” - uma gíria que é uma droga, tanto no sentido literal como no sentido figurado - , outra gíria estúpida com pretensões de ser “acima dos tempos e das tribos” é “galera”, uma expressão que chega a complicar até a nossa língua coloquial. A origem da palavra “galera” está no pavimento principal de um navio. Em seguida, tornou-se um termo ligado à tripulação de um navio, geralmente gente que, entre outras atividades, faz a faxina no convés. Em seguida, o termo passou a ser adotado pelo jornalismo esportivo porque o formato dos estádios se assemelhava ao de navios. A expressão passou a ser usada, também no jornalismo esportivo, para definir o conjunto de torcedores de futebol, sendo praticamente sinônimo de “torcida”. Depois o termo passou a ser usado pelo vocabulário bicho-grilo brasileiro, numa época em que havia, também, as sessões de cinema mostrando notícias do futebol pelo Canal 100 e também a espetacularização dos campeonatos regionais de futebol que preparavam...

LULA DEVERIA SE APOSENTAR E DESISTIR DA REELEIÇÃO

Com o anúncio recente do ator estadunidense Michael Douglas de que iria se aposentar, com quase 81 anos de idade, eu fico imaginando se não seria a hora do presidente Lula também parar. O marido de Catherine Zeta-Jones ainda está na sua boa saúde física e mental, melhor do que Lula, mas o astro do filme Dia de Fúria (Falling Down) , de 1993, decidiu que só vai voltar a atuar se o roteiro do filme valer realmente a pena  Lula, que apresenta sérios problemas de saúde, com suspeitas de estar enfrentando um câncer, enlouqueceu de vez. Sério. Persegue a consagração pessoal e pensa que o mundo é uma pequena esfera a seus pés. Seu governo parece brincadeira de criança e Lula dá sinais de senilidade quando, ao opinar, comete gafes grotescas. No fim da vida, o empresário e animador Sílvio Santos também cometeu gafes similares. Lula ao menos deveria saber a hora de parar. O atual mandato de Lula foi uma decepção sem fim. Lula apenas vive à sombra dos mandatos anteriores e transforma o seu at...

ATÉ PARECE BRIGUINHA DE ESCOLA

A guerra do tarifaço, o conflito fiscal movido pelo presidente dos EUA, Donald Trump, leva ao paroxismo a polarização política que aflige principalmente o Brasil e que acaba envolvendo algumas autoridades estrangeiras, diante desse cenário marcado por profundo sensacionalismo ideológico. Com o "ativismo de resultados" pop das esquerdas woke  sequestrando a agenda esquerdista, refém do vício procrastinador das esquerdas médias, que deixam as verdadeiras rupturas para depois - vide a má vontade em protestar contra Michel Temer e Jair Bolsonaro, acreditando que as instituições, em si, iriam tirá-los de cena - , e agora esperam a escala 6x1 desgastar as mentes e os corpos das classes trabalhadoras para depois encerrar com essa triste rotina de trabalho. A procrastinação atinge tanto as esquerdas médias que contagiaram o Lula, ele mesmo pouco agindo no terceiro mandato, a não ser na produção de meros fatos políticos, tão tendenciosos que parecem mais factoides. Lula transforma seu...

NEM SEMPRE OS BACANINHAS TÊM RAZÃO

Nesta suposta recuperação da popularidade de Lula, alimentada pelo pesquisismo e sustentada pelos “pobres de novela” - a parcela “limpinha” de pessoas oriundas de subúrbios, roças e sertões - , o faz-de-conta é o que impera, com o lulismo se demonstrando um absolutismo marcado pela “democracia de um homem só”. Se impondo como candidato único, Lula quer exercer monopólio no jogo político, se recusando a aceitar que a democracia não está dentro dele, mas acima dele. Em um discurso recente, Lula demoniza os concorrentes, dizendo para a população “se preparar” porque “tem um monte de candidato na praça”. Tão “democrático”, o presidente Lula demoniza a concorrência, humilhando e depreciando os rivais. Os lulistas fazem o jogo sujo do valentonismo ( bullying ), agredindo e esnobando os outros, sem respeitar a diversidade democrática. Lula e seus seguidores deixam bem claro que o petista se acha dono da democracia. Não podemos ser reféns do lulismo. Lula decepcionou muito, mas não podemos ape...

A FALSA RECUPERAÇÃO DA POPULARIDADE DE LULA

LULA EMPOLGA A BURGUESIA FANTASIADA DE POVO QUE DITA AS NARRATIVAS NAS REDES SOCIAIS. O título faz ficar revoltado o negacionista factual, voando em nuvens de sonhos do lulismo nas redes sociais. Mas a verdade é que a aparente recuperação da popularidade de Lula foi somente uma jogada de marketing , sem reflexão na realidade concreta do povo brasileiro. A suposta pesquisa Atlas-Bloomberg apontou um crescimento para 49,7%, considerado a "melhor" aprovação do presidente desde outubro de 2024. Vamos questionar as coisas, saindo da euforia do pesquisismo. Em primeiro lugar, devemos pensar nas supostas pesquisas de opinião, levantamentos que parecem objetivos e técnicos e que juram trazer um recorte preciso da sociedade, com pequenas margens de erros. Alguém de fato foi entrevistado por alguma dessas pesquisas? Em segundo lugar, a motivação soa superficial, mais voltada ao espetáculo do que ao realismo. A recuperação da popularidade soa uma farsa por apenas envolver a bolha lulist...

RADIALISMO ROCK: FOMOS ENGANADOS DURANTE 35 ANOS!!

LOCUTORES MAURICINHOS, SEM VIVÊNCIA COM ROCK, DOMINAVAM A PROGRAMAÇÃO DAS DITAS "RÁDIOS ROCK" A PARTIR DOS ANOS 1990. Como o público jovem foi enganado durante três décadas e meia. A onda das “rádios rock” lançada no fim dos anos 1980 e fortalecida nos anos 1990 e 2000, não passou de um grande blefe, de uma grande conversa para búfalos e cavalos doidos dormirem. O que se vendeu durante muito tempo como “rádios rock” não passavam de rádios pop comuns e convencionais, que apenas selecionavam o que havia de rock nas paradas de sucesso e jogavam na programação diária. O estilo de locução, a linguagem e a mentalidade eram iguaizinhos a qualquer rádio que tocasse o mais tolo pop adolescente e o mais gosmento pop dançante. Só mudava o som que era tocado. Não adiantava boa parte dos locutores pop que atuavam nas “rádios rock” ficarem presos aos textos, como era inútil eles terem uma boa pronúncia de inglês. O ranço pop era notório e eles continuavam anunciando bandas como Pearl Jam e...

A CORTINA DE FUMAÇA DA "SOBERANIA" DO GOVERNO LULA

LULISTAS ALEGAM QUE O PRESIDENTE LULA "RECUPEROU" A POPULARIDADE, MAS OS FATOS DIZEM QUE NÃO. O triunfalismo cego dos lulistas teve mais um impulso diante dos tarifaços do presidente dos EUA, Donald Trump, que pelo jeito transferiu a sua esfera de reality show  para a polarização política. Lula, supostamente vitorioso no episódio, havia se reunido ontem com o empresariado para responder à medida lançada pelo empresário-presidente na pátria de Titio Samuca. Essa suposta vitória se deu pela campanha que os lulistas - que, na prática, são a maior e principal corrente dos movimentos identitários brasileiros - estão lançando, a partir do próprio Governo Federal, defendendo a "soberania" brasileira, em tese insubmissa aos EUA. Lula também anunciou a criação de dois comitês para reagir ao tarifaço do presidente estadunidense. Dizemos em tese, porque nosso culturalismo brasileiro - que vai além das pautas politicistas do "jornalismo da OTAN" - se vale por uma músi...