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APRESENTADORA DA TV BAHIA E SUA CORAGEM EM CRITICAR O GOLEIRO BRUNO


Foi corajosa e, felizmente, eficiente o comentário corajoso da apresentadora do Bahia Meio Dia, Jéssica Senra.

Ela fez duras críticas à contratação do goleiro Bruno, acusado de matar a mãe de seu filho, Eliza Samudio, há cerca de dez anos, para jogar no Fluminense de Feira de Santana.

Ela admite que pessoas condenadas possam ter chance de recomeçarem a vida, mas alertou sobre o risco de criminosos virarem "ídolos".

Pensando nisso, a gente fica pensando em casos como Susane Von Richtofen e Guilherme de Pádua - este pastor da seita elitista-reacionária Lagoinha - , que por sua vez remetem ao assassino de O Fantasma da Liberdade (1974), filme de Luís Buñuel, que deu autógrafos a fãs.

O comentário de Jéssica foi esse:

"Desejamos e precisamos que pessoas que cometem crimes tenham a possibilidade de refazer suas vidas, mas diante de um crime tão bárbaro, tão cruel, poderíamos tolerar que o feminicida Bruno voltasse à posição de ídolo? Que mensagem mandaríamos à sociedade? Atletas são referências. Contratar para um time de futebol um assassino, um homem que mandou matar a mãe do seu filho, esquartejar, dar o corpo para os cachorros comerem é um desrespeito. É um desrespeito a nós mulheres".

É claro que um criminoso deve ser ressocializado, mas isso tem que ser tomado com cuidado, para que essa ressocialização não se converta em privilégio e transforme um crime numa "receita para o sucesso".

Isso é o que setores da sociedade que se ascenderam sob o golpe político de 2016, como pessoas religiosas (sobretudo "espíritas" e neopentecostais) que passam a ter uma misericórdia tóxica.

Acabam investindo nessa forma obsessiva de "perdão aos inimigos", se esquecendo do radical "perda" no qual a misericórdia dá ao algoz uma nova chance, mas sob renúncia de certos benefícios.

Um feminicida se ressocializa até demais, e ele tem mais capacidade de retomar a vida amorosa do que muitos homens de boa índole que acabam vivendo uma solidão irremediável.

Há famílias religiosas que acabam desejando prejuízo e morte a familiares e amigos e acabam se apegando aos criminosos como se fossem entes queridos.

Não há uma fronteira entre o espírito de misericórdia aos algozes e a Síndrome de Estocolmo, que é a adoração que muitos fazem àqueles que os prejudicam, até gravemente.

E isso acaba refletindo na criminalização da vítima, que o machismo feminicida defende e que, no âmbito geral é defendido pelas religiões neopentecostais e pelo "espiritismo" (que aposta na tese de que "fulano sofreu porque fez por merecer").

Ver torcedores de futebol manifestando tietagem com o goleiro Bruno é um horror. Isso num país em que os flamenguistas desprezam a tragédia que atingiu jovens jogadores num incêndio num centro de treinamento do Flamengo, apelidado de "Ninho do Urubu".

Como é um horror ver Guilherme de Pádua incapaz de esconder seu semblante de arrogância. Eu vi as fotos do mais recente casamento dele. Ele expressava um semblante arrogante, com um olhar ao mesmo tempo agressivo e esnobe.

No caso de Bruno, pelo menos o Fluminense de Feira desistiu de contratar o goleiro Bruno.

O Brasil tem um moralismo bastante confuso, esquizofrênico, que se reflete nessa pseudo-filosofia de frases curtas publicadas nas redes sociais.

As pessoas misturam tudo: hippismo, crenças orientais, catolicismo medieval, espiritualismo, moralismo fascista etc.

A sociedade pós-golpe de 2016, na verdade cria do Brasil de Ernesto Geisel, mistura, nesse engodo místico-moralista, Mahatma Gandhi e Olavo de Carvalho, Dom Paulo Evaristo Arns e Edir Macedo.

Idolatramos como "progressistas" uma freira albanesa radicada na Índia e um "médium espírita" de Minas Gerais, que defendiam que as pessoas teriam que sofrer em silêncio as piores desgraças para obter, no futuro, as "bênçãos divinas".

É um Brasil em que mesmo as esquerdas demonstram resíduos muito fortes de conservadorismo.

Daí que é compreensível que as esquerdas estejam conformadas com Jair Bolsonaro presidindo o país, apesar das críticas que fazem a ele. É porque, pelas sobras de conservadorismo nas mentes progressistas, ainda há espaço para elas terem alguma prosperidade.

E imaginar que uma crítica mais eficiente a um criminoso veio de uma apresentadora da conservadora TV Bahia.

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