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LULA SE TRANSFORMOU EM PELEGO?

LULA PRECISA OUVIR A VOZ DA CONSCIÊNCIA: O LULA DO PASSADO SINDICAL.

Com Lula se assanhando na "frente ampla demais", se aliando com tudo que for tucano e emedebista, saudoso por um 1985 perigosamente heterogêneo, a gente fica perguntando o seguinte.

Lula virou pelego?

Pelego é um termo do jargão trabalhista que se inspira no nome de uma pele usada para tornar o assento do cavaleiro mais confortável.

A expressão então foi usada para denominar os trabalhadores que colaboram com o atendimento dos interesses dos patrões. Geralmente se usa quando um líder sindical acaba defendendo a causa dos empresários, em detrimento dos colegas trabalhadores.

É certo que o Brasil precisa de reconstrução, depois da devastação do golpe político de 2016 e dos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro.

Mas Lula erra feio ao articular alianças justamente com os mentores do golpe de 2016.

Os atuais culpados oficiais do golpismo de seis anos atrás, como Sérgio Moro, Deltan Dallagnol, Janaína Paschoal, Kim Kataguiri, Fernando Holiday, Mamãe Falei, Jair Bolsonaro e Eduardo Cunha, com exceção deste último, foram apenas os executores do golpe, os seus "intérpretes".

É como na música. Eles geralmente interpretavam, Bolsonaro foi até um co-autor relativo, mas deles apenas Cunha foi o que participou da equipe de arranjadores.

Eduardo Cunha é o único considerado "mentor" que tornou-se culpado. Michel Temer foi outro, em termos, mas hoje ele, esperto, arrisca um vitimismo, depois de apoiar Jair Bolsonaro. Agora Temer se aproxima dos tucanos clássicos e agora fala em "conversar" com Lula.

Aécio Neves é outro mentor do golpe com alguma culpabilidade. Mas ele anda sumido e não se sabe se as mudanças de narrativas irão inclui-lo, também, entre os "tucanos clássicos", já que circularam rumores de que ele também iria "apoiar Lula".

A "banda podre" do PSDB agora se limitou a João Dória Jr., Eduardo Leite e outros de menor expressão. Tucano de alta plumagem agora é pombo da paz.

Valter Pomar, um dos críticos da aliança entre Lula e Geraldo Alckmin, fez uma comparação interessante, sobre a complicação que esse acordo pode causar:

"Na prática, Lula está assumindo as vestes de Tancredo (Neves), que por sinal foi buscar (José) Sarney para ser vice da Aliança Democrática".

A comparação remete à solução pragmática e fisiológica ara atender a interesses estratégicos. Na época, era para evitar que Paulo Maluf fosse eleito (indiretamente, pelo Colégio Eleitoral) presidente da República.

Mas aqui vale também uma outra curiosidade, sob outro prisma. Lula estará fazendo papel de João Goulart assumindo a fase parlamentarista, em 1961.

E quem foi o primeiro dos primeiro-ministros, naquela época? O mesmo Tancredo Neves que foi buscar Sarney (que em 1961 era um político emergente da UDN maranhense) para ser vice.

Tancredo era do PSD de Juscelino Kubitschek, Benedito Valladares, Ulysses Guimarães (o mesmo "Sr. Diretas"), Ernâni do Amaral Peixoto (genro de Getúlio Vargas e mais famoso como nome de avenida em Niterói).

Um PSD que, apesar do mesmo nome do PSD de Gilberto Kassab (Partido Social Democrático), são estruturalmente diferentes. Mas eu, pessoalmente, até considero "reencarnação" do antigo PSD, de certo modo.

Se comparado com o PTB varguista com o PTB do bolsonarista Roberto Jefferson, este estruturalmente uma "continuidade" formal do antigo partido, o PSD de Kassab está mais próximo do PSD de Juscelino, de alguma forma.

ESQUERDA "LULÁTICA": SUPOSTAS PESQUISAS ELEITORAIS E FALTA DE PERCEPÇÃO DE QUE AS CLASSES TRABALHADORAS SE DESILUDIRAM COM LULA.

Lula não está ciente do preço caríssimo que irá pagar ao se aliar com o "PSDB histórico" ou "PSDB da Constituinte".

Na melhor das hipóteses, ele terá que abrir mão de muita coisa de seu programa de governo.

Lula, o PT e os adeptos do lulismo negam. Acham que, mesmo com Geraldo Alckmin como vice, Lula poderá implantar o "programa-raiz", um desenvolvimentismo ousado com ênfase nas classes trabalhadoras e nas funções públicas do Estado.

Mas Michel Temer também negou que fosse interferir no programa de governo de Dilma Rousseff e deu no que deu: ele implantou os famigerados retrocessos que agravaram o desemprego e levaram o país ao colapso.

A reforma trabalhista só precarizou o mercado de trabalho (o tal "médium de peruca", ainda tão amado por muitos, iria adorar). O teto de gastos fez com que ocorressem até tragédias culturais como o incêndio no Museu Nacional.

A reconstrução nacional, aliás, começa mal, chamando os próprios destruidores para a tarefa. É como chamar o cupim para reconstruir os móveis que ele mesmo destruiu.

Sim, porque o golpe de 2016 não foi invenção de Jair Bolsonaro, da molecada "coxinha" nem do titio Cunha.

Quem inventou o golpe de 2016 foi a mesma "nata" do MDB-PSDB que em 2018 interditou politicamente o mesmo Lula que agora torna-se seu aliado entusiasmado.

E como a reconstrução será feita pelos destruidores, eles impõem condições para que a coisa a ser reconstruída não seja da forma que era quando foi destruída.

Retorno dos direitos trabalhistas? Renascimento da CLT? Fim do teto de gastos públicos? Reversão das privatizações? Resgate do pré-sal e outras riquezas tomadas pelos estrangeiros? Recuperação e fortalecimento da Petrobras?

Esqueçam tudo isso.

Com Lula aliado a políticos envolvidos com privatarias, fim de direitos trabalhistas, enfraquecimento das lutas sindicais, sucateamento de estatais, entre outras barbaridades, com toda certeza o programa de governo do petista estará seriamente comprometido.

Muita coisa vai melar. E o PT já dá sinais disso: substituiu o verbo "revogar" pelo verbo "rever" quanto aos retrocessos trazidos pelo governo Michel Temer.

Lula vai acabar ficando apenas com os projetos sociais de sua grife: Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, cotas para universidades etc. Projetos que até trazem algum benefício social, mas não mexem nos privilégios abusivos das elites nem rompem com o "grosso" das desigualdades sociais.

O maior receio é que a "parte técnica" do próximo governo Lula fique com Geraldo Alckmin, cujo neoliberalismo é a "bagagem" que ele levou consigo ao sair do PSDB. É como se costuma dizer, "Geraldo Alckmin saiu do PSDB, mas o PSDB não saiu dele".

São esses problemas que a cegueira das esquerdas médias quanto a Lula não conseguem perceber.

Lula está se aliando aos representantes dos patrões.

E não é pouca coisa. Pepe Escobar, experiente jornalista conhecedor dos bastidores da geopolítica mundial, afirma de forma contundente que o PSDB é o partido que representa os interesses do Departamento de Estado dos EUA.

Fernando Henrique Cardoso foi um sociólogo patrocinado pela Fundação Ford, uma das ONGs parceiras do governo estadunidense.

O PSDB, ao realizar a farra das privatizações - a chamada "Privataria Tucana" - , estava defendendo interesses dos grandes empresários, do grande capital, em detrimento aos interesses dos trabalhadores.

Como é que as esquerdas ignoram isso e vão considerar a vitória eleitoral de um Lula domesticado e domado pelo tucanato como "a maior conquista das esquerdas da América Latina"?

Não bastasse as charges piegas do cartunista Daniel Pxeira, temos outras charges que falam num "Lula gigante" ou na "obsessão dos trabalhadores por Lula".

Há muito tempo as classes trabalhadoras não acreditam mais em Lula. E, vendo ele ao lado de Geraldo Alckmin, José Sarney e companhia, vão acreditar menos ainda. A conversa do "grande acordo nacional" não mata a fome do povo trabalhador.

Não é invenção, não. Ando pelas ruas e, infelizmente, é isso: o proletariado se decepcionou com Lula. O líder petista virou um pelego, fazendo acordo com os patrões.

E aí, em vez de fortalecimento dos serviços públicos, melhorias salariais reais, mais investimentos em Saúde e Educação públicas e retomada dos direitos trabalhistas, o que se terá, com Lula domesticado, serão apenas paliativos que não rompem com a essência das maldades de Temer-Bolsonaro.

E quem acha que Lula ganhou todas e é o vencedor antecipado das eleições de 2022, soa irônico o alerta de Fernando Henrique Cardoso ao petista: "Sentar antes da cadeira dá azar". Ou seja, clima de "já ganhou" é um forte risco para uma grande derrota.

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