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"IMPRENSA MARROM" DESEDUCOU A OPINIÃO PÚBLICA A RESPEITO DE AMOR AO PRÓXIMO

PESSOAS POBRES SÃO TRATADAS PELA CARIDADE PALIATIVA COMO SE FOSSEM ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO.

A "boa" sociedade, ou seja, a elite do atraso que não admite ser conhecida por este nome, é deformadora da opinião pública, mantendo, mesmo sob o pretexto "progressista", paradigmas de amor ao próximo e salvação humana que remetem aos tempos de obscurantismo religioso próprios do período de obscurantismo político como o da ditadura militar.

Por isso é que, inicialmente, o "não-raivismo", como um ideal a se contrapor ao ódio bolsonarista, desaprovava o senso crítico e permitia um conservadorismo "brando" que, sob o manto da "democracia", coexistiria com ideias progressistas, sempre dentro do acordo entre o inovador e o obsoleto, que faz com que no Brasil as novidades sempre sejam filtradas e diluídas por conceitos velhos que os novos fenômenos, em vez de destrui-los, sempre se adaptam a eles.

Quanto ao amor ao próximo, a "boa" sociedade apenas dá pouquíssimos passos adiante em relação aos seus ancestrais escravocratas. Há apenas uma apreciação paternalista do povo pobre, uma espécie de "sentimento de pena" que já é contestado pelo sociólogo Jessé Souza.

Essa apreciação paternalista é que permite com que se glorifique pretensos filantropos, desvirtuando a ideia de "ajudar o próximo" a uma idolatria barata do suposto benfeitor, transformando os mais necessitados em "apenas um detalhe".

Os pobres são tratados como animaizinhos vira-latas que recebem rações e alguns cuidados precários. E isso é tão grave que até canais de resgate e recuperação de animais perdidos tratam melhor os bichinhos resgatados, que recebem nome e são oferecidos para adoção.

Já os pobres que recebem a "caridade" que beneficia mais o pretenso filantropo - que, na verdade, não é o que contribui com os donativos, mas outras pessoas - , infelizmente, "não têm nome". São anônimos a receber precária distribuição de mantimentos, um pacote geralmente com dois pacotes de arroz, um de feijão, algum outro pacote de macarrão ou algum material de limpeza, juntamente com roupas velhas usadas.

A "boa" sociedade brasileira, a elite dos (de)formadores de opinião que se julga dona da verdade, fabricante de consenso e até dona do mundo - afoita em ver um Brasil que mal consegue resolver seus problemas internos comandando o mundo - , é que desperdiça, como numa masturbação através dos olhos (ou seja, a comoção rebaixada a um entretenimento religioso), os prantos em torno de uma "caridade" que nada ajuda, um espetáculo que se desfaz como castelo de areia atingido pelas ondas do mar.

Em muitos casos, as instituições religiosas ficam comemorando por um ano o ato filantrópico que, nas famílias pobres, acabou em dois dias. E há alegações hipócritas que se contradizem, pois enquanto em um momento dizem que "a caridade transformou vidas", em outro dizem que "a caridade alivia a dor do sofrimento". Ideias profundamente diferentes, diga-se de passagem.

Isso sem falar que a suposta ajuda ao próximo serve de "carteirada" para pessoas ranzinzas se passarem por "caridosas", creditados como "símbolos de bondade e amor ao próximo" que a narrativa da imprensa sensacionalista há muito difundiu, e glorifica figuras como a megera Madre Teresa de Calcutá (premiada por um Ronald Reagan que ordenava massacres na América Central para destruir os movimentos sociais e tirar a vida de ativistas humanitários) e um "médium espírita" de Uberaba que abertamente foi um defensor radical, convicto e nunca arrependido da ditadura militar.

A imprensa marrom não se dedica somente a noticiar crimes, despertar ódio nos espectadores ou trazer fofocas de subcelebridades. Há também muito misticismo religioso. Era assim em O Homem do Sapato Branco, nas revistas Amiga e Contigo, no Povo na TV e Aqui Agora do SBT, que transformou o "médium da peruca" de Uberaba em pretenso filantropo, um "filantropo de novela" que enganou tanta gente que conseguiu iludir até mesmo esquerdistas, ateus e roqueiros, repudiados pelo "bom médium".

Isso mostra o quanto a deseducação da imprensa marrom, mesmo de forma indireta, influi em quem supostamente detesta esse tipo de mídia, como a Jovem Pan e Luciano Huck, supostamente odiados nas redes sociais, influíram seus "detratores" a falar "balada" e a ouvir o mesmo pop juvenil descerebrado vigente há mais de 30 anos.

Tem-se uma educação midiática tenebrosa, horrível, desastrosa, trágica. A "liberdade humana" de caráter identitário ocorre sob influência da Folha de São Paulo. A "cultura popular" dita "refinada" se desenvolve sob influência da Rede Globo. A "cultura popular" mais grosseira, pelo SBT. Os sucessos estrangeiros que os brasileiros ouvem, principalmente nas rádios de pop adulto ou mesmo em festas de flashback, são por influência de uma elite de editoras brasileiras que representam o copyright dessas canções.

A mídia corporativa influi nas mentes das pessoas e não adianta elas fazerem cara feia e mentirem na Internet. Tem valentão de 45 anos que inventa uma mentira de envergonhar até o Pinóquio de que ele nunca consumiu mídia e que na infância só ouvia a vovó contar histórias na reunião da família. Vá mentir assim na Cochinchina.

A visão de "caridade" feita mais para idolatrar pretensos filantropos, blindando megeras de Calcutá e charlatães de Uberaba, mas trata as pessoas pobres como meros animais de rua, é um desserviço feito pela imprensa marrom que formatou o modelo de "solidariedade" defendido pela "boa" sociedade. Uma "solidariedade" que mais parece "sordidariedade", mais preocupada com o "benfeitor" do que com os necessitados, que na prática se tornam "reféns" do "filantropo de plantão".

Não se pensa em qualidade de vida, até porque a "boa" sociedade vive no seu conforto, consumindo muita TV, rádio e redes sociais, assimilando muito veneno midiático que os faz muito conservadores, mas, dentro do politicamente correto do "esquerdismo de resultados" do Brasil do governo Lula, esse conservadorismo é mascarado pela falsa generosidade do não-raivismo, uma ilusão que dá a falsa impressão de que o Brasil se transforma, quando tudo permanece na mesma. E na pior.

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