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O VELHO BRASIL DOS VELHOS PADRÕES QUE TEIMAM EM FICAR EM PÉ

 PARA EXPLICAR USO DE PHOTOSHOP, MARIANA RIOS, DE A GRANDE CONQUISTA, RECORREU A UMA MENSAGEM DO PIONEIRO DOS FAKES E PADRINHO DO FARSANTE JOÃO DE DEUS.

Velho Brasil. Velho, antigo, antiquado Brasil. Um país que trata como se o ano de 1974 nunca tivesse acabado. Um país refém de uma elite de 30% de bem de vida, que só por ter dinheiro demais no bolso, se acha "dona" de tudo: da verdade, do futuro, do senso comum, do povo pobre, do mundo e o que estiver na sua frente.

Vários alertas ocorrem e podemos começar com a constrangedora atitude de Mariana Rios, atriz que agora apresenta o "riélite chou" A Grande Conquista, na Record TV. Só para justificar o uso de Photoshop nas fotos de divulgação do programa, Mariana Rios foi infeliz: recorreu a um farsante religioso, um pretenso "médium" e "filantropo", através de uma mensagem lamentável, carregada de muito vitimismo e hipocrisia moral.

A mensagem tentava desqualificar o senso crítico dos outros, mas na verdade, se volta contra o próprio "médium" de Pedro Leopoldo e Uberaba. Afinal, foi o "médium" que se meteu a opinar sobre o que ele não entendia, em tentar corrigir as pessoas - como forçar os oprimidos a aceitarem sua própria desgraça - e até criticar os outros, como no caso Jair Presente, quando os amigos deste jovem universitário desconfiavam das pretensas "psicografias" (psicografakes) atribuídas ao rapaz. Não é autocrítica, afinal, o "médium" acabava confessando, sem querer, que gostava de fugir da verdade.

O "médium" é um dos símbolos do que há de mais antiquado, retrógrado, obscurantista e fraudulento que persiste no Brasil de hoje. Desde a redemocratização de 1985-2016, não se recuperou o caminho perdido em 1964. Até se tentou recuperar, entre 1985 e 1989, mas José Sarney e Antônio Carlos Magalhães montaram o coronelismo midiático dos anos 1990, vigente até hoje, que reciclaram os velhos valores sócioculturais da Era Geisel.

Pois o caráter viralatista do Brasil de hoje mostra que um religioso medieval, de aparência repugnante e de ideias tão retrógradas que seriam mais adequadas para o Século XII, é tão blindado, bem mais do que o político Aécio Neves - que nutria, pelo "médium", uma forte admiração que, acreditem, foi recíproca - , que ninguém tem a coragem de investigar, preferindo a omissão confortável do que derrubar um ídolo religioso de valor tão baixo e mesquinho, mas adorado profundamente por muitos brasileiros.

Isso é uma amostra de como o Brasil está atrasado, mofado, cheirando o horrendo fedor dos ternos embolorados do farsante "médium" de Uberaba, que apadrinhava criminosos como João de Deus, mas está associado a uma "caridade" que, apesar de fanaticamente glorificada, era fajuta, com mais ostentação do que resultados. Afinal, Uberaba nunca resolveu de verdade o combate à pobreza e anda "escondendo" pobres em cidades vizinhas do Triângulo Mineiro para inventar a lorota de que a cidade mineira virou um "ótimo lugar para morar".

Ninguém consegue investigar a "ficha suja" do suposto "carteiro de Deus" lamentavelmente lembrado por Mariana Rios, ela mesma filha do Triângulo Mineiro, nascida em Araxá, do contrário do que acontece nos EUA, quando há uma disposição de investigar os lados podres de ídolos religiosos, mesmo aqueles que gozam de uma forte idolatria e uma reputação supostamente inabalável, mas que pode se abalar no dia seguinte.

Existe até uma piada, no Brasil, de que para estudar em concurso público deve se evitar os "médiuns", porque "médium não cai em prova". A blindagem é tanta que "médium espírita", no Brasil, é como um tucano que dá certo. João de Deus teve a "sorte", ou o azar, de ser um "médium" de terceira divisão, mas seu padrinho "lápis ou carteiro de Deus", falecido em 2002, ainda goza da mais absoluta impunidade, garantida pelo silêncio que o Espiritismo brasileiro compra de setores da chamada opinião pública.

É chocante isso, como é chocante toda a deterioração sociocultural vigente há 50 anos e que persiste hoje, mesmo num contexto sociopolítico relativamente diferente. Ver um lobby de atores e atrizes da Rede Globo cultuar a breguice de nomes como É O Tchan, Bell Marques, "funk", as "Evidências" de Chitãozinho & Xororó etc, é preocupante. De repente, nossos ouvidos passaram a ser não só penicos, mas verdadeiros vasos sanitários onde se despeja todo o esgoto a que a "boa" sociedade se acha no (seu) direito de despejar.

Em contrapartida, a MPB desaparece, o Rock Brasil desaparece, com alguns de seus nomes até morrendo - eu me surpreendi ao receber, tardiamente, a notícia da morte de Sérvio Túlio, da dupla eletrônica Saara Saara, músico que ultimamente trabalhava na Rádio MEC - , e ainda vem um pessoal de vez em quando querendo esculhambar essas duas categorias respeitáveis da música brasileira.

Estamos num momento terrível, em que influenciadores digitais se tornam os novos ricos, a nova burguesia, se juntando aos poucos que ganham dinheiro com facilidade extrema mas sem muita paixão pelo uso responsável da grana obtida. Enquanto quem tem contas para pagar e precisa reforçar a alimentação por ter um familiar doente, infelizmente, tem que ver o dinheiro reduzindo na conta corrente sem que algum bom samaritano ajude a resolver esses graves problemas financeiros.

E o mercado de trabalho, com os empregadores precisando urgentemente rever os critérios para contratar novos empregados. Muitas empresas já estão preferindo o profissional engraçado do que o competente. Isso é assustador. Já no serviço público, é o contrário, o servidor é ranzinza e mal-humorado, embora goze, assim como o humorista dublê de jornalista que abocanhou cargo no setor privado, do mesmo privilégio econômico de ganhar um bom salário para gastar parte dele com supérfluos como cerveja e viagens para Bariloche.

As entrevistas de emprego se esforçam em ser menos perversas, mas certos procedimentos, como pedir redações sem estabelecer critérios para isso, acabam colocando o profissional gozador acima do talentoso. Nas provas de concursos públicos, as questões são tão complexas e enroladoras que os melhores candidatos se ferram e os "atletas" de concurso público conquistam os empregos que, mais tarde, serão alvos de suas queixas. Para todo o efeito, gabarito de concurso público funciona na lei do "golfinho não é mamífero, mas peixe-boi sim".

Estamos num sistema de valores viciado, deteriorado, que privilegia as mesmas pessoas, sempre os mesmos perfis. No caso dos homens, então, os perfis sempre combinam virilidade, esperteza, aparência agradável e prestígio social, embora profissionalmente eles sejam bem mais medíocres do que sugerem mesmo nas piores hipóteses.

Quando isso vai mudar? É assustador achar que essa pergunta não se responde. Vivemos uma positividade tóxica que mascara a desigualdade e insiste em vender o Brasil como um país "imperfeito, mas feliz", enquanto fora dessas bolhas digitais se vê sofrimento, tristeza e morte entre aqueles que sucumbem à cracolândia ou entre os que têm o infortúnio de arrumar emprego em padrões análogos à escravidão.

Com a idolatria de "médiuns" que apoiam criminosos e ídolos cafonas que deveriam morar no leito frio do esquecimento, nosso Brasil está mais para um país a caminho da UTI do que para o Primeiro Mundo. Seria necessário dar uma verdadeira faxina desses valores para renovar o Brasil, pois não bastam medidas econômicas voltadas ao interesse público, se temos um culturalismo retrógrado. Ou os velhos valores caem, ou quem vai cair é o Brasil.

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