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COMERCIAL DA VOLKSWAGEN COM ELIS REGINA: SIMPÁTICO MAS SERIAMENTE EQUIVOCADO

 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL USOU UMA DUBLÊ PARA INSERIR IMAGENS DIGITAIS DE ELIS REGINA PARA UM "DUETO" DIGITAL COM A FILHA, MARIA RITA MARIANO.

Um comercial comemorativo dos 70 anos da Volkswagen do Brasil está dando o que falar. Lançando o novo modelo ID.Buzz enquanto aposenta a velha Kombi, a montadora produziu uma peça de dois minutos em que uma montagem digital recriou a cantora Elis Regina, para um dueto virtual da cantora, falecida em 1982 quando Maria Rita era bem criança, e a filha agora adulta, com 45 anos de idade.

Uma dublê foi utilizada para gravar o filme publicitário, fazendo os gestos de como se estivesse cantando enquanto dirige a Kombi. Nela a tecnologia digital inseriu os movimentos de Elis Regina produzidos pela Inteligência Artificial enquanto a nova gravação da música "Como Nossos Pais", de Belchior, que fez sucesso na voz da cantora gaúcha, simulou um dueto virtual da voz original de Elis com a voz que Maria Rita gravou em estúdio para ser tocada no comercial.

As imagens das cantoras e alternam com cenas de pessoas comuns brincando e sorrindo, evocando levemente a cultura hippie e incluindo cenas como uma pessoa com uma camiseta com o rosto de Belchior e uma mão de criança brincando com a miniatura de um Fusca na cama. No final, modelos recentes da Volkswagen aparecem reunidos para celebrar os 70 anos da montadora.

O comercial seria muito simpático, positivo e bastante admirável, se não fossem por duas coisas. Primeiro, que a Volkswagen do Brasil tem um passado sombrio de apoio à ditadura militar, não bastasse o DNA nazista da montadora alemã. Consta-se que a filial brasileira emprestava carros para a repressão ditatorial transportar presos políticos para as prisões do DOI-CODI e DOPS. A Volkswagen brasileira também financiou a ditadura, dando apoio logístico a ela, e, antes, era uma das empresas engajadas no IPES-IBAD, "instituto" que defendeu a derrubada do governo João Goulart.

Segundo, a música utilizada, "Como Nossos Pais", costuma ser muito mal compreendida. Com a convicção de papagaios emitindo sons, Zezé di Camargo e sua filha Wanessa cantaram a música num especial do Domingão do Faustão, anos atrás. Esquecem os brasileiros que a composição de Belchior é uma letra amarga que critica a falência da Contracultura no Brasil do AI-5 e do "milagre brasileiro".

"Ainda somos os mesmos e vivemos / Como nossos pais", concluiu, no refrão sarcástico, Belchior, mostrando que o refrão não deve ser encarado como um motivo de orgulho, mas um motivo de vergonha, porque é uma bronca nas gerações mais jovens que acabam repetindo a acomodação e a indiferença dos seus pais com a realidade da vida.

Também devemos alertar do perigo da popularização do uso do deep fake, que pode, por exemplo, fazer com que John Lennon "cante" canções solo que Paul McCartney lançou de 1981 em diante. E isso é só o caso mais ingênuo, pois o perigo, de dimensões catastróficas, é o deep fake ser utilizado como falsa prova para caluniar outras pessoas, em sério e gravíssimo linchamento moral e assassinato de reputação.

Temos também uma perigosíssima cultura trazida pelo traiçoeiro Espiritismo brasileiro, uma religião bem mais perigosa e ameaçadora do que as seitas neopentecostais, mas que é blindada até o extremo da complacência quanto aos piores erros dos chamados "médiuns", inclusive o célebre "médium da peruca" de Uberaba, que carrega nas costas a morte suspeita de um sobrinho, que teria sido envenenado depois que decidiu denunciar fraudes mediúnicas de seu tio.

Anteontem mesmo, quando eu estava num ônibus para o Terminal Dom Pedro II, aqui em São Paulo, duas senhoras que falavam sobre escândalos e denúncias envolvendo religiões, comentavam que "nunca ouviram denúncia alguma" contra a religião "espírita". Coitadas, tão tolamente ingênuas! O Espiritismo brasileiro investe uma grana preta e infinita para comprar o silêncio da imprensa. Consta-se que a religião é beneficiário de um poderosíssimo esquema de lavagem de dinheiro empresarial, enquanto, em contrapartida, sua festejada "caridade" nunca contribuiu para acabar com a pobreza no Brasil.

No YouTube, vemos fakes espirituais em constrangedoras mensagens. Supostos espíritos de personalidades falecidas "aparecem" com mensagens de merhandising religioso, quase sempre seguindo o mesmo roteiro da cartilha de "Nosso Lar": ida para o umbral, deslocamento para uma colônia espiritual (concebida como um enorme hospital privado), conhecimento do Evangelho e apelo religioso para as pessoas viventes na Terra.

Tudo isso é difundido sob a desculpa da tão alardeada "caridade espírita", um processo fajuto e de baixos resultados sociais que consistem em meras doações de mantimentos, dados em pequenas quantidades para famílias numerosas, uma filantropia tão medíocre que ela só serve para blindar os tais "médiuns", quando acusados de ações ilícitas ou posturas deploráveis.

O Espiritismo brasileiro é o braço religioso do culturalismo vira-lata que precisa ser denunciado, combatido e repudiado, uma vez que é a religião cujas pregações exploram de forma leviana e perversa o sofrimento humano, em nome de uma suposta "vida melhor" num "mundo espiritual" que carece de estudos sérios para verificar o que realmente se trata. É lamentável que, certa vez, a própria Maria Rita passou pano no "médium da peruca" nas redes sociais.

Atualmente, o Espiritismo brasileiro é blindado pela Folha de São Paulo, que como a Volkswagen do Brasil, colaborou estrategicamente com a ditadura militar e sua repressão aos "subversivos" à ordem vigente. O próprio "médium da peruca" de Uberaba foi um radicalíssimo e, talvez, até colaborador da ditadura, ao pregar, de forma subliminar, que, se as pessoas comuns, ao morrerem, vão para uma "vida melhor", os mortos pela ditadura irão para "um lugar melhor ainda".

Apesar disso, a religião "espírita" é blindada até pelas esquerdas, atitude vergonhosa se compararmos com as ações que Christopher Hitchens fez para denunciar Madre Teresa de Calcutá e a mobilização de Leah Remini para criminalizar a Cientologia. Mas o Brasil tem essa elite do bom atraso que, se não sabe o que uma letra de Belchior quer dizer, sabe muito menos quais as farsas das pretensas psicografias.

E assim a "boa" sociedade brasileira vai dormir tranquila diante dos absurdos surreais do Brasil, achando que, depois de morrerem, vão para a Escandinávia. Apesar de Lula, o Brasil de hoje ainda é o mesmo e vivendo como nos tempos da ditadura militar.

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