Pular para o conteúdo principal

LULA FORÇA A BARRA PELA FALSA GRANDEZA

LULA BRINCA DE FAZER HISTÓRIA; JÁ PERSONALIDADES COMO MARTIN LUTHER KING TRATAVAM O PAPEL HISTÓRICO COMO COISA SÉRIA.

Foi muito infeliz a frase de Lula dita anteontem durante a abertura da 4ª Conferência Nacional de Cultura, realizadano Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Nem tanto pela ideia que foi expressa, mas pela obsessão pelo vínculo pessoal do presidente brasileiro a uma pauta estrangeira e a um fato alheio ao seu cotidiano.

"Há dias atrás como eu apanhei por falar da Palestina. O tempo vai provar que eu tava certo. Você não pode fazer o que foi feito. Anunciar comida e mandar torpedo, mandar bala para matar aquelas pessoas”, disse o presidente.

Até parece que a sorte das circunstâncias favorece Lula, que não esconde seu desejo em ser o menino mimado da História mundial. Lula dá fortes indícios de que busca o Nobel da Paz e sua performance como um líder político mais parece competição de uma gincana escolar.

O "massacre da farinha", quando o exército israelense matou 112 pessoas, usando a desculpa de que os palestinos "atrapalhavam" a "ajuda humanitária" de Israel, parece ter favorecido a carteirada opinativa de Lula, cuja fala sobre o genocídio em Gaza é atribuída pelo presidente brasileiro como se fosse a descoberta da pólvora.

É como se Lula tivesse sido o primeiro indivíduo a definir os ataques de Istael contra o povo palestino, o que é um contrassenso. Afinal, esses ataques acontecem há mais de 55 anos e, quando Lula ainda era um operário, já com o dedo mindinho da mão esquerda amputado devido a um acidente de trabalho, já se falava em genocídio.

O problema é que sempre prevaleceu a narrativa da OTAN, Organização Tratado do Atlântico Norte), através da chamada "imprensa democrática do Ocodente", de que Israel - país cujo povo judeu foi vitimado pelo holocausto nazista - estaria combatendo o terrorismo sob o pretexto de garantir a paz entre os povos.

A imprensa oficial, a partir das agências de notícias ocidentais, não falava em genocídio, mas era claro que, nos bastidores, jornalistas lúcidos que não podiam manifestar seus pontos de vista porque seu trabalho era difundir a visão de seus patrões, já definiram esses ataques como genocídio.

Lula, portanto, não inventou a roda nem descobriu o fogo ao definir os ataques contra o povo palestino - ou, em outros momentos, contra iranianos e contra os muçulmanos em geral - como genocídios. Definir assim é reconhecer fatos, mas Lula tenta se vincular a eles, numa clara intenção de promoção pessoal em função de fatos estrangeiros.

Lula, quando esteve na prisão em função do arbítrio abusivo da Operação Lava Jato,  leu bastante muitas biografias de grandes personalidades humanitárias ou políticas. E aí, sentiu-se na obsessão em ser uma delas, caprichando na pose de estadista nos discursos dados nos encontros estrangeiros. Lula age como se quisesse parecer, artificialmente, como aqueles grandes oradores que fizeram história, com suas frases de efeito que, na posteridade, preenchem enciclopédias e almanaques.

Daí a busca artificial por essa grandeza, como se ser um Martin Luther King, um Mahatma Gandhi e um Winston Churchill pudesse ser fabricado por gincanas escolares. Mas até as ideias de Lula sobre justiça social e paz são tão previsíveis que seria muito mais adequado que se evitasse o apelo das palavras e se preferisse o silêncio das ações concretas.

Com toda a imperfeição que pode representar no âmbito político, o presidenciável derrotado Ciro Gomes, que pelo jeito teria sido um presidente mais pé-no-chão do que Lula, fez críticas realistas e consistentes, mas que foram ridicularizadas pela mídia de esquerda.

Em entrevista à rede CNN, Ciro afirmou que a política econômica de Lula, na essência, é a mesma do governo Bolsonaro, e por isso não há mudanças, apesar dos aparentes êxitos do atual governo, divulgados e comemorados há poucos dias.

"Não houve mudança alguma. É chocante o que estou dizendo. Desde indicadores importantes da economia, como superávit primário, meta de inflação e câmbio flutuante. Justo ou não, correto ou não, qual é a diferença na condução do modelo econômico entre o que Lula pratica e o que Bolsonaro adota?", perguntou o ex-governador cearense.

Na mesma entrevista, Ciro também criticou, de maneira realista, a política externa de Lula, daí a obsessão do petista em obter promoção pessoal. E as críticas ainda foram bastante construtivas:

"(O presidente Lula) Precisa parar de querer ser popstar estrangeiro e trabalhar aqui. Lula tem essa virtude, ele é muito trabalhador, ao contrário do Bolsonaro que era preguiçoso. Tem muita gente que também não sabe o tamanho da preguiça. Melhora a sua equipe. É uma equipe 'indizível'. Gente deslumbrada. Mas a quantidade de dinheiro que está sendo gasto pra viajar é um desastre completo".

E aí vemos o quanto os lulistas agem como uma gangue de valentões de escola, protegendo seu líder valentão que precisa ganhar sua gincana e obter o prêmio, no caso o Nobel da Paz. Daí a truculência com que o portal Brasil 247 fez com Ciro Gomes, contribuindo para sabotar o compromisso democrático da diversidade competitiva eleitoral, obrigação renegada por Lula, que só quer a democracia para ele.

Quanto ao comentário de que "o tempo dirá que eu estou certo", dito por Lula a respeito do genocídio, devemos lembrar que é uma declaração arrogante, um forçamento de barra ("forçação" não existe - favor não insistir) para impor um prestígio histórico, como se a História fosse uma empregada do Lula.

Mas o presidente brasileiro se esquece que o juízo da História não se faz em dois dias, se colocando numa capsula do tempo para ser aberta no século seguinte. Não é cono concorrer ao Oscar. E, além disso, as grandes personalidades nunca quiseram impor seu prestígio na posteridade. Alguém ouviu Martin Luther King ou Charles Chaplin dizerem que "o tempo vai mostrar que eles estão certos"?

A busca frenética por grandeza encolhe Lula. o presidente brasileiro cada vez mais diminui seu tamanho, pois a grandiloquência, que é o que Lula busca, é a grandeza apenas na forma, mas cujos conteúdo e essência são pequeninos. Lula quer se impor como uma personalidade cuja grandeza histórica atravessaria séculos. Mas não vai conseguir.

Papel histórico não se impõe. Se faz. E tudo sem o simulacro que Lula está fazendo: canetadas, estatísticas, relatórios, discursos, cerimônias, rituais, encenações, opiniões. Tudo isso é apenas um espetáculo cenográfico que quase nada diz quanto às realizações do atual mandato de Lula, com certeza absoluta o mais medíocre dos três.

Além disso, Lula não fez diferencial algum no seu comentário sobre o genocídio em Gaza. Se o atentado contra os palestinos, como no "massacre da farinha", é um genocídio, os fatos falam por si, pouco importando quem fizesse essa definição. Até porque, antes de Lula, milhares de personalidades, algumas mais relevantes do que o presidente brasileiro, se destacaram melhor com este mesmo ponto de vista, décadas atrás.

 


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FUNQUEIROS, POBRES?

As notícias recentes mostram o quanto vale o ditado "Quem nunca comeu doce, quando come se lambuza". Dois funqueiros, MC Daniel e MC Ryan, viraram notícias por conta de seus patrimônios de riqueza, contrariando a imagem de pobreza associada ao gênero brega-popularesco, tão alardeada pela intelectualidade "bacana". Mc Daniel recuperou um carrão Land Rover avaliado em nada menos que R$ 700 mil. É o terceiro assalto que o intérprete, conhecido como o Falcão do Funk, sofreu. O último assalto foi na Zona Sul do Rio de Janeiro. Antes de recuperar o carro, a recompensa prometida pelo funqueiro foi oferecida. Já em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, outro funqueiro, MC Ryan, teve seu condomínio de luxo observado por uma quadrilha de ladrões que queriam assaltar o famoso. Com isso, Ryan decidiu contratar seguranças armados para escoltá-lo. Não bastasse o fato de, na prática, o DJ Marlboro e o Rômulo Costa - que armou a festa "quinta coluna" que anestesiou e en

FIQUEMOS ESPERTOS!!!!

PESSOAS RICAS FANTASIADAS DE "GENTE SIMPLES". O momento atual é de muita cautela. Passamos pelo confuso cenário das "jornadas de junho", pela farsa punitivista da Operação Lava Jato, pelo golpe contra Dilma Rousseff, pelos retrocessos de Temer, pelo fascismo circense de Bolsonaro. Não vai ser agora que iremos atingir o paraíso com Lula nem iremos atingir o Primeiro Mundo em breve. Vamos combinar que o tempo atual nem é tão humanitário assim. Quem obteve o protagonismo é uma elite fantasiada de gente simples, mas é descendente das velhas elites da Casa Grande, dos velhos bandeirantes, dos velhos senhores de engenhos e das velhas oligarquias latifundiárias e empresariais. Só porque os tataranetos dos velhos exterminadores de índios e exploradores do trabalho escravo aceitam tomar pinga em birosca da Zona Norte não significa que nossas elites se despiram do seu elitismo e passaram a ser "povo" se misturando à multidão. Tudo isso é uma camuflagem para esconder

DEMOCRACIA OU LULOCRACIA?

  TUDO É FESTA - ANIMAÇÃO DE LULA ESTÁ EM DESACORDO COM A SOBRIEDADE COM QUE SE DEVE TER NA VERDADEIRA RECONSTRUÇÃO DO BRASIL. AQUI, O PRESIDENTE DURANTE EVENTO DA VOLKSWAGEN DO BRASIL. O que poucos conseguem entender é que, para reconstruir o Brasil, não há clima de festa. Mesmo quando, na Blumenau devastada pela trágica enchente de 1983, se realizou a primeira Oktoberfest, a festa era um meio de atrair recursos para a reconstrução da cidade catarinense. Imagine uma cirurgia cujo paciente é um doente em estado terminal. A equipe de cirurgiões não iria fazer clima de festa, ainda mais antes de realizar a operação. Mas o que se vê no Brasil é uma situação muito bizarra, que não dá para ser entendida na forma fácil e simplória das narrativas dominantes nas redes sociais. Tudo é festa neste lulismo espetaculoso que vemos. Durante evento ocorrido ontem, na sede da Volkswagen do Brasil, em São Bernardo do Campo, Lula, já longe do antigo líder sindical de outros tempos, mais parecia um showm

FOMOS TAPEADOS!!!!

Durante cerca de duas décadas, fomos bombardeados pelo discurso do tal "combate ao preconceito", cujo repertório intelectual já foi separado no volume Essa Elite Sem Preconceitos (Mas Muito Preconceituosa)... , para o pessoal conhecer pagando menos pelo livro. Essa retórica chorosa, que alternava entre o vitimismo e a arrogância de uma elite de intelectuais "bacanas", criou uma narrativa em que os fenômenos popularescos, em boa parte montados pela ditadura militar, eram a "verdadeira cultura popular". Vieram declarações de profunda falsidade, mas com um apelo de convencimento perigosamente eficaz: termos como "MPB com P maiúsculo", "cultura das periferias", "expressão cultural do povo pobre", "expressão da dor e dos desejos da população pobre", "a cultura popular sem corantes ou aromatizantes" vieram para convencer a opinião pública de que o caminho da cultura popular era através da bregalização, partindo d

VIRALATISMO MUSICAL BRASILEIRO

  "DIZ QUE É VERDADE, QUE TEM SAUDADE .." O viralatismo cultural brasileiro não se limita ao bolsonarismo e ao lavajatismo. As guerras culturais não se limitam às propagandas ditatoriais ou de movimentos fascistas. Pensar o viralatismo cultural, ou culturalismo vira-lata, dessa maneira é ver a realidade de maneira limitada, simplista e com antolhos. O que não foi a campanha do suposto "combate ao preconceito", da "santíssima trindade" pró-brega Paulo César de Araújo, Pedro Alexandre Sanches e Hermano Vianna senão a guerra cultural contra a emancipação real do povo pobre? Sanches, o homem da Folha de São Paulo, invadindo a imprensa de esquerda para dizer que a pobreza é "linda" e que a precarização cultural é o máximo". Viralatismo cultural não é só Bolsonaro, Moro, Trump. É"médium de peruca", é Michael Sullivan, é o É O Tchan, é achar que "Evidências" com Chitãozinho e Xororó é um clássico, é subcelebridade se pavoneando

ESQUERDAS CORTEJANDO UMA CANTORA IDENTITARISTA... MAS CAPITALISTA

CARTAZ DA BOITEMPO JUNTANDO KARL MARX E MADONNA NO MESMO BALAIO. O Brasil está tendo uma aula gratuita do que é peleguismo, com Lula fazendo duplo jogo político enganando o povo pobre e se aliando com os ricos, e do que é pequena burguesia, com uma elite de classe média abastada que aoosta num esquerdismo infantilizado, identitarista e indiferente aos verdadeiros problemas das classes trabalhadoras. As esquerdas mainstream do Brasil, as esquerdas médias, são a tradução local da pequena burguesia falada pela teoria marxista. Uma esquerda que quer soar pop e que, através dos “brinquedos culturais” que fazem do Brasil a versão vida real da novela das 21 horas da Rede Globo, quer o mundo da direita moderada convertido num pretenso patrimônio esquerdista. Isso faz as esquerdas soarem patéticas em muitos momentos. Como se observa tanto na complacência do jornalista Julinho Bittencourt, da Revista Fórum, com o fato da apresentação de Madonna em Copacabana, no Rio de Janeiro, não ter músicos e

ALEGRIA TÓXICA DO É O TCHAN É CONSTRANGEDORA

O saudoso Arnaldo Jabor, cineasta, jornalista e um dos fundadores do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC - UNE), era um dos críticos da deterioração da cultura popular nos últimos tempos. Ele acompanhava a lucidez de tanta gente, como Ruy Castro e o também saudoso Mauro Dias que falava do "massacre cultural" da música popularesca. Grandes tempos e últimos em que se destacava um pensamento crítico que, infelizmente, foi deixado para trás por uma geração de intelectuais tucanos que, usando a desculpa do "combate ao preconceito" para defender a deterioração da cultura popular.  O pretenso motivo era promover um "reconhecimento de grande valor" dos sucessos popularescos, com todo aquele papo furado de representar o "espírito de uma época" e "expressar desejos, hábitos e crenças de um povo". Para defender a música popularesca, no fundo visando interesses empresariais e políticos em jogo, vale até apelar para a fal

O PESADELO GAÚCHO QUE DESAFIA O "SONHO BRASILEIRO"

O CENTRO DE PORTO ALEGRE COM ÁGUA QUE ATINGIU CINCO METROS DE ALAGAMENTO. Não há como sonhar grande. O risco de cair da cama é total. A terrível tragédia do temporal no Rio Grande do Sul é algo que nos faz parar para pensar. Isso é normal para um país próspero? Falta alguma consciência ambiental no nosso país? Até o fechamento deste texto, 56 pessoas morreram e vários estão entre feridos, desabrigados e desaparecidos. Porto Alegre, Caxias do Sul e Gramado estão entre as inúmeras cidades atingidas por chuvas intensas, vendavais, trovoadas e transborda de rios, entre eles o Guaíba. E nós manifestamos pesar sobre essa traumatizante ocorrência e solidariedade às vítimas. A situação é muito triste, mas não deixa de ser lamentável o oportunismo das subcelebridades, aspirantes a super-ricos, de oferecer doações milionárias para as vítimas das enchentes. Uma sociedade que, em condições naturais, quer demais para si e, egoísta, não quer abrir mão do supérfluo para ajudar o próximo a ter o neces

BRASIL NO APOGEU DO EGOÍSMO HUMANO

A "SOCIEDADE DO AMOR" E SEU APETITE VORAZ DE CONSUMIR O DINHEIRO EM EXCESSO QUE TEM. Nunca o egoísmo esteve tão em moda no Brasil. Pessoas com mão-de-vaca consumindo que nem loucos mas se recusando a ajudar o próximo. Poucos ajudam os miseráveis, poucos dão dinheiro para quem precisa. Muitos, porém, dizem não ter dinheiro para ajudar o próximo, e declaram isso com falsa gentileza, mal escondendo sua irritação. Mas são essas mesmas pessoas que têm muito dinheiro para comprar cigarros e cervejas, esses dois venenos cancerígenos que a "boa" sociedade consome em dimensões bíblicas, achando que vão viver até os 100 anos com essa verdadeira dieta do mal à base de muita nicotina e muito álcool. A dita "sociedade do amor", sem medo e sem amor, que é a elite do bom atraso, a burguesia de chinelos invisível a olho nu, está consumindo feito animais vorazes o que seus instintos veem como algo prazeroso. Pessoas transformadas em bichos, dominadas apenas por seus instin

FLUMINENSE FM E O RADIALISMO ROCK QUE QUASE NÃO EXISTE MAIS

É vergonhoso ver como a cultura rock e seu mercado radiofônico se reduziram hoje em dia, num verdadeiro lixo que só serve para alimentar fortunas do empresariado do entretenimento, de promotoras de eventos, de anunciantes, da mídia associada, às custas de produtos caros que vendem para jovens desavisados em eventos musicais.  São os novos super-ricos a arrancar cada vez mais o dinheiro, o couro e até os rins de quem consome música em geral, e o rock, hoje reduzido a um teatro de marionetes e um picadeiro da Faria Lima, se tornou uma grande piada, mergulhada na mesmice do hit-parade . Ninguém mais garimpa grandes canções, conformada com os mesmos sucessos de sempre, esperando que Stranger Things e Velozes e Furiosos façam alguma canção obscura se popularizar. Nos anos 1980, houve uma rádio muito brilhante, que até hoje não deixou sucessora à altura, seja pelos critérios de programação, pelo leque amplo de músicas tocadas e pela linguagem própria de seus locutores, seja pelo alcance do s