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A ELITE DO BOM ATRASO NÃO SOFREU COM A DITADURA MILITAR

A BURGUESIA "DEMOCRÁTICA" DE HOJE CONTINUA TÃO GANANCIOSA QUANTO NOS TEMPOS DA DITADURA MILITAR.

Nem todo mundo foi preso, torturado ou morto durante a ditadura militar. Salvo exceções, a burguesia brasileira, hoje camuflada de “gente simples” para impor suas narrativas, seus ídolos, seus valores e até suas gírias para o povo brasileiro em geral, nunca sofreu nos anos de chumbo, sempre permanecendo bem de vida, pelo menos desde que João Goulart foi expulso do governo naquele Primeiro de Abril de 1964.

Hoje a conhecida burguesia de chinelos se considera “tudo de bom”, não se admite burguesa, não se acha elite porque fala “os cara e as mulé”, paga IPVA e bebe aguardente artesanal duas vezes por mês nos mais vagabundos botecos das bocas-de-lixo da vida. E ainda tem o luxo de se achar “a sociedade mais legal do planeta”, prestes a dominar o mundo com sua megalomania festiva.

Pior: essa burguesia, cujos avós suplicavam pela queda de Jango seis décadas atrás, se atrevem a se proclamar “democráticas” e, às vezes, até “de esquerda”, manifestando falsa simpatia por Karl Marx e Che Guevara. Antes apoiadora da ditadura militar e do AI-5, essa classe hoje apoia Lula e se acha na certeza de botar o atual presidente para tomar posse num quarto mandato, em janeiro de 2027.

Hipócrita, essa elite do bom atraso esconde que viveu bem durante os anos de chumbo, comprando carrões, televisões de última geração, grandes engradados de cerveja, bons estoques de cigarros, entre outros bens supérfluos mais viagens supérfluas e narcisistas ao exterior e uns ingressos para ver jogos de futebol nos estádios. É uma classe que, descontados os assaltos e, às vezes, latrocínios que sofriam sob as armas dos pobres revoltados, sempre viveu feliz até mesmo quando acusados de subversão à ordem ditatorial eram capturados pela repressão militar para serem presos, torturados e, não obstante, mortos.

Os assaltos não reeducaram essa elite que continua gananciosa apesar de abrir mão do luxo ortodoxo de antes, trocando, por exemplo, Frank Pourcel por Exaltasamba e Ray Conniff por É O Tchan. Apesar da aparente levesa e simplicidade visual, a atual burguesia de chinelos, que agora toma chope misturada com gente comum, continua egoísta, autoritária e gananciosa.

Essa “boa” sociedade, que se gaba em se achar a “sociedade do amor”, não admite o pensamento crítico e foge, boicotando, qualquer texto que conteste o sistema de valores atual, na verdade uma reciclagem do mesmo sistema de valores de 50 anos atrás. Resíduos da mentalidade autoritária e conservadora que a “moderna” elite de hoje não se livrou nem quer se livrar, com todo o aparato “bacana” dos “novos” tempos.

Essa sociedade é gananciosa, querendo demais para si como ocorreu desde seus antepassados do Brasil-colônia. Não abrem mão do supérfluo e nem do nocivo, como os cigarros, para ajudar o próximo e o egoísmo da elite do bom atraso é tanto que nem para ajudar a elite do bom atraso gaúcha, que perdeu tudo devido a temporais e enchentes, se interessa a fazer. Quando faz doações, é sob o desprezo do sofrimento alheio e visando a lacração nas redes sociais.

Infelizmente, essa sociedade, que se acha “mais povo que o povo”, é que dita os valores, ídolos e linguagens que muitos supõem serem universais e atemporais, ignorando que esses valores, privativos, estão limitados no tempo fugaz das últimas cinco décadas e no espaço social restrito a essa frente ampla burguesa que vai do pobre de novela ao famoso cheio da grana.

Daí o vexame da gíria “balada”, cria da burguesia festiva paulistana patenteada pela Jovem Pan e por Luciano Huck, que se impôs como uma gíria “acima dos tempos e das tribos” e que, agora, começa a agonizar na condição de um jargão típico de “sertanejos” cervejeiros e colunistas de fofocas. Una expressão privativa da burguesia, um eufemismo para drogas alucinógenas (as tais “balas”), que chegou a ser imposta até para crianças, roqueiros e nordestinos.

Por isso o Brasil sofre o fardo pesado de ser comandado pela mesma velha ordem social que se traveste sob o verniz do “novo”, que, privilegiada nos tempos do “milagre brasileiro”, ainda acha que pode mandar em tudo no Brasil, com uma “democracia” e uma “liberdade” feitas só para eles, sejam sob o governo de um general de plantão, sejam sob o governo do bonachão Lula.

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