PELO SEU PODER DE MÍDIA, LUCIANO HUCK FOI CAPAZ DE POPULARIZAR A GÍRIA "BALADA", LIGADA A UM ALUCINÓGENO, A PONTO DE SER FALADA ATÉ POR CRIANÇAS, ROQUEIROS E NORDESTINOS.
Todo cenário político socialmente excludente tem o outro lado: os beneficiários, detentores de privilégios exorbitantes. Gente com senso de respeito humano igual a zero, mas que ninguém percebe porque pensa que os abusadores são sempre distantes. Inimigos internos que mais parecem externos, opressores de ternos ou armaduras ou vestidos de gala, agressores que vivem gritando e só estão de mau humor.
Não se percebe a nova gramática dos opressores que se deu depois de 1974, e que hoje ganha uma roupagem de “tudo de bom” para enganar muita gente desprevenida (e desprevenida porque eventualmente boicota os textos mais “difíceis” deste blogue).
O Brasil se contaminou de um culturalismo moldado por um consórcio de donos da mídia, de empresários do entretenimento, de banqueiros, de think-tanks diversos - já tivemos o IPES-IBAD, recentemente o Instituto Millenium, o Renova BR e, agora, a Esfera Brasil - , da parcela popularesca (da TV Tupi dos últimos dez anos de existência ao SBT, Record TV, Band e Rede TV!), que “desenharam” o país com tanto ou mais empenho que a Rede Globo de Televisão.
Luciano Huck popularizou a gíria “balada”, jargão de jovens riquinhos da Faria Lima, do nível de um Alexandre Accioly e de um Álvaro Garnero da vida, e de repente a mesma gíria (“balada” é eufemismo para rodízio de pílulas alucinógenas), patenteada pela Jovem Pan, passou a ser falada até por pais de família, roqueiros e até crianças desavisados até mesmo nos rincões de Recife, Salvador, Goiânia e Belém.
Sílvio Santos bregalizou culturalmente o Brasil, criando uma “cultura popular” postiça, brega-popularesca, que fez o povo pobre ficar prisioneiro de sua própria caricatura, sempre em conformação com sua inferioridade sociocultural. O homem sorriso, envolvido com negócios espúrios devido a favorecimentos ilícitos pelo apoio à ditadura militar, deu um golpe mortal na cultura popular e o povo pobre nunca mais foi o mesmo.
Pedro Alexandre Sanches, o freelancer informal dos planos culturalistas de Otávio Frias Filho, seu mestre - que Sanches fingiu odiar com a falsa xingação de “Tavinho Golpes Finos” dada ao finado patrão-colega - , foi gourmetizar a bregalização desenvolvida pelo Senhor Abravanel e, o que é pior, servir esse engodo cultural para o cardápio ideológico das esquerdas, sem medir escrúpulos de, como infiltrado na mídia esquerdista, o “filho da Folha” destruir as esquerdas por dentro, abrindo caminho para as desventuras golpistas que conhecemos a ponto de arrasar até com a volta de Lula, hoje uma marionete da mesma elite neoliberal que chegou a colocá-lo na cadeia em 2018.
E aí vemos o que deu nessa tragédia que financia a felicidade tóxica de uns poucos, sejam vizinhos barulhentos incomodando impunemente durante a madrugada, sejam famílias ocupadas no consumismo frenético e calculista de supérfluos como mera etiqueta social.
Rio de Janeiro reduzido a uma trincheira do crime organizado e uma arena dos “Tribunais de Internet” e da maracanização da vida humana. E São Paulo reduzida a um parque de diversões de cervejeiros e fumantes irresponsáveis com mãos de vaca a seguear cada centavo que lhes garanta o divertimento mais supérfluo, do qual eles já nem sentem prazer com tudo que lhes é dado demais e de bandeja.
São Paulo sucumbiu aos arbítrios elitistas que delinearam a elite vira-lata mas megalomaníaca que hoje vemos. Do malufismo dos anos de chumbo, passando pelo tucanato dos anos 1990 e 2000 e, agora, pelo lulismo domesticado dos últimos dois anos, temos uma elite que quer demais na vida e não há quem possa lhe dar freios. Uma elite marcada pelo egoísmo, pelo profundo desprezo ao outro, pela falta de escrúpulos, de respeito humano e até de prudência. Afinal, são meros animais com apetite descontrolado para consumir bens e emoções baratas. E só.
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