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ROSEANNE BARR PARECE UMA "ABORRECENTE"


Depois dos casos de Harvey Weinstein e Roseanne Barr e do combo Bolsonaro-Trump-Brexit-Covid-19, tenho a constatação de que os piores aborrecentes são os maiores de 50 e até 60 anos.

Roseanne Barr, de 68 anos, parece uma "aborrecente", fazendo comentários indignados sem sentido.

Ela fez comentários racistas, o que fez cair o reboot da sitcom que leva seu nome e que fez muito sucesso nos anos 1990.

Ela também manifestou apoio à campanha de Donald Trump para a Presidência dos EUA, lembrando que isso, em outros tempos, não passava de piada do seriado dos Simpsons.

Agora, ela acusa a Covid-19, doença transmitida pelo coronavírus, de ser um "plano para exterminar as mulheres de sua geração".

"As garotas boomers que, você sabe, que herdaram as suas, você sabe, são viúvas. Elas herdaram o dinheiro, então eles foram onde quer que o dinheiro estivesse e descobriram uma maneira de obtê-lo das pessoas", disse, em mensagem bastante truncada ao comediante Norman McDonald.

Vamos esclarecer as coisas.

Há uma geração chamada de baby boomer que nasceu entre 1945 e 1964. Correto.

Mas, sociologicamente, essa geração se dividiu. Os nascidos entre 1945 e 1950 ainda acolheram a Contracultura e o projeto do "poder jovem" ou trabalhavam o chamado protopunk e até o pós-punk.

Já quem nasceu entre 1950 e 1964, em maioria, rompeu com a Contracultura e aderiu à caretice repaginada nos anos 1970.

Daí, por exemplo, o pedantismo vintage da geração de empresários e profissionais liberais brasileiros que nasceram entre 1950 e 1955.

Eram, nos anos 1970, meninotes que só ouviam soft rock e pop adulto e idolatravam John Travolta, mas que, ao completarem 50 anos, se encanaram em mentir dizendo que "sempre gostaram de jazz" e tinham no James Stewart um "ícone de sua geração".

Eu chamo essa geração de "geração W", uma "fatia" dos baby boomers que resolveu se acomodar culturalmente, e dela se juntam também as pessoas nascidas entre 1965 e 1974.

Estou inserido nesta geração, mas sou exceção à regra. Sempre fui curioso de saber as coisas, desde que eu tinha, pelo menos, dois anos de idade, em 1973.

Em minha volta, porém, vejo que há personalidades que, querendo cometer ousadias, erram feio e cometem desastres.

Isso vai desde os ônibus padronizados de Eduardo Paes ao pop padronizado do produtor Max Martin, passando pela canastrice jurídica de Sérgio Moro, pela canastrice musical de Ivete Sangalo, pela canastrice filantrópica de Luciano Huck e pelo esquerdismo canastrão de Pedro Alexandre Sanches.

Além disso, a "maturidade", pelo menos da forma como oficialmente se entende, não é lá a praia predileta para quem nasceu a partir de 1950, mesmo quem já está com 70 anos. Vale lembrar que eu não falo das exceções.

Afinal, exceção é exceção.

Para cada um Jessé Souza expressando ideias coerentes, temos centenas de Jair Bolsonaro fazendo muita besteira.

Ou milhares de Roberto Justus manifestando ideias profundamente pedantes.

Ou centenas de Harveys Weinsteins ainda carregando complexos sexuais da adolescência.

Vejo gente de cabelos brancos, com mais de 60 anos, surtando, pedindo cenários políticos reacionários e acolhendo ideias terraplanistas aqui e ali.

Agora a moda é dizer que a cloroquina ou hidroxicloroquina cura a Covid-19. Não há provas consistentes sobre o caso.

Aliás, a Covid-19 não é uma doença que vai matar geração isso ou aquilo. Aparentemente não surgiu de um plano, essa doença é misteriosa e os dados sobre sua origem são especulativos.

Ela não é uma doença a ameaçar só gente idosa, ameaça qualquer um. Eu mesmo, quando saio à rua para comprar alimentos, fico com um certo medo, porque o risco é real.

Felizmente, procuro evitar locais de aglomeração e me afasto de qualquer pessoa, porque potencialmente pode ser alguém contaminado. Afinal, qualquer um pode ser.

E aí vemos os bolsonaristas com sua "Semana Nacional de Reabertura do Comércio", com a quimera de que a hidroxicloroquina "está curando gente" do coronavírus, feita sem qualquer tipo de fundamento etc etc.

Gente grisalha, com mais de 60 anos, contaminada pelo cretinovírus.

Realista, prefiro considerar a "maturidade" uma grande criancice e deixar a vida fluir.

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