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BANCAS DE SÃO PAULO VENDEM LIVROS DE IMPOSTOR RELIGIOSO

 A RUA PEDRO DE TOLEDO, EM SÃO PAULO, É EXEMPLO DE RUA COM BANCAS VENDENDO A OBRA LITERÁRIA DE UM CONHECIDO CHARLATÃO RELIGIOSO.

Só mesmo no Brasil vira-lata para definir como "maior nome da caridade" um charlatão religioso, um impostor pioneiro na literatura fake, reacionário de carteirinha e cuja "maior caridade" nunca passou de Assistencialismo barato ou divulgação de mensagens farsantes montadas através de leitura fria dos depoimentos de parentes e amigos dos mortos e de fontes escritas relacionadas.

Esse farsante, pretenso "médium" de Uberaba, cujas iniciais são as consoantes da palavra "caixa", era para ser considerado uma figura deplorável, repugnante, digna do mais enérgico e inflexível repúdio. Mas ele é blindado por conta de uma narrativa dócil fabricada pelo Espiritismo brasileiro junto à ditadura militar - que incluiu esse Catolicismo medieval de botox entre as religiões financiadas pelos milicos para combater a Teologia da Libertação que fazia oposição ao regime - e à Rede Globo de Televisão, sucessora da falida TV Tupi na blindagem dessa religião retrógrada e seu principal ídolo.

Aliás, devemos lembrar que uma novela baseada num livro "psicográfico" atribuído a um médico fictício do qual não se decide quem (supostamente) teria sido na vida carnal - tem até ex-dirigente do Flamengo no páreo, pasmem vocês! - , a constrangedora A Viagem, teve boa parte de suas cenas gravadas no bairro da Casa Verde, um dos poucos que não conseguem acompanhar o ritmo de crescimento da cidade de São Paulo. A novela, transmitida pela TV Tupi de São Paulo, foi responsável pelas más energias que fizeram a mais antiga rede de televisão entrar em falência.

Esqueçam, por favor, o velho roqueiro, acusado injustamente de ser pé-frio. O verdadeiro pé-frio é outro, pois a realidade mostra de forma contundente que o maior causador de azar é justamente o tal "médium" charlatão, que nos anos de auge de sua carreira usava peruca e ternos muitíssimo cafonas. 

O "médium" de Uberaba foi uma espécie de João de Deus do seu tempo, mas havia o AI-5 para abafar a verdade dos fatos e aí a ditadura conseguiu deixar seu legado poderoso: transformou o vigarista mineiro no "maior símbolo de bondade humana", a ponto de até seus críticos passarem muito pano no religioso. Aliás, o "médium" foi colaborador da ditadura militar, tanto que recebeu homenagem da Escola Superior de Guerra, que nunca homenagearia quem não fosse colaborador fiel e fervoroso do regime ditatorial.

O farsante, conhecido pelas ideias retrógradas dignas da sociedade do século XII, voltadas à Teologia do Sofrimento - corrente radical da Igreja Católica na Idade Média - , já foi mencionado pela atriz e apresentadora Mariana Rios numa postagem nas redes sociais. A estrela foi "presenteada" por um assalto em sua casa, que resultou em vários bens roubados. São "boas energias" que fazem de Piratininga, em Niterói, graças a uma "avenida de ciclovia" que não passa de rua mal asfaltada que leva o nome do "médium", se tornar um atrativo para milicianos, ladrões e estupradores.

Agora a onda é ver, em São Paulo, a coleção dos horrendos livros do charlatão de Uberaba serem vendidos nas em várias bancas de jornais a preços baratinhos - claro, o barato sai caro, né? - , com anúncios mostrando o vergonhoso nome do farsante que, infelizmente, ainda causa encanto e fascinação (um tipo de sentimento obsessivo, como lembrou o próprio Allan Kardec), de gente principalmente idosa que ainda é induzida a ler essas lamentáveis obras de obscurantismo religioso.

Quando eu estava dentro do ônibus da linha 9300-10 para o Terminal Parque Dom Pedro II, no dia em que eu fiz uma prova do curso para corretagem, eu vi uma senhora lendo um desses livros obscurantistas, com o título de "Renúncia" e com autoria "espiritual" atribuída ao conhecido jesuíta, de perfil autoritário e reacionário, conhecido como Manuel da Nóbrega. A própria capa do tenebroso livro lembra uma ilustração medieval, talvez seja até mais medieval ainda.

Desse farsante de Uberaba, descobrimos, com nosso faro jornalístico, que sua imagem de "caridoso" é tão fajuta quanto a de Luciano Huck. A concessão de donativos era pouca e mensal, e pobres eram forçados a formar longas filas para receber mantimentos que acabavam em poucos dias. As "cartas mediúicas" eram mensagens fake montadas com leitura fria e pesquisas diversas, causando sensacionalismo barato com a morte de pessoas comuns e deixando as famílias entorpecidas com sentimentos tóxicos e obsessivos.

Por sorte, a imprensa dos anos 1970 não podia falar a verdade. Os esforços dos verdadeiros jornalistas de Manchete, em 1958, e Realidade, em 1971, tentaram desmascarar o vigarista de Uberaba, mas infelizmente foi em vão. Enquanto isso, vovós enganadas contaminam as suas netas com a ilusão de que o charlatão era "símbolo de amor, paz e dedicação ao próximo", sem saber que o caráter farsante dos livros "mediúnicos" só faz o dito "lápis de Deus" merecer ter o título de "padroeiro das fake news".

Se não fosse a elite do bom atraso, que ama cultuar falsos filantropos, esse impostor religioso teria sido desmascarado há muito tempo. Mas muitos ainda insistem em passar pano nesse canalha. Haja flanela.

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