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BRASIL NO APOGEU DO EGOÍSMO HUMANO

A "SOCIEDADE DO AMOR" E SEU APETITE VORAZ DE CONSUMIR O DINHEIRO EM EXCESSO QUE TEM.

Nunca o egoísmo esteve tão em moda no Brasil. Pessoas com mão-de-vaca consumindo que nem loucos mas se recusando a ajudar o próximo. Poucos ajudam os miseráveis, poucos dão dinheiro para quem precisa. Muitos, porém, dizem não ter dinheiro para ajudar o próximo, e declaram isso com falsa gentileza, mal escondendo sua irritação. Mas são essas mesmas pessoas que têm muito dinheiro para comprar cigarros e cervejas, esses dois venenos cancerígenos que a "boa" sociedade consome em dimensões bíblicas, achando que vão viver até os 100 anos com essa verdadeira dieta do mal à base de muita nicotina e muito álcool.

A dita "sociedade do amor", sem medo e sem amor, que é a elite do bom atraso, a burguesia de chinelos invisível a olho nu, está consumindo feito animais vorazes o que seus instintos veem como algo prazeroso. Pessoas transformadas em bichos, dominadas apenas por seus instintos, pouco inclinadas a revisões de consciência. O que interessa para esses egoístas é ver a "felicidade" como um "bem pessoal e intransferível", aproveitando a sorte grande em tudo.

É essa elite que ganha fácil em concursos públicos, fazendo as provas na cabra cega, provavelmente com algum raciocínio algorítmico das respostas das questões objetivas, como, por exemplo, não assinalar uma letra em mais de três questões seguidas. Ganham também em promoções de produtos e sorteios lotéricos, sem desejar muito o dinheiro para coisas importantes. 

No mercado de trabalho, são os rapazes apolíneos de barbinha bem cultivada que mais levam a melhor. Se é o mercado de Comunicação, influenciadores e comediantes levam vantagem, puxando o tapete de quem tem mais talento, pois o que os recrutadores de emprego querem é gente "divertida", desconhecendo a diferença entre fazer reportagem e fazer stand up comedy.

Cursos cobram taxas de quem não tem. Ofertas de emprego esbarram nos preconceitos etaristas, preferindo um jovem doente - já que é um jovem que, em boa parte, fuma cigarro e bebe muita cerveja - a um cinquentão saudável e vigoroso. 

A cultura brasileira naufraga na bregalização, como pude ver no corredor Avenida Jabaquara (no bairro da Saúde) à Avenida Paulista, esquina com a Rua da Consolação, só exibindo o barulho do som popularesco, seja o trap com aquele som com batida de lata de ervilha, seja o piseiro, fora alguma sofrência "sertaneja" ou algum cafonão do passado tido por "genial" pelos amantes da precarização cultural.

Até parece que vivemos na Era Geisel, o governo considerado, na "surdina", o melhor governo para a elite do bom atraso, porque foi através desse período da ditadura militar, entre 1974 e 1979, que se formatou o combo do culturalismo conservador enrustido, aquele que não é oficialmente considerado viralatismo cultural mas é o que mais representa essa ideia socialmente deteriorada. 

Bregalização cultural, obscurantismo religioso, famosos medíocres, o talento deixado em último plano, o cérebro aposentado como órgão do raciocínio, a idiotização como um meio estúpido de rebeldia e de rebatimento de críticas, a onda dos "isentões" que tentam relativizar o realismo para não ferir suas convicções subjetivistas.

Mesmo numa cidade como São Paulo, considerada a mais avançada e moderna do Brasil, o atraso sociocultural se torna crônico. A "boa" sociedade é uma sociedade doente. Os verdadeiros miseráveis são bem de vida, têm muito dinheiro e ganham mais grana sem necessidade, para não saberem como consumir, gastando dinheiro à toa com o supérfluo e se recusando a repartir para quem mais necessita.

Não há mais amor entre as pessoas, a solidariedade se tornou rara, s contatos pessoais foram substituídos pelas relações à distância nas redes sociais, só faltando cada pessoa ter um aplicativo próprio para ser um entre centenas de aplicativos que congestionam a memória de um celular. Pessoas se afastam, enquanto a falsidade reina na Internet. A estupidez e a hipocrisia humana são tão grandes que internautas consomem veneno midiático em geral (Globo, SBT, Folha, Jovem Pan etc) e juram que "só veem Netflix desde os anos 1980" (lembrando que a Netflix, surgida em 1997, só virou canal de streaming em 2012).

A sordidez é tanta que um neologismo foi criado: sordidariedade, a cumplicidade com a estupidez, com a mesquinhez, com a cupidez, com a ganância. Não há um teto para grandes fortunas, o entretenimento suga o dinheiro dos mortais para parar nas contas dos empresários associados, das subcelebridades e dos pseudoartistas que fazem o divertimento da elite do bom atraso e de quem estiver na cola dela, as pessoas comuns que se tornam peixes-pilotos e viver das migalhas dos tubarões do consumismo lúdico.

Esse comportamento boçal, de pessoas falsas que, sorrindo, dizem não ter dinheiro para ajudar o próximo, mas têm muito dinheiro para comprar cervejas e cigarros e fazer aquela enésima viagem ao exterior só para dar cartaz aos amigos, comprando televisão para cada compartimento de suas casas de dois ou mais dormitórios, preparando o jantar enquanto José Luiz Datena anuncia mais um crime noticiado aos olhos de crianças desprevenidas, mostra o quanto a sociedade brasileira está a anos-luz de distância de se tornar potência mundial.

O Brasil desperdiça gente talentosa, boicotada no emprego porque não tem a aparência de uma influenciadora bonitona ou de um esperto garotão barbudo do estandape. A boçalidade dos que estão bem de vida, que cobram muito para quem não tem, mas impedem essas pessoas de obter recursos para cumprir esses deveres, lembra muito aquela piada do mercado de trabalho, que apareceu na Internet.

Nesta piada, o recrutador exige do candidato que, para trabalhar, tem que ter experiência, só que para ter experiência, é necessário trabalhar. É um ciclo vicioso que mostra o quanto o mercado de trabalho anda fechado. Para trabalhar, tem que ter diploma, mas para arrumar um diploma, tem que trabalhar para obter dinheiro para pagar os documentos para a diplomação. É uma coisa surreal, o que nos faz perguntar como o escritor da atual República Tcheca, Franz Kafka, pôde prever uma realidade tão brasileira.

O que se sabe é que, com a "sociedade do amor" reduzida a um misto de coisas transformadas em bestas-feras do consumismo desenfreado, com os punhos fechados para aqueles que só querem viver com dignidade, se alimentando bem e tendo as contas em dia, dificilmente fará com que o Brasil passe a integrar os banquetes dos países desenvolvidos. Quando muito, será sempre o "Primeiro Mundinho" de mentira que os privilegiados brasileiros sempre brincaram de ser, há, pelo menos, 50 anos.

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