É RUIM O MERCADO DISCRIMINAR POR ETARISMO, AINDA MAIS QUANDO O BRASIL HOJE É GOVERNADO POR UM IDOSO.
O mercado de trabalho, vamos combinar, é marcado pela estupidez, como se vê na equação maluca de combinar pouca idade e longa experiência, quando se exige experiência comprovada em carteira assinada até para coisas simples como fazer cafezinho.
O drama também ocorre quando recrutadores de "oficinas de ideias" não conseguem discernir reportagem de stand up comedy e contratam comediantes para cargos de Comunicação, enganados pelas lorotas contadas por esses humoristas sobre uma hipotética carreira jornalística, longa demais para suas idades e produtiva demais para permitir uma carreira paralela ou simultânea a gente que, com carreira na comédia, precisa criar e ensaiar esquetes de piadas.
Também vemos, nos concursos públicos, questões truncadas e prolixas - que, muitas vezes mal elaboradas, nem as bancas organizadoras conseguem entender - , em provas com gabaritos com margem de erro em pelo menos três questões, e que constantemente acabam aprovando e empregando servidores errados, que vencem fácil uma prova, mas não gostam da função porque ela não dá prestígio e o salário não permite investir "naquela viagem" ao exterior no fim de ano.
Portanto, é um mercado de trabalho marcado por injustiças e perversidades, pois há rigor demais, muito preconceito e muito juízo de valor. E esses problemas giram em torno da idade, pois se um candidato tem algum fio branco no seu cabelo, isso é suficiente para ele ser rejeitado para uma vaga de emprego.
E isso é chocante por si só, o que mostra que recrutadores e empregadores, salvo honrosas exceções, não são os "santos" descritos pelo velho discurso moralista meritocrático que resiste neste Brasil ainda cego a seus problemas e que tem os punhos fechados para a vida real.
Mas o mais absurdo é que os próprios recrutadores e empregadores, muitas vezes, são gente com mais de 50 anos e são grisalhos ou com cabelos brancos. Eles não podem rejeitar candidatos com mais de 50 anos porque isso é uma hipocrisia. Se fosse por esse raciocínio, nem os recrutadores e empregadores estariam ali, envolvidos com entrevistas e contratações de mão de obra. Eles seriam os primeiros a perderem o emprego.
Mas o contexto atual ainda torna menos desmerecedor o já desmerecedor quadro de etarismo no mercado de trabalho. O Brasil hoje é governado por um idoso que parece mais velho do que é. Luís Inácio Lula da Silva fará 79 anos este ano, oito anos a mais que a idade final de Getúlio Vargas e catorze a mais do que o marechal Deodoro da Fonseca, ambos então considerados idosos para o cargo presidencial.
E devemos admitir que é sempre benvinda a ideia de um idoso governar um país, uma cidade ou um Estado, tendo condições físicas e mentais para isso e saúde para encarar um cotidiano muito difícil que é um cargo do Poder Executivo. Isso é legítimo e é um direito garantido pela Constituição.
Se criticamos o governo Lula, o fato dele ser idoso não influi. O que influi é a péssima performance de um presidente que prefere o simulacro, o discurso, anunciando uma série de sucessos e realizações que a gente não vê na prática, pelo menos da forma como se anunciam.
Aqui fora da espetacular bolha lulista, fora da fantástica fábrica de chocolates governamentais, vemos gente pobre se virando para sobreviver, chorando porque os caminhos estão fechados, porque não têm a quem recorrer, pois o mercado de trabalho agora sonha com um sósia do Felipe Andreoli ou do Marco Luque para bancar o influenciador digital até para cargos de reposição de estoques ou de inspeção higiênica de produtos.
Dramas terríveis e trágicos acontecem fora do mundo de guloseimas de Lula 3.0 e seus seguidores capazes de escrever textões para colocar suas convicções acima da realidade. Gente tão nervosa que carrega suas carroças de papelão e que deixam sucos caírem no chão, únicos líquidos que tinham para beber e se hidratar. Gente em situação de rua chorando por não encontrar comida enquanto a "boa" sociedade sente orgulho de jogar comida fora por não se sentir obrigada a comer tudo que compra. E fala-se em comida cara, com preço superior a trinta reais.
O Brasil é marcado pela hipocrisia e pelo egoísmo que atingem preocupantes níveis estratosféricos. Parece que os que estão bem de vida são, salvo exceções, meros animais consumistas com muito dinheiro no bolso mas um apetite doentio para comprar o que não precisa.
É necessário mudar nosso sistema de valores. Fala-se tanto em democracia e o mercado de trabalho é um dos menos democráticos do mundo, prisioneiro em critérios de aparência e juventude em detrimento do talento, que só é considerado quando empresas arrivistas precisam compensar sua origem desonesta com uma pretensão de boa reputação.
Até parece que o Brasil nunca saiu da ditadura militar. Há muito preconceito, muita perversidade, muita falsidade nesta "sociedade do amor" em que a palavra "amor" é o que quase não se vê na vida real. Um Brasil velho que rejeita os velhos que querem trabalhar e contrata os jovens que não levam a vida a sério.
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