Diante da repercussão das denúncias de Glenn Greenwald envolvendo Sérgio Moro e Deltan Dallagnol - na verdade, um aperitivo para o chumbo grosso que vem por aí - , sabe-se que o ex-juiz e hoje ministro de Jair Bolsonaro está em um grande inferno astral.
Rumores surgem de que Sérgio Moro pretende acionar a Polícia Federal para fechar o jornal The Intercept, pelo menos a sua filial brasileira.
Nesta hipótese, Glenn Greenwald terá que ser extraditado.
Se isso for o caso, o deputado federal David Miranda, marido do jornalista, terá também que sair do Brasil com os dois filhos do casal.
David Miranda já é substituto de Jean Wyllys, que renunciou ao mandato e vive fora do Brasil.
Glenn já está sendo ameaçado de morte, assim como David e a família, por conta das denúncias divulgadas.
Milicianos apoiam o governo Jair Bolsonaro, e, por associação, o ministro Sérgio Moro.
Só que fechar o The Intercept irá causar uma péssima repercussão mundial.
Hoje governos autoritários no Brasil não possuem a blindagem que a ditadura militar teve ao decretar o quinto Ato Institucional, em dezembro de 1968.
Se, por exemplo, o AI-5 fosse decretado hoje, o mundo reagiria com repúdio. A ONU se manifestaria em protesto. Manifestações contrárias ocorreriam até nos EUA e Grã-Bretanha.
E o regime militar se desgastaria rapidamente, como queijo apodrecendo fora da geladeira.
Se Moro realmente botar sua ameaça em prática, seu desgaste se aprofundará e, se sua situação está pior, ficará ainda mais insustentável.
A decadência dele é tanta que tem muita gente desembarcando. A ponto de Thiago Lacerda, um dos atores que protestaram contra Dilma Rousseff, passar a defender o "Lula Livre".
Isso fora os muitos arrependidos de 2016, que agora se desiludiram de vez, depois de estranharem o fato de Moro ter largado a Operação Lava Jato para ser ministro de Bolsonaro.
A grande mídia também desembarca, embora Globo e Record permaneçam de pé. Mas parte da mídia bolsonarista, como Jovem Pan e SBT, também parece fiel a Moro.
E a Isto É parece hesitante no seu desembarque. Aparentemente, está desapontado com Jair Bolsonaro.
Mas a matéria de sua edição mais recente, lançada no último dia 14 mas creditada à próxima quarta-feira, 19 de junho, tem um título bastante ambíguo".
O título é esse: "A provação de Sérgio Moro".
"Provação", em si, já sugere um sentido ambíguo: o de alguém que sofre por merecer ou de alguém que é obrigado a sofrer diante de um período de dificuldades, neste caso sem merecer.
Mas a expressão "A provação" pode ser confundida com "Aprovação".
Esse é o problema.
Você passa correndo pela rua e de repente vê a Isto É com "Aprovação de Moro".
Não sei se Isto É pensou nessa tirada. Meu palpite sugere que sim, embora eu possa talvez estar errado.
Sabe-se que a mídia venal foi muito beneficiada por Sérgio Moro e sua Operação Lava Jato - hoje reconhecida como organização criminosa - , que resultou na campanha das elites em querer retomar seus privilégios.
Só que esta semana promete novas revelações. Globo, Fux e Carlos Fernando dos Santos Lima já estão no "teatrinho" tragicômico de Moro e Dallagnol.
Coisas ainda mais arrepiantes virão. Glenn Greenwald só não divulgará assuntos privados - ele não é um anti-ético, como sempre foi Moro - , mas o que se relaciona à Lava Jato, ele divulgará, sim, muitas barbaridades. É só esperar.
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