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INVASÃO AO CAPITÓLIO MOSTRA O CARÁTER AMEAÇADOR DOS REAÇAS RADICAIS


Estava fora de casa, numa viagem para Juiz de Fora, quando ocorreu a invasão do Capitólio - em inglês, Capitol, nome que, fora dos EUA, é conhecido por ser de uma antiga gravadora hoje ligada à Universal Music - , em Washington, por uma multidão de apoiadores de Donald Trump.

Isso ocorreu há três dias, durante a tarde, quando o Congresso Nacional estadunidense, para o qual o Capitólio foi destinado, estava em atividades normais como casa legislativa.

Um grupo marchou até o local e invadiu. Foram grupos cujos nomes incluem America First, Proud Boys e o QAnon, que produziu a teoria conspiratória de que o Estado Profundo (Deep State) estaria querendo derrubar o presidente Trump.

Vários dos integrantes eram supremacistas brancos. Eles avançaram até o local e vários conseguiram entrar no Congresso, visando pedir ao vice-presidente Mike Pence e aos parlamentares, principalmente do Partido Republicano, a não reconhecerem a vitória eleitoral de Joe Biden.

Os policiais reagiram, atingindo a multidão. Até o momento, cinco pessoas morreram, quatro manifestantes e um policial.

Os manifestantes pró-Trump mortos foram: Ashli Babbitt, de 35 anos, Benjamin Phillips, 50 anos, Kevin Greeson, 55 anos, e Rosanne Boyland, 34 anos. Ashli era veterana da Força Aérea dos EUA e conhecida pelo apoio fervoroso ao presidente Trump.

Vítima de ferimentos graves, o policial que morreu era Brian Sicknick, que trabalhava no Capitólio.

O incidente mostra o clima de tensão do mundo pós-2016. E que gerou briga até entre dois atores parceiros, Lucy Lawless e Kevin Sorbo, respectivamente Xena e Hércules no seriado Xena: A Princesa Guerreira (Xena: The Warrior Princess), sucesso nos anos 1990, até no Brasil.

Sorbo, que é apoiador de Trump, concorda com o presidente na alegação de que os invasores "não" eram apoiadores dele, e que teriam invadido o Capitólio para promover uma imagem negativa do chefe da nação.

Lawless, no entanto, questionou, dizendo:

"Não, querido. Eles não são patriotas. Eles são seus macacos voadores, terroristas caseiros, atores de QAnon. Eles são babacas, que saem e fazem as ordens malignas de pessoas como você, que gostam de brincar com eles como se fossem brinquedos e deixá-los fazer seu pior".

Imagine como seria uma coisa assim.

É certo que Joe Biden não é um político progressista, mas, dentro das perspectivas da classe média estaduindense, ele parece, digamos, um liberal flexível, na política interna dos EUA.

Na política externa, Biden pretende botar para quebrar e, neste sentido, Trump mais parece um palhaço que não tem coragem de estabelecer políticas imperialistas mais rigorosas.

E aí vemos a situação: a direita radical de Trump e a direita comportada, moderada e flexível de Biden.

São os ventos de 2016. O pior e o menos ruim.

E no Brasil de Jair Bolsonaro, que rapidinho alcançou a marca dos 200 mil mortos pela Covid-19?

Um Brasil caótico e atrasado, mas que, ao menos, possui áreas bem menos desordeiras como está, por exemplo, o Rio de Janeiro.

O Grande Rio de Janeiro está decadente. A capital fluminense, Niterói, São Gonçalo e Baixada Fluminense. Com a Baixada virando terra de bangue-bangue, Niterói autista e São Gonçalo teocrática.

Foi esse Grande Rio que elegeu Jair Bolsonaro e Eduardo Cunha que atuaram no golpe de 2016.

Agora, Eduardo Cunha, preso e, portanto, sem poder pegar a sua parte no butim golpista que derrubou Dilma Rousseff e enfraqueceu a Petrobras, terminou o livro Tchau Querida, O Diário do Impeachment.

O referido livro irá revelar os bastidores do golpe político no qual Cunha participou. Como ele ficou de fora dos benefícios golpistas, ele resolveu dedurar um monte de gente, a começar por Michel Temer, que segundo Cunha, era o maior conspirador.

É irônico isso, porque Temer praticamente "jantou" as esquerdas que ele traiu e derrubou.

O apoio das esquerdas ao deputado Baleia Rossi (MDB-SP) para presidir a Câmara Federal foi um tiro no pé muito perigoso.

Afinal, como lembra Gustavo Conde, o deputado Rossi votou mais a favor de Bolsonaro do que o próprio candidato apoiado pelo presidente, Arthur Lira (Progressistas-AL).

Ficou o mesmo clima de quando as esquerdas fluminenses, divididas, resolveram apoiar Eduardo Paes (DEM-RJ) achando que ele era o anti-bolsonarismo. Mas o rival Marcello Crivella é que, tecnicamente, acabou sendo o oposto acidental de Bolsonaro, porque ele recusou apoiar o ex-prefeito.

Já Paes manifestou entusiasmo com Bolsonaro de tal forma que nomeou até a filha do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para a secretaria municipal... de Saúde.

Como veem, as esquerdas andam apoiando quem atua contra elas. Se perdem num pragmatismo vesgo que não garantirá o protagonismo das forças progressistas, muito pelo contrário.

É com esse apoio das esquerdas que faz com que a direita moderada se sinta favorecida, mas também a extrema-direita parece se fortalecer com isso. Vide o caso Biden que gerou a revolta dos trumpistas no Capitólio.

E o que ocorrerá, aqui? Não sabemos. Sabemos que a alt right, a direita alternativa, é muito perigosa. E o Brasil anda em clima de muita tensão.
 

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