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A (CON) FUSÃO QUE DESTRUIU O ESTADO DO RIO DE JANEIRO


LANÇADA PELA DITADURA MILITAR PARA UNIR OS ESTADOS DA GUANABARA E RIO DE JANEIRO, A PONTE RIO-NITERÓI TORNOU-SE SÍMBOLO DE UM PROJETO POLÍTICO QUE AFUNDOU O ATUAL ESTADO DO RJ.

É bastante surreal que um país capaz de criar os Estados do Mato Grosso do Sul e de Tocantins resiste em restituir a divisão entre os Estados do Rio de Janeiro e da Guanabara, divisão estadual que eu pude acompanhar, na minha infância, pois já conheci o Rio de Janeiro como capital da Guanabara e me lembro bem disso.

A decadência do Estado do Rio de Janeiro nos faz pensar nesses 50 anos em que a ditadura militar, por motivos políticos e empresariais, juntou os dois Estados em 1975 e fez as pessoas se acostumarem mal com essa fusão que mais parece uma confusão.

É constrangedor ver que, nos telejornais cariocas de rede, as matérias de Niterói sejam creditadas à famosa cidade vizinha. Antiga capital fluminense, Niterói já foi o Eldorado de todo interiorano do Estado e hoje o município está pior do que muita cidade do interior paulista. E é vergonhoso que a população de Niterói aceite que a cidade sirva de capacho para o município do Rio de Janeiro, quase como o quintal da ex-Cidade Maravilhosa.

O pragmatismo carioca a que se seguiu após o ressentimento por ter perdido o posto de capital do Brasil fez o Rio de Janeiro se entregar a um quadro de violência, intolerância social e deterioração sociocultural. A ideia de "piorar para melhorar" virou uma obsessão entre os cariocas, que chegam ao ponto de fazer "tribunais de Internet" e blogues difamatorios para destruir a reputação de quem discorda do que apoiam ou acreditam.

O pragmatismo custou caro para os cariocas, nesta fusão que destruiu o Grande Rio.

As loterias sofreram a concorrência da contravenção, supostamente "mais fácil" para o pobre ganhar na chamada "sorte grande". A "segurança" nas favelas veio através do narcotráfico, diante do vácuo do Estado, e depois as milícias, além do policiamento informal, se apropriaram de serviços públicos e privados, vendendo de bujões de gás a planos de telefonia móvel e TV por assinatura.

Na cultura, o pragmatismo carioca veio com vários elementos degradantes: o "funk" e a exploração caricatural e paliativa da suposta rebeldia do povo pobre, que se tornava "refém" de sua própria miséria, se tornando "prisioneiro" das favelas glorificadas pelo discurso da burguesia intelectual brasileira.

Temos também a "cultura rock" da Rádio Cidade que só servia para ativar neurônios e hormônios de adolescentes birrentos e adultos ressentidos e a onda das "mulheres-frutas" e seu pretenso "feminismo de glúteos" são alguns dos tristes fenômenos desse projeto de "piorar para melhorar", ou seja, degradar primeiro para obter lucros financeiros e sociais depois.

No esporte, o pragmatismo se deu pela conversa fiada de que o futebol é "a única alegria do povo brasileiro", desculpa usada para um fanatismo descomunal que influi até no assédio moral contra quem não curte o esporte, no Rio de Janeiro, a ponto de trabalhadores que não gostam de futebol serem os primeiros a entrarem na lista de demissões do emprego.

Na moralidade, tivemos a ascensão gradual de Jair Bolsonaro, respaldada por Eduardo Cunha e Michel Temer, como fenômeno pragmático do "candidato cristão, militar e guardião dos bons costumes". O mais curioso é que o bolsonarismo começou primeiro entre os busólogos que defenderam a padronização nos ônibus do Rio de Janeiro, o que diz muito do caráter autoritário dessa patota.

A Ponte Rio-Niterói, inaugurada em 1974, foi um projeto para unir os antigos Estados da Guanabara (com capital no Rio de Janeiro) e Rio de Janeiro (que tinha capital em Niterói), e, embora a ponte tivesse sido um acerto, apesar da sua estrutura estar saturada para o trânsito crescente no seu entorno, ela foi uma medida que puxou a fusão dos dois Estados, um processo que veio por imposição da ditadura militar.

É claro que, culturalmente, a fusão dos dois Estados gerou uma grande zona de conforto dos fluminenses e cariocas, alimentada pelo poder mercadológico do Rio de Janeiro mediante o esvaziamento social de Niterói, antes um município com vocação de cosmopolita, hoje uma cidade-dormitório acomodada e tão bitolada que não se preocupa sequer em construir uma rodovia própria ligando os bairros vizinhos Várzea das Moças e Rio do Ouro, dependentes da travessia de uma rodovia estadual, a RJ-106, que atrapalha o tráfego de quem vai e vem de cidades distantes da Região dos Lagos.

Na verdade, a fusão dos Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro foi um projeto para enfraquecer politicamente o lacerdismo, depois que Carlos Lacerda, antes apoiador do golpe de 1964, virou ferrenho opositor da ditadura. Com isso, se ascendeu o grupo político de Saturnino Braga, que, com suas ramificações e derivações políticas, sempre marcadas pelo fisiologismo político, resultaram no atual grupo político de Eduardo Paes, espécie de Odorico Paraguaçu da sociedade woke.

E aí vemos o quanto o atual Estado do Rio de Janeiro faliu. O município do Rio de Janeiro, que com sua complexidade urbana poderia ter melhorado como a Cidade-Estado da Guanabara, gerindo a si mesma, em vez de adotar essa necessidade, acabou se sobrecarregando cuidando de outras cidades, compondo uma complicada e caótica região metropolitana que, cada vez mais violenta, está provocando o êxodo de muitos cariocas que não aceitam esse cenário degradante e perigoso.

Niterói tornou-se uma roça, terrivelmente provinciana com os moradores de classes abastadas mais preocupados somente com tiroteios e congestionamentos. Aliás, neste caso nem tanto, porque a preocupação tem apenas o limite solipsista de criticar o trânsito congestionado quando é na Ponte Rio-Niterói, que afeta avenidas como a Marquês do Paraná, pois a RJ-106 sofre com o fardo de bancar a "avenida de bairro" e os congestionamentos não tiram o sono do niteroiense médio que mora em Icaraí mas sonha com o Maracanã com o Flamengo em campo.

Sim, chegou-se ao absurdo dos niteroienses preferirem times da vizinhança. Nem em Troia seus moradores adorariam tanto torcer por um time de Esparta, na Grécia Antiga. E aí nota-se o quanto Niterói foi entregue a uma elite que toma as rédeas do emburrecimento e da estagnação social da cidade, que apenas sofre ações cosméticas aqui e ali, às vezes com alguma ação acertada, como a construção da Estrada Cafubá-Charitas e a recuperação do edifício comercial Gold Star. 

E Niterói causa vergonha por aceitar servir de capacho para o vizinho Rio de Janeiro, reforçando a piada humilhante de que a sua "melhor vista" é a do Rio de Janeiro, que, no entanto, não deveria vender a imagem de "uma das cidades mais belas do mundo", pois o entorno da Avenida Brasil, dos subúrbios em geral e a Favela da Rocinha já põem aspectos de preocupante feiura na paisagem carioca.

A sobrecarga do município do Rio de Janeiro de cuidar do resto do Estado fez a outrora Cidade Maravilhosa se descuidar e decair seriamente. O ressentimento burro do Rio de Janeiro compensar a perda do título de capital do país para querer um Estado inteiro sob suas mãos fez decair tanto o Estado que hoje temos violência, temporais, tragédias pontuais diversas, como a recente morte de um turista que sentiu mal-estar no acesso ao Corcovado.

O momento é para começar a pensarmos na volta da separação do município do Rio de Janeiro, restituindo o Estado da Guanabara, do resto do Estado fluminense. É para o Rio de Janeiro poder gerir sozinho os seus problemas, enquanto Niterói terá que mostrar serviço recuperando as atribuições de capital. 

Uma boa sugestão, para separar o Rio de Janeiro do restante do atual Grande Rio, é criar um DDD próprio para a ex-Cidade Maravilhosa, 23, enquanto o código 21 fica para as demais cidades. Descentralizar o mercado do Rio de Janeiro para Niterói também seria o meio de tornar as duas cidades vizinhas menos dependentes, e a desfusão iria trazer melhorias político-administrativas que se perderam com a fusão.

A fusão só trouxe confusão para o Estado do Rio de Janeiro de hoje.

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