Depois de termos, em 2023, o "eterno" verão da conformidade com tudo, em que o pensamento crítico era discriminado e a regra era todos ficarem de acordo com um cenário de liberdade consumista e hedonista, cuja única coisa proibida era a contestação, o jogo virou de vez.
As críticas duras ao governo Lula e as crises sociais do cenário sociocultural em que temos - como a queda da máscara do "funk" como suposta expressão do povo pobre, quando funqueiros demonstraram que acumularam fortunas através dessa lorota - mostram que o pensamento crítico não é "mera frescura" de intelectuais distópico-existencialistas europeus.
Não convencem os boicotes organizados por pretensos formadores de opinião informais, que comandam as narrativas nas redes sociais. Aquele papo furado de pedir para o público não ler "certos blogues que falam mal de tudo" não fez sentido, e hoje vemos que a "interminável" festa de 2023, da "democracia do sim e nunca do não", acabou numa grande ressaca.
Aliás, o Brasil é bom de festa e ruim de ressaca. E hoje aquela "festa do amor", aquele apelo de evitar críticas porque, no final do ano, o Brasil "entrará no Primeiro Mundo", acabou. O sonho dourado do Lulismo 3.0, do "governo de contos de fadas", terminou de vez.
Lula perdeu popularidade e tudo indica que é uma atitude irreversível. O presidente tem dívidas políticas com o Centrão e a Faria Lima, e não adiantou fingir estar com tretas com as elites. O estereótipo do presidente que "governa para os pobres" tornou-se uma ficção, pois Lula em nenhum momento se empenhou de verdade para atender as demandas populares.
Depois de tomar posse, Lula festejou com o desnecessário Festival do Futuro. Depois foi viajar, para se ostentar para o mundo, e não foram convincentes as desculpas de que as viagens eram "necessárias" para trazer investimentos e fazer acordos multilaterais. Bastava mandar um ministro para tal empreitada. E investimentos podem ser gerados estimulando o mercado interno e aproveitando os recursos naturais dentro do Brasil, que são inúmeros.
O negacionista factual estufava o peito quando pedia para não ler os textos que criticavam Lula, mas que também criticavam "hábitos livres" da "boa" sociedade que mais apoia o presidente, como fumar cigarros e jogar comida fora. Achava que não se podia criticar coisa alguma, porque o Brasil havia se tornado a sucursal do Paraíso na Terra, assim que Lula tomou posse e deixou para trás Jair Bolsonaro e a Covid-19.
Felizmente, houve a entrada de "novas vozes" nas redes sociais pois, até pela questão de sobrevivência, os excluídos da "festa democrática" de Lula 3.0, reservada apenas ao "Clube de Assinantes VIP" da "democracia" lulista, a "frente ampla social" que vai dos ex-pobres reMEDIAdos a celebridades muito ricas, mas sem o poder decisório do Judiciário e do mercado financeiro.
Cada vez mais pobres, mulheres, nordestinos, camponeses, proletários, indígenas, servidores públicos e professores da rede pública estão revoltados com o governo Lula, neste atual mandato. A produção "recorde" de relatórios fantásticos que falam em "recordes históricos" do atual governo despertam desconfiança, por serem tão rápidos, fáceis e imediatos, o que não condiz com o árduo trabalho de reconstrução do país.
O povo da vida real não é trouxa para acreditar nesses "milagres" surgidos da noite para o dia. É inútil que, nas redes sociais, um "exército" de centenas de internautas lulistas tente impor suas narrativas à realidade concreta dos fatos. Brigar com os fatos é muito fácil, quando cerca de quatrocentas ou quinhentas pessoas se empenham em tal tarefa, no desespero de fazer valer seus pontos de vista.
Mas a realidade é implacável e a fantasia lulista de um governo que, para "reconstruir o país", festeja antes de trabalhar, não consegue sobreviver intata durante muito tempo. Passado um ano de "AI-SIMco", o período de "milagre brasileiro" repaginado por Lula que foi o ano de 2023 - quando a burguesia bronzeada se tornou a maior beneficiada do período - , a ressaca tornou-se dolorosa para a elite que estava prestes a realizar o sonho de "substituir" o povo brasileiro.
Esse sonho visava colocar a "gente bonita" no lugar de brasileiros mortos em "necropolíticas" (feminicídios, violência no campo, Covid-19, acidentes em estradas esburacadas, extermínio de sem-teto e comunidade LGBTQIA+), só ficando a "boa" sociedade, do "pobre limpinho" ao "magnata boa praça" (tipo os coaches da Faria Lima), como o pretenso "verdadeiro povo brasileiro". Só "gente legal" se preparando para o Primeiro Mundo de brincadeirinha do Brasil "lulático".
Diante dessa sanha triunfalista desses verdadeiros perseguidores de ilusões, quem sofre é que está gritando e dizendo o quanto o cenário atual está deplorável, com uma cultura deteriorada, uma sociedade tóxica e um presidente que sinaliza pensar mais em sua consagração pessoal.
A "boa" sociedade fica apavorada com o senso crítico que tentaram sufocar em 2023 eclodir de maneira intensa dois anos depois. É como tentar tampar um vulcão prestes a explodir, mas quando a erupção ocorre, os estragos são inevitáveis. E o tsunami de contestações tende a aumentar ainda mais. O negacionista factual deve estar vermelho de vergonha sem poder explicar a antiga "superioridade intelectual" confrontada com a onda de questionamentos e queixas que invade as redes sociais.
E tudo isso pode ainda crescer, a níveis que podem se tornar insustentáveis.
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