
TER MAIOR FREQUÊNCIA PARA ASSISTIR A EVENTOS DE MÚSICA ESTRANGEIRA NÃO FAZ O BRASIL VIRAR UM PAÍS DESENVOLVIDO.
A vitória de Eu Ainda Estou Aqui e a visibilidade que alguns famosos brasileiros obtém no exterior, enquanto cantores e grupos musicais estrangeiros tocam facilmente em eventos realizados no Brasil, não são garantias de que nosso país estará no Primeiro Mundo.
São apenas vitórias pontuais ou façanhas relativas, que dizem mais a uma elite enrustida, a elite do bom atraso, que se enriquece abusivamente às custas do divertimento alheio, por isso não é todo o Brasil que se beneficia con esse espetáculo todo da “felicidade” do consumo pleno. Até porque sempre tivemos uma elite que, mesmo nos piores momentos da desigualdade brasileira, sempre viveram seu primeiro mundinho de brinquedo.
Mais uma vez nossas elites, em suas cavernas eletrônicas das redes sociais, vivem a obsessão de, através desse Papai Noel da Faria Lima a que se converteu o presidente Lula, ingressar no Primeiro Mundo, embora também so a certeza de poderem ser turistas do nosso próprio país.
A ideia dessa “sociedade do amor”, sem medo e sem amor, é viver num eterno consumismo pleno, em que a vida é uma festa interminável e o sistema de valores que defendem, mesmo que remeta ao culturalismo populista-conservador da Era Geisel, possa ser considerado “acima dos tempos”.
Nossas elites se apropriam do prestigio de Eu Ainda Estou Aqui, mas foram os avós desta burguesia bronzeada que ajudaram a matar pessoas como Rubens Paiva. E, se achando “mais povo que o povo”, a elite do bom atraso quer porque quer que o Brasil seja considerado “país desenvolvido”.
Essa pretensão porque são esses privilegiados, que se acham os “eleitos” da humanidade planetária, que sairão ganhando com essa lorota que só tem validade em território brasileiro, pois o Primeiro Mundo não é trouxa para aceitar que um país “pirralho” com “muito o que aprender” se imponha, megalomaníaco, ao mundo.
Há vários “isentões” - do tipo pós-Monark, mais alinhados à “democracia de um homem só” de Lula 3.0 - que tentam justificar a obsessão do Brasil em entrar no Primeiro Mundo pela narrativa falaciosa de que “um país desenvolvido não é país sem problemas”, argumentando que nosso país obtenha primeiro o status para depois corrigir seus problemas. É aquela coisa maluca, primeiro o Brasil se torna desenvolvido para depois começar a se defender.
Com um cenário cultural deteriorado e com um sistema de valores retrógrado no qual a violência ainda é um recurso para a defesa dos interesses de uns contrariados, o Brasil está distante de sentar ao lado do mais problemático país desenvolvido, no banquete das nações. Tipo a Itália, por exemplo.
Não custa repetir que as elites que apostam no Brasil como um “país já desenvolvido”, além delas curtirem as benesses comparáveis às dos cenários de festa e consumo do Primeiro Mundo, baseiam suas teses em dois aspectos bem prosaicos: a prosperidade econômica e as possibilidades de consumo diversificado.
No primeiro caso, basta o país ter crescimento industrial e inflação sob controle para ser considerado ”desenvolvido”, com direito à magia coreográfica dos números, palavras e gráficos que anunciam “recordes históricos” que empolgam a mídia em geral mesmo difundidos à revelia da realidade dos fatos.
No segundo caso, basta haver uma variedade de produtos nos mercados, ainda que sob preços caros, e uma grande variedade de lazer e entretenimento que façam da burguesia brasileira enrustida - aquela que se camufla entre nós e se fantasia de “gente simples” - turista dentro dos lugares onde vivem.
Para o povo pobre da vida real, a conversão do Brasil em “país desenvolvido” não faz diferença quando essa gigantesca multidão que está de fora da “festa democrática” do lulismo. O verdadeiro povo não sente os “recordes históricos” de Lula 3.0 refletirem em mais comida na mesa. Para esse Brasil oculto, o país continua miserável e precário como sempre.
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