O intervalo entre a saída da ministra da Saúde, Nisia Trindade, substituída por Alexandre Padilha, e a saída deste da Secretaria-Geral da Articulação e Relações Institucionais, cujo comando passará para Gleisi Hoffmann, mostra o esforço de Lula em tentar reverter sua impopularidade, que o presidente brasileiro pensa ser motivada por um ruído de comunicação.
Com um sorriso cínico de quem garante que irá se manter no poder, Lula ainda estuda zerar os impostos do trigo e, talvez, do óleo de cozinha, para conter a alta de alimentos. Lula faz pouco para realizar a sua maior causa eleitoral, o combate à fome, e até agora somente medidas paliativas foram feitas, enquanto os preços continuam alto ou baixam com dificuldade, geralmente para uns poucos reais a menos.
E Lula se pavoneando nas viagens ao exterior, como se ele buscasse em outros países o reconhecimento que tem dificuldade de ter entre os brasileiros, neste atual mandato. Mas o pior é que, quando Lula viaja, os brasileiros logo se sentem abandonados, ao ver que o presidente brasileiro preferiu intervir nos conflitos entre Rússia e Ucrânia e entre Israel e o povo palestino em vez de reconstruir o Brasil.
Enquanto isso, a revista britânica The Economist revelou que o Brasil perdeu seis pontos do ranquim da democracia, e isso foi levado pela polarização política. Lembremos que a polarização política tem como foco central o conflito entre Lula e o antipetismo, não é uma invenção da cabeça de Jair Bolsonaro que, por pior que seja, não é necessariamente culpado por todos os males da humanidade.
Lula comprovadamente decepcionou em seu atual mandato. Quis se celebrar, colocou a política externa antes da reconstrução do Brasil, como quem põe o carro na frente dos bois, e isso fez com que o presidente agisse menos. Nem convenceu ao lançar o faz-de-conta dos “recordes históricos”, relatórios que, da noite para o dia, anunciavam façanhas rápidas, fantásticas e fáceis demais para serem reais.
Falta firmeza e contundência política no governo Lula. Não adianta o exército de uma centena de internautas defender, com muita persistência, os pontos de vista de Lula ou relacionados a ele de forma indireta. Pouco importam textões, invertidas e voadoras. A realidade dos fatos não é o patrimônio de um único homem, Lula não é o centro do universo e não existe um Sistema Lular em que planetas e satélites giram em torno de um único homem.
A realidade dos fatos, que escapa da bolha lulista, é que se impõe como um fator desagradável para os adeptos do presidente Lula. O povo pobre da vida real, mais próximo dos dramas escritos por Carolina Maria de Jesus do que das comédias dos núcleos pobres de novelas, não está sentindo as mudanças no governo Lula e, se elas ocorrem, é quase sempre para pior.
Por isso a desconfiança com o governo Lula, cuja queda de popularidade tem sério risco de ser irreversível. Quem mandou apostar na “democracia de um homem só”?
Comentários
Postar um comentário