As pessoas mais jovens, em especial a geração Z mas incluindo também a gente mais velha nascida a partir de 1978, não percebe que vive numa sociedade hipermercantilizada e hipermidiatizada. Pensa que o atual cenário sociocultural é tão fluente como as leis da natureza e sua rotina supostamente livre esconde uma realidade nada livre que muitos ignoram ou renegam.
Difícil explicar para gente desinformada, sobretudo na flor da juventude, que vivemos numa sociedade marcada pelas imposições do mercado e da mídia. Tudo para essa geração parece novo e espontâneo, como se uma gíria fabricada como “balada” e a supervalorização de um ídolo mediano como Michael Jackson fossem fenômenos surgidos como um sopro da Mãe Natureza.
Não são. Os comportamentos “espontâneos” e as gírias “naturais” são condicionados por um processo de estímulos psicológicos planejados pela mídia sob encomenda do mercado, visando criar uma legião de consumidores fiéis e deslumbrados. Mesmo a gíria “balada” é uma mercadoria, associada a um suposto ideal de vida noturna, uma palavra que soa “mágica” para muitos incautos.
O que a gente vê é a “sociedade do amor” sem medo e sem amor, impulsionada para o consumo voraz onde o prestígio das grifes compensa os preços caros de seus produtos. Consome-se produtos, emoções e sensações, e “liberdade” pode ser tudo, menos a verdadeira liberdade da dignidade, da justiça e da igualdade de direitos.
Tudo é curtição, divertimento e entrega total aos instintos. E, numa sociedade infantilizada como a brasileira, o momento é crucial para o hedonismo frenético e obsessivo, para o consumismo cego e para a busca de ilusões a todo custo.
Diante da efemeridade das sensações de êxtase, pessoas buscam repetir essas sensações como se isso valesse a felicidade eterna. O efêmero e o descartável tentam parecer eternos e permanentes. A fugacidade do lazer alienado e consumista precisa se reciclar como que um loop para que tudo que é passageiro se passe por algo perene e imperecível.
Isso se dá porque tem gente lucrando em cima desse culturalismo em que vive o Brasil, com sua precarização sociocultural que precisa prevalecer, daí o esforço da mídia, da publicidade e de todo um processo de persuasão e exploração dos instintos e desejos humanos para escravizar corações e mentes dando a falsa impressão de que esse círculo comercial representa a liberdade. Só que não.
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