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QUANDO SE BRINCA DE "ALTERNATIVO" NOS QUINTAIS DO 'MAINSTREAM'

ART POPULAR COM A MÚSICA "PIMPOLHO" NO THE NOITE DE DANILO GENTILI.

As pessoas não estão entendendo coisa alguma no Brasil.

Brincam de serem "livres" tatuando o corpo inteiro e interagindo com banalidades no parquinho das redes sociais reservado pelos golpistas de 2016.

Desde o governo Michel Temer que essas pessoas estão brincando nesse parque de diversões digital, achando que estão transgredindo e revolucionando com suas postagens.

E aí vemos coisas patéticas como as esquerdas identitaristas, querendo serem levadas a sério, surfam nas pautas humorísticas que caem bem nas mãos de um Renato Aroeira, Miguel Paiva, Benvindo Sequeira e Galãs Feios, mas não em qualquer um que busque apenas lacração na Internet.

Tudo virou pretensão, como se, nessa sociedade hipermidiatizada e hipermercantilizada, as bolhas digitais fossem um universo aberto de liberdade plena.

Ver que Demi Lovato e Cléo Pires foram legais e atraentes em 2008 e hoje, "sujas" de tatuagens, se tornaram umas chatas identitaristas, é de partir o coração.

Tudo é mercado, tudo é sistemão - ou establishment, no bom portinglês - e até as supostas transgressões hoje já foram assimiladas pelo mercado.

Sou formado em Jornalismo e li textos de vários teóricos da Comunicação, que alertavam sobre esse contexto em que mídia e mercado exercem poder até em quem ignora esse poder.

É preciso pulso firme, e não pretensão, para fugir desse esquema. E quase ninguém tem coragem para isso.

Pessoas mudam, mas não é qualquer Alexandre Frota, Reinaldo Azevedo ou Rachel Sheherazade que surgem feito capim nos espaços lacradores do Twitter e do Instagram.

Há, sim, covardes que acham que podem fazer uma coisa e depois fazer outra assim, sem autocrítica nem tirada de satisfações.

Vemos, em Salvador, um Mário Kertèsz, filhote da ditadura, se passar por "intelectual de esquerda" brincando de ser radiojornalista na Rádio Metrópole, na qual o astro-rei exerce um constrangedor culto à sua personalidade.

Vemos um Pedro Alexandre Sanches entrar no Projeto Folha, anti-esquerdista, virando o aluno-modelo de Otávio Frias Filho, para depois ele passear pelas redações da mídia de esquerda, encenando o papel do "bom esquerdista", bajulando Lula, Dilma e tudo.

Vemos a Rádio Cidade, no Rio de Janeiro, ter surgido como emissora pop, tocando disco music adoidado, se consolidando e virando marca com essa fórmula, para depois ela trair sua história e, em nome da pretensão, se passar por "rádio rock original do Rio".

Pelo seu desempenho canastrão, a Rádio Cidade, em que pese o fanatismo raivoso de seus ouvintes bolsoroqueiros, foi expulsa do dial FM pelo baixo Ibope. Não bastou a passagem de pano que veio até de órfãos da Fluminense FM, transformando muita gente séria em flanelinha cultural.

Claro, todo mundo quer ser alternativo, rebelde, roqueiro, revolucionário, esquerdista, vanguardista, assim de graça, bastando uma choradinha aqui, outra entrada pela porta dos fundos numa causa nova etc.

Tem até fake news de esquerda, que tentou transformar Waldick Soriano num pretenso esquerdista, só por causa da simbologia que a intelectualidade "bacana" deu para os ídolos cafonas.

E o Brasil mergulha num pesadelo, numa crise sem precedentes mas também sem solução, e se perde no sonho dourado das ilusões lacradoras.

E tudo isso em todos os lados. Até esquerdistas identitaristas falando em maconha recreativa como se fosse a escada para o sucesso.

O "novo normal" na música brasileira é o ultracomercialismo de Anitta, Pabblo Vittar, Wesley Safadão etc. E, sem qualquer esforço, MC Fioti passou a ser conhecido, assim no mole, como o que os aloprados entenderiam como o "João Gilberto brasileiro".

Até a MPB autêntica que até o início dos anos 1990 aparecia nas rádios convencionais tornou-se apenas uma música para as elites. 

Até os antigos sambas dos morros foram apropriados pelos filhos das antigas elites que consumiam Bossa Nova. Nos morros, só o "pagode romântico", pasteurizado e comercial até a medula.

E aí vemos Leandro Lehart, do Art Popular, não entendendo o espírito da coisa.

Ele agora se vende como "artista alternativo" como se fosse fácil vender a imagem de "alternativo" ou "vanguardista" às custas das caras feias do público vaiador ou da crítica mal-humorada.

Lehart apenas faz um samba pop um pouco mais esforçado, mas dentro de um contexto bem mainstream, e fica se achando. Deve pensar que é o "Jimi Hendrix do pagode romântico".

Será que ele não percebe que é justamente o contexto do comercialismo atual que acolhe supostas transgressões artísticas? O mercado adora gente que fica cuspindo na cara do comercialismo.

É a alma do show business atual, quando o pop internacional consumido por jovens, incluindo as franquias do j-pop e do k-pop, está nas mãos de um ex-músico de heavy metal que agora virou compositor, empresário e chefão do pop contemporâneo, Max Martin, o novo "Rei do Pop".

Max Martin permite que haja "transgressões", "rupturas" e até "lavagem de roupa suja" com letras "confessionais" feitas sob encomenda para ídolos pop do momento.

A tônica do pop dominado por nomes como Taylor Swift, Cardi B, Nicky Minaj, BTS e Justin Bieber é justamente o de bancar o "excêntrico", o "incômodo", o "transgressor".

De uma forma burra, vemos elementos de música concreta, de atitude punk e alucinação psicodélica sendo utilizados no confuso pop atual e suas canções com mais de cinco compositores, pedaços de rascunhos musicais encomendados pelo imperador Max Martin.

Em que pese o natural sofrimento da overdose e pós-overdose, que devemos respeitar, creio que, no entanto, Demi Lovato forçou a barra ao reconstituir o episódio no clipe de "Dancing With the Devil", título que, anos atrás, soaria estranho no contexto do pop, mas hoje soa normal.

Imagino se Jim Morrison sobrevivesse à overdose que o matou há 50 anos. Ele seria muito mais econômico e discreto em suas declarações e obras a respeito do assunto.

E aí Leandro Lehart fica achando que pode ser alternativo e de vanguarda assim de graça? Não.

Ele brinca de ser "alternativo" nos quintais do mainstream como qualquer outro.

Ele tem uma simbologia musicalmente bastante comercial, pouco importa se é ele quem decide ou não por essa escolha.

Ele tem espaços e atenção da mídia. O mercado gosta dele e do seu estilo "transgressor". O problema é que Leandro Lehart não admite isso.

O mundo mudou mas nossas estruturas continuam as mesmas. Temos um neoliberalismo de sapatênis, temos um mainstream de cara feia.

Temos pretensas transgressões dentro dos quintais do "sistema", que finge ser derrotado por supostos subversivos para depois agradecer a estes pela sua renovação.

O mainstream hoje é o que tenta parecer mais anti-mainstream, daí que não acredito nessa falácia de que tatuar o corpo todo é "liberdade".

Não é. Pois, repetindo mais uma vez, tatuar o corpo inteiro e reduzir as pessoas a murais humanos é um item da ditadura estética e das pressões sociais que criam a obsessão de parecer diferente ao querer ter um corpo rabiscado.

É como no tempo em que o silicone era acolhido pelo identitarismo festivo, até que incidentes diversos, da objetificação do corpo feminino ao câncer de mama, passou a ser descartado pelas mulheres.

Ainda vou ver longas filas de gente querendo remover todas as tatuagens (ou gaduagens?) no seu corpo. Escrevi um conto com esse tema.

Mas, até lá, vamos esperar que esse contexto de pretensas transgressões e falsas liberdades que lacram a Internet passem, depois da ressaca dos tempos pandêmicos de hoje.

E isso se as esquerdas identitaristas não pegarem pesado e deixarem Jair Bolsonaro ser reeleito no ano que vem.

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