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SÉRGIO MORO E O BRASIL FLANELINHA E VIRA-LATA


A confirmação da votação do Supremo Tribunal Federal da suspeição do então juiz Sérgio Moro, praticamente enterrando a Operação Lava Jato, foi sem dúvida um dos grandes fatos político-jurídicos do ano.

Claro que isso não vai, por si só, reverter o golpe político de 216, e o tempo em que Sérgio Moro esteve em alta, glorificado até pelo chamado Espiritismo brasileiro, que o classificou como "emissário das plêiades espirituais do Alto", confirmou um Brasil flanelinha e vira-lata.

Era a época em que intelectuais "mui amigos" das esquerdas brasileiras defendiam a degradação cultural sob a desculpa do "combate ao preconceito" (ver Esses Intelectuais Pertinentes...), para afastar o povo pobre dos movimentos sociais e enfraquecer e isolar as forças progressistas.

Moro surgiu como um "herói" no vácuo mobilizatório das classes populares que foram lá se divertir com o "funk", com o tecnobrega, com o Waldick, com o Odair, com o "sertanejo".

As forças progressistas, enganadas por esses intelectuais, integrados ou respaldados pela mídia venal e pelo PSDB, mas bancando os bajuladores baratos a Lula e Dilma Rousseff, não perceberam a armação que era defender uma suposta cultura, de caráter brega-popularesco.

Vendendo a falsa imagem de progressista, à custa de falácias supostamente identitárias - que, de forma estranha, definiam o povo pobre como um "povo feliz" - , a cultura brega-popularesca virou a bandeira de uma elite intelectual paternalista que forjava bom mocismo.

Nada muito diferente de Luciano Huck, apenas variando a estratégia de usar a mídia de esquerda como trincheira para a intelligentzia alegar que o brega-popularesco (que definem como "popular demais" ou "cultura do povão") era "progressista".

Uma "cultura" que trata o povo pobre de maneira caricatural e glorifica a mediocrização artística, era sustentada por desculpas de caráter especulativo ou subjetivo (pensamento desejoso), mas disfarçada de "abordagens objetivas" sob o suporte "científico" de monografias, reportagens e documentários.

Era a exaltação do viralatismo cultural, que vai muito além de aspectos políticos, pedagógicos e econômicos, pois o "popular demais" nem de longe pode ser considerado exceção à regra.

Até porque quem difunde essa dita "cultura das periferias" é justamente a mídia de direita, tanto a que respaldou o tucanato (Globo, Folha, Estadão) quanto a que apoia o bolsonarismo (Record, SBT).

É um viralatismo cultural oculto e, contraditoriamente, puxado por sucessos com o título de "Eu Não Sou Cachorro, Não", entendidos como eufemismos simbólicos dos quais o viralatismo cultural apela para ter um pedigree e receber a passagem de pano da "alta cultura".

E temos o viralatismo e a flanelização. E aí perguntamos: será que mesmo as esquerdas festivas são "todas Sérgio Moro"?

Uma das denúncias que valeram a suspeição de Moro (e, por associação, por Dallagnol e seus "caros" do Ministério Público) é a parcialidade com que se conduziram as tarefas da Lava Jato, sobretudo contra o ex-presidente Lula.

Moro jurava que "sempre agiu com imparcialidade", principalmente em relação aos políticos do PSDB, que recebiam a passagem de pano do "juiz de Curitiba". 

Embora boa parte da sociedade suspeite disso, principalmente agora, dessa declaração, vemos que ela é apenas um reflexo de um modus operandi que prevalece no nosso país desde os anos 1970, mas com alguns precedentes antes.

Um dos precedentes foi em 1944, quando um juiz fluminense chamado João Frederico Mourão Russell passou pano num processo judicial contra um suposto médium, movido por herdeiros de Humberto de Campos, lesado por livros fake que carregavam seu nome.

Até parece que o juiz Russell, suplente como Carolina Lebbos e Gabriela Hardt na condução da Lava Jato, antecipou a "imparcialidade" de Sérgio Moro, e ainda cobrou taxas advocatícias para a viúva de Humberto, coitada, pagar.

Isso lembra reforma trabalhista. Aliás, o "maravilhoso médium", hoje tido como "símbolo de paz e fraternidade" e "profeta da data-limite", defendia valores análogos à reforma trabalhista, em sua obra doutrinária, com evidentes apologias à precarização do trabalho humano.

Mourão Russell abriu a chave para a rota arrivista do "bondoso homem", a pessoa que os brasileiros mais gostam de passar pano, muito mais do que qualquer tucano ou bolsonarista. E essa rota teve que se seguir até mesmo passando em cima do cadáver do sobrinho Amauri Pena, morto de maneira suspeita.

Antes nossos jornalistas investigativos não poupavam o "médium", pois "falar de amor" não é garantia de que obras literárias enfeitadas com nomes de mortos famosos (ou de anônimos, como o de uma professora prematuramente falecida conhecida como "Meimei") sejam honestas.

E as esquerdas completam o trabalho, passando pano no "médium" que era um reacionário doentio, expresso para milhões de pessoas há 50 anos, num programa de auditório da TV Tupi.

As piores fraudes são as que mais carregam as mais belas palavras, como as frutas venenosas são deliciosas e os animais venenosos e traiçoeiros parecem bonitos e fofinhos.

Mas, fazer o quê? Os piores cantos de sereias não vêm de mocinhas bonitas, mas de um velho feioso, asqueroso, reaça e farsante, que usou peruca e, até hoje, é lembrado por uma suposta caridade aos moldes de Luciano Huck que é superestimada a níveis preocupantes.

Hoje jornalistas investigativos, semiólogos, juristas e acadêmicos passam pano nesse "médium". Uma historiadora, Ana Lorym Soares, teve em mãos a revelação de um esquema criminoso de fraudes literárias, e ela também passou pano em tudo isso.

Desculpa furada essa de que os livros "mediúnicos" eram alterados (lembremos que o "bom médium" apoiou e colaborou abertamente em tudo isso, não sendo vítima do processo) para tornar a "mensagem dos espíritos" mais "palatável". Era fraude mesmo, e das piores.

Mas temos o Brasil viralatista, aceitando como "símbolo de paz" e até como "dono de nosso futuro" um falecido "médium" de visual cafona, ideias antiquadas e que, solipsista, acha que o universo é igual à cidadezinha rural que fica perdida na Grande Belo Horizonte.

Todos passam pano em tudo. Senso crítico virou alvo de um preconceito mais cruel, porque vindo de gente supostamente "sem preconceitos".

"Imparcialidade" é passar pano em tudo, principalmente quando se refugia nas zonas de conforto da dúvida preguiçosa, quando se torna impossível fazer alguma argumentação verossímil.

Ter senso crítico e tocar o dedo na ferida é que virou "preconceito", "opinião" e, de maneira surreal, tornou-se intelectualmente "inviável", apesar dos questionamentos e contestações serem guiadas justamente por um pensamento objetivo cujas constatações desagradam a muitos.

Vemos passagem de pano em tudo.

Acadêmicos passando pano tanto em "médiuns" farsantes e em fenômenos popularescos. Problemáticas desproblematizadas nas teses de pós-graduação, para virarem patrimônios fenomenológicos em monografias festejadas que, com o tempo, só servirão de comida para traças, fungos e baratas.

Mas não é só isso.

Jornalistas culturais sérios, no Rio de Janeiro, e até órfãos da Fluminense FM, estavam passando pano na canastrice radiofônica da Rádio Cidade pseudo-roqueira.

Gente fazendo de conta que a Rádio Cidade era uma "super rádio alternativa", botando seu passado pop debaixo do tapete, e considerando seus locutores "padrão Jovem Pan" os "maiores roqueirões da pesada" do dial FM.

Maurício Valladares parecia sonhar em ver o Demmy Morales ser "mais Alex Mariano do que o finado Alex Mariano", um locutor que fala do mesmo jeito do Emílio Surita ser tido como o "o superroqueirão radiofônico".

E aí temos gente como o até ótimo Mauro Ferreira, jornalista que no entanto passa pano na música popularesca.

E muita gente boa das esquerdas passando pano na idiotice do "bumbum tantã" de MC Fioti, que recebeu as mais delirantes qualificações de gente que se julga "com ideias objetivas e realistas".

E temos um monte de gente passando pano aqui e ali, na ilusão de que "imparcialidade" é agradar todo mundo, ficar elogiando demais e criticando menos.

Isso influencia até nosso mercado literário, que se tornou um dos piores do mundo.

Livros de auto-ajuda, ficções medievais, modismos como "diários de cachorros com nomes de músicos", "romances de Minecraft" e os desnecessários "livros para colorir", grande desperdício literário num país que está abolindo os jornais impressos.

As pessoas fogem do Conhecimento, têm medo do senso crítico, ficam relativizando contestações dentro do bordão "entendo, mas não é bem assim...", correndo loucamente para a literatura analgésica oferecida por autores vindos do nada.

Se isso fosse assim na Medicina, em vez da cura da Covid-19, talvez o Coronavírus, aceito pela sociedade, possa ganhar o Prêmio Nobel da Paz. E as vítimas é que seriam acusadas de não aguentar esse "bondoso irmão" fazer o que quiser com seus pulmões.

Essa suposta imparcialidade que passa pano em tanta coisa ruim, essa flanelização intelectual que assola o Brasil, não vai combater as desigualdades sociais que o Brasil enfrenta hoje.

Essa suposta imparcialidade não trará justiça social, não trará a paz desejada, apenas botará sob o tapete as sujeiras que se acumulam no país há, pelo menos, 45 anos.

Esse processo de flanelização intelectual só irá mascarar as coisas, fazendo agradar todo mundo e evitando a instabilidade social. Só que, na prática, isso significa apenas adiar a explosão das panelas de pressão que representam esses problemas e impasses cuja gravidade não é pouca.

Aliás, essa suposta imparcialidade é a supremacia do agradável, a serviço do pensamento desejoso e outras zonas de conforto emocionais, que viciam uma grande parte de brasileiros.

Se as pessoas continuarem passando pano em tudo isso, se nivelando à atuação de Sérgio Moro na Operação Lava Jato, o Brasil irá piorar.

Enquanto passamos pano aqui e ali, Jair Bolsonaro se aproveita para costurar suas redes de proteção e sua personal passagem de pano para mantê-lo no poder em 2022.

Enquanto acusamos de "preconceito" e "opinionismo" aqueles que tocam o dedo na ferida sob o risco de derrubar dogmas e totens de longa data, a desmobilização social é apenas mascarada pelo "ativismo do sofá" nas redes sociais.

E aí a síndrome de Dunning-Kruger quer classificar a Fé como se fosse "a Razão maior do que a Razão". Tudo com desculpas de caráter sentimental, que só produzem consenso numa sociedade de baixo nível de esclarecimento.

Estamos numa situação grave. Por não se tocar o dedo na ferida, ela pode se transformar numa infecção generalizada.

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