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AS RELIGIÕES USADAS PELA DITADURA CONTRA A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO

PADRES TENTAM IMPEDIR O AVANÇO DA REPRESSÃO MILITAR NA IGREJA DA CANDELÁRIA, NO RIO DE JANEIRO, EM 28 DE MARÇO DE 1968. (FOTO DO ACERVO FOLHAPRESS RESTAURADA POR MIM).

As cicatrizes da ditadura militar não foram curadas e elas, pelo contrário, algumas delas passaram a fazer parte do cotidiano das esquerdas como se fossem coisas positivas. Um culturalismo marcado pelos "brinquedos culturais" da direita moderada que foi oferecido, via veículos que iam da Rede Globo e do SBT à Folha de São Paulo, para o imaginário das esquerdas médias dos últimos 35 anos.

Graças a esse culturalismo vira-lata enrustido, muitas crenças e fenômenos conservadores entraram no imaginário esquerdista pela porta da frente, por parecerem agradáveis e dotados de narrativas e aparatos desprovidos de raiva e intolerância. Basta que tais fenômenos, em tese, façam o povo pobre sorrir que as esquerdas acolhem de olhos vendados, mesmo quando depois batam com suas cabeças na parede.

Com isso, as dívidas sobre episódios sombrios da ditadura militar não foram saldadas até hoje. Um estado de espírito conciliador demais dos brasileiros faz com que os males históricos sejam contemplados parcialmente, sem a análise crítica necessária, mesmo autocrítica. 

No passado, tentou-se até queimar os documentos da escravatura para fazer o Brasil "esquecer" da escravidão de quase 400 anos. Felizmente, como pude ver no livro Escravidão III, de Laurentino Gomes, boa parte dos documentos sobreviveu e serve de pesquisa para essa fase sombria, quando até a chamada "boa" sociedade da época defendia com unhas e dentes a cruel exploração do trabalho escravo.

Hoje o maior problema é um culturalismo herdado da ditadura militar que até as esquerdas contemplam, infelizmente, com gosto. Ver que boa parte dos "heróis" brasileiros de hoje ainda seguem uma linhagem populista, popularesca ou religiosa próprios dos "anos de chumbo", é preocupante, e as forças progressistas aderem e não rompem com esses ídolos, iludidos com uma suposta simbologia de "fazer a alegria e a esperança do povo pobre".

Paciência. São esquerdas pequeno-burguesas, que dominam as narrativas e o senso comum e, de maneira artificial, conquistaram um relativo protagonismo sociopolítico sob as brechas do neoliberalismo. Não conseguem ver o povo pobre além de formas caricaturais ou estereotipadas trazidas pela televisão.

Preocupados em combater o bolsonarismo, os esquerdistas médios tentam entender as dívidas históricas de maneira superficial, apenas considerando aquilo que estiver relacionado a Jair Bolsonaro. Portanto, não se trata de um repúdio ao conservadorismo nem ao obscurantismo, mas àquilo que se associa à estética da raiva e à gramática do hidrofobês que estão associados ao ex-presidente fascista.

DESCULPA DE "DIVERSIDADE RELIGIOSA"

Por isso, no caso da religião, apenas compreendem parcialmente a blindagem da ditadura às religiões usadas para derrubar a Igreja Católica, que, através da corrente da Teologia da Libertação se tornava a maior força de oposição política ao poder ditatorial, preocupando os generais. Afinal, era esta corrente católica que protegia perseguidos políticos, denunciava a repressão ditatorial a órgãos de direitos humanos do mundo inteiro e realizava trabalhos de emancipação e mobilização das classes populares, principalmente em áreas rurais.

A ditadura militar não poderia mandar padres e sacerdotes para as câmaras de tortura, através do aparelho repressivo do DOI-CODI e do aparato legislativo do AI-5. Seus estrategistas resolveram então adotar uma solução para enfraquecer a Igreja Católica, usando uma argumentação forte: a de forjar uma "diversidade religiosa" que nada tem a ver com a verdadeira diversidade, esta voltada ao respeito de crenças religiosas de povos excluídos, como o candomblé, o judaísmo e o islamismo.

A "diversidade" tramada pela ditadura militar envolvia duas grandes religiões baseadas também no culto à Bíblia e aos dogmas moralistas e místicos conservadores. Só uma dessas religiões tem seu ultraconservadorismo reconhecido, o Neopentecostalismo, corrente do Protestantismo que, nos últimos anos, se aproximou de Jair Bolsonaro. 

A outra religião, o Espiritismo brasileiro, pela ausência de retórica hidrófoba consegue enganar as pessoas e se passar por "moderna" e "progressista", com suas ideias medievais dissimuladas pelo verniz de uma falsa "nova Teologia da Libertação".

O maior ícone foi um suposto "médium" de Uberaba, pioneiro na literatura fake, que a partir dos anos 1970 virou um pretenso símbolo de "caridade" através de uma narrativa inspirada na que o inglês Malcolm Muggeridge fez para promover a ultraconservadora Madre Teresa de Calcutá, outra figura religiosa que, de forma constrangedora, é cultuada por setores das esquerdas brasileiras.

Eu tinha cinco anos de idade em 1976, morando no bairro do Barreto, em Niterói. Mas já tinha condições de perceber as coisas, mesmo de maneira latente. Entre 1976 e 1977, eu via "novas" figuras religiosas se projetando, quase ao mesmo tempo, no Brasil: o tal "médium" (figura muito antiga, mas que só então passou a ser "símbolo de bondade", pois antes dessa época ele era apenas uma figura pitoresca de um suposto comunicador dos mortos), e os "bispos" Edir Macedo e Romildo Ribeiro Soares, o R. R. Soares.

Consta-se que a Federação Espírita Brasileira e a Assembleia de Deus, mais as emergentes Igreja Universal do Reino de Deus e Igreja Internacional da Graça de Deus, respectivamente de Edir e Romildo, teriam recebido financiamento da ditadura militar para crescerem e tirarem fiéis da Igreja Católica, atuando em diferentes frentes para enfraquecer a Teologia da Libertação.

O Espiritismo brasileiro teria como "trincheira" a Rede Globo, mas com acessos informais nas outras emissoras. Trabalharia também seu misticismo através de um lobby de atores de novela e alguns profissionais de televisão. Teria um verniz "ecumênico" e um discurso sutil que pudesse, de maneira enganosa, se passar por "moderno" e confundir com o da Teologia da Libertação, embora o dito "kardecismo" tenha ideias fundamentadas na medievalíssima Teologia do Sofrimento.

O método de manipulação do Espiritismo brasileiro se baseia no discurso de uma pretensa caridade, igual à retórica "filantrópica" que Luciano Huck faz em seus programas de TV. É uma "caridade" feita mais para causar comoção no público mais ingênuo do que em trazer algum benefício para os mais necessitados. Uma "caridade" usada como "carteirada", feita para abafar qualquer denúncia ou crítica que furasse o campo de blindagem que beneficia até hoje o Espiritismo brasileiro.

Os pobres são precariamente atendidos, apesar de tantos festejos da sociedade para essa "caridade de fachada" que só traz promoção pessoal ao suposto filantropo, a partir do próprio "médium da peruca". Os resultados sociais, se existem, são apenas medíocres. Tanto são medíocres que Uberaba nunca sai dos padrões precários comparáveis ao de decadentes cidades do interior de Goiás.

As religiões neopentecostais já teriam como "trincheiras" horários alugados em outras emissoras de TV. Com um discurso alarmista e raivoso, serviam para um outro tipo de público, mais escancaradamente conservador, e seus métodos de ascensão não são muito sutis, se valendo da cobrança de dinheiro dos fiéis. Um dos resultados disso é bastante famoso, que é a formação de um império midiático da Igreja Universal, que adquiriu o espólio encabeçado pela TV Record de São Paulo, a mais antiga emissora de TV no ar no Brasil.

Seria muito bom que houvesse um jornalista investigativo para analisar o patrocínio da ditadura militar a essas religiões, como um meio de enfraquecer as forças progressistas do Catolicismo, que atuaram na denúncia da opressão ditatorial e nas medidas de mobilização e emancipação popular, se servindo até mesmo do método educacional do pedagogo pernambucano Paulo Freire.

No entanto, o caráter parcial da apreciação de nossa realidade religiosa atinge até mesmo pessoas que possuem algum senso crítico ou mesmo algum ceticismo em relação à fé religiosa, mas que esbarram no lamentavelmente hipnótico magnetismo do "médium da peruca", infelizmente ainda visto de maneira glamourizada pelos brasileiros. Recentemente vi, na busca do Google, um linque do portal O Pensador (?!) falando em "lindas orações" desse charlatão ultraconservador de Uberaba.

Não sou eu que vou fazer esse jornalismo investigativo. Falta de vontade? Não. Falta de coragem? Também não. É porque eu não tenho muita visibilidade, não tenho recursos financeiros para sair viajando de um lugar para outro, entre a Grande Belo Horizonte e o Triângulo Mineiro.

Ainda por cima, não tenho condições de obter proteção e segurança de qualquer espécie, correndo risco de ser morto por aqueles que não querem que se revele o lado sombrio do "bondoso médium". Diz muito o desfecho suspeito do sobrinho do "médium", o jovem Amauri Pena, com suspeitas de "queima de arquivo" que se agravam quando a revista Manchete, de 09 de agosto de 1958, alertava das ameaças de morte que o rapaz passou a sofrer quando foi denunciar as fraudes do tio e de dirigentes "espíritas" de Minas Gerais.

É muito lamentável que o jornalismo investigativo ande decadente no Brasil. E, infelizmente, jornalismo investigativo envolvendo religião é uma piada: o repórter fazendo entrevista chapa-branca com o religioso, depois de encerrado seu culto. Prometendo apresentar a "pessoa humana por trás do mito", tudo o que se faz é apresentar um novo mito por trás daquele mito visto nos cultos religiosos.

De que adianta a "carteirada" dos prêmios por matérias investigativas sérias? No caso de entrevistar um ídolo religioso o que se vê é uma propaganda travestida de matéria jornalística, com um desempenho constrangedor do repórter investigativo que, em outros tempos, enfrentava pautas mais desafiadoras com coragem e senso apurador.

Não podemos nos iludir com essa cosmética do não-raivismo, embora seja forte a tentação dos tempos atuais de que, a pretexto da "democracia" e das perspectivas de "amor e paz" do atual cenário político, ter-se que abrir mão do senso crítico e colocar debaixo do tapete os erros, problemas e impasses que não estiverem relacionados, mesmo de forma indireta, ao bolsonarismo.

A sonegação do pensamento crítico e da corajosa investigação, mesmo que ponha em xeque muitos totens consagrados e muitas "vacas sagradas" do antigo culturalismo pós-1974 cortejados até hoje pelas esquerdas médias - agora incluídas no conjunto da "sociedade democrática" ao lado dos novos "isentões" de plantão - , pode trazer consequências nefastas para o futuro. Daí a bregalização cultural e seu discurso "contra o preconceito" que criou condições para o golpismo de 2016-2018.

Investigar o patrocínio da ditadura militar às religiões neopentecostais e "espírita" é uma corajosa pauta jornalística que deve ser feita por um repórter com visibilidade e reconhecimento público, além de estar imune às tentações que amoleceram e fragilizaram os corações de muitos céticos e investigadores, que de forma vergonhosa não conseguem resistir a um "médium" com seu retrato mesclado com paisagens celestiais ou verdejantes ilustrando suas frases piegas e medievais.

O momento não pode ser de complacência. Já se teve complacência demais nos tempos do AI-5, pois os fuzis estavam apontados para as cabeças críticas do Brasil de cinco décadas atrás. Mas hoje não temos fuzis, portanto não há como passar pano em religiosos que soam agradáveis. 

Temos que acertar as contas com a História, que está acima de mim, de você, leitor e de qualquer um, portanto não serão os "médiuns" que estarão acima da verdade e da realidade dos fatos. Eles precisam ser investigados com muito rigor, sim, e sem medo da choradeira dos outros. A verdade não pode ser um patrimônio privado de mistificadores da fé, principalmente aqueles que mascaram a literatura farsante de autoria espiritual fake e ideias reacionárias com uma linguagem dócil e suave.

Se as pessoas continuarem prisioneiras dessa zona do conforto do não-raivismo que desencoraja o pensamento crítico e a ação combativa, os progressos do Brasil serão tão frágeis e precários que criarão condições para a volta do bolsonarismo. Portanto, muito cuidado pois nem todos os sorrisos dóceis e falas suaves podem significar necessariamente coisa boa.


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