FÁBIO ASSUNÇÃO E CAROL CASTRO SÃO CONTRATADOS PARA DIVULGAR O CATOLICISMO MEDIEVAL DE BOTOX.
O Espiritismo brasileiro, na prática o Catolicismo medieval redivivo por conta de seu moralismo punitivista digno do século XII, tenta apelar para reverter a queda de 3% do número de seguidores - de 21% em 2012 para 18% em 2022 - , segundo o Censo Religioso do IBGE, concorrendo com a Igreja Universal na produção de dramaturgia religiosa.
Desta vez, é mais um filme da franquia "Nosso Lar", a ser protagonizado por Fábio Assunção - ator de mentalidade progressista mas que passou pano no "médium da peruca", uma das figuras mais reacionárias de toda a História do Brasil - e Carol Castro. É tendência dos produtores usar atores que inspiram grande empatia do público para vender esses filmes com temáticas neo-medievais.
O Espiritismo brasileiro e a Igreja Universal tiveram a mesma forma de ascensão. Financiadas pela ditadura militar, "espíritas" e neopentecostais receberam apoio da mídia empresarial solidária à ditadura para tentar enfraquecer o impacto da Teologia da Libertação da Igreja Católica, que atuava como maior força de oposição do regime militar, denunciando torturas e mortes pela repressão a órgãos internacionais de direitos humanos.
As duas religiões, o Espiritismo brasileiro e o Neopentecostalismo - vertente do Pentecostalismo evangélico marcada pelo forte apelo midiático - são igualmente ultraconservadoras, mas seguem estratégias diferentes de persuasão.
Os neopentecostais são famosos por uma conduta agressiva e pelo sensacionalismo de suas pregações. Os "espíritas" usam do artifício da linguagem mais "suave" e forjam pretensas mensagens de mortos para promover um sensacionalismo mais sutil, marcado por tratar a comoção humana como entretenimento, a tal "masturbação com os olhos", o êxtase místico-religioso de chorar com estórias melodramáticas.
Surgido em 1884, o Espiritismo brasileiro, apesar de jurar vínculo umbilical com Allan Kardec, na prática rompeu com o legado do pedagogo francês, preferindo servir de reciclagem para o movimento jesuíta que prevaleceu no Brasil colonial e era herdeiro do Catolicismo medieval português. Os jesuítas foram obrigados a deixar a então colônia portuguesa depois que, com o trágico terremoto em Portugal em 1755, o primeiro-ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, adotou uma política austera de contenção de gastos e cobrança de impostos.
O Espiritismo brasileiro também acolheu católicos medievais que estavam descontentes com as mudanças graduais que a Igreja Católica estava sofrendo a partir do século XIX. A evocação de padres jesuítas, a partir de Manuel da Nóbrega, conhecido personagem dos primeiros séculos da História do Brasil, influiu bastante.
Apesar da fachada "espiritualista", do verniz de simplicidade e do aparato de futurismo, o Espiritismo brasileiro possui um repertório de pregações morais que remete à Teologia do Sofrimento, corrente radical do Catolicismo medieval de conteúdo punitivista e meritocrático. A corrente prevaleceu na Idade Média e foi reciclado, na época contemporânea, por Santa Teresa de Lisieux e Madre Teresa de Calcutá.
A dramaturgia "espírita" é uma das cartas na manga da religião para atrair público através do entretenimento. A novela A Viagem é o principal produto dessa empreitada, recentemente, através de uma reprise no canal Globoplay Novelas. São geralmente obras medíocres, melodramas piegas de mero propagandismo moralista, com um conteúdo bastante conservador.
Atualmente, o Espiritismo brasileiro conta com as forças de apoio das elites ultraconservadoras do nosso país. Seu maior apoio está no coronelismo do Triângulo Mineiro, para o qual o "médium" mais famoso do Brasil trabalhou como funcionário em diversas funções. Uma parceria dos latifundiários do Triângulo Mineiro com o empresariado da Faria Lima fez o Espiritismo brasileiro ganhar o apoio da Folha de São Paulo, atualmente a maior trincheira da religião "espírita", que segue também apoiada pelas Organizações Globo e por outros veículos da mídia empresarial, como SBT e Band.
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