
A FARIA LIMA QUER QUE O POVO FALE A LÍNGUA DELA.
O culturalismo vira-lata brasileiro, que escapa dos terrenos oficialmente delimitados do “Jornalismo da OTAN” - que aposta na tese reducionista de definir as armadilhas culturais ao âmbito político e moral - , penetra no inconsciente coletivo de forma que tudo pareça fluente, que todos os valores, hábitos e linguagens surgem carregados pelo ar que respiramos.
Tudo parece natural e espontâneo, mas na verdade esse culturalismo é tendencioso e o “ar puro” que carrega esses valores vem dos escritórios dos executivos de mídia e das agências de publicidade e são transmitidos “naturalmente” por apresentadores de TV, influenciadores digitais e humoristas.
De repente aquilo que você fala no cotidiano não é fruto do convívio comunitário e, portanto, horizontal, das pessoas, mas da transmissão midiática e vertical. A gíria “balada” é um caso exemplar, um jargão privado de jovens ricos para definir uma droga que virou uma palavra pretensamente universal. E a gíria "galera", outro exemplo, mais parece um desejo inconsciente da moçada se oferecer para ser faxineira de convés de navio.
Nesta sociedade hipermercantilizada e hipermidiatizada, a dita “cultura popular” que aparece nas redes sociais nada tem de natural ou espontânea, por mais que ela tenha amplo alcance no cotidiano das pessoas comuns. Essa “cultura” supostamente “viva e vibrante” - narrativa muito comum por intelectuais apologistas, como os chamados intelectuais pró-brega - é na verdade fruto desse planejamento empresarial dotado de uma logística publicitária e psicológica.
Alguns hábitos de linguagem são próprios da Faria Lima e poucos percebem, como a gíria "balada", que em si é um produto associado a um suposto ideal, serve para vender um sonho de uma "noite feliz" de uma festa que, supostamente, nunca termina. A palavra não tem pé nem cabeça. Mas, na melhor das hipóteses, "balada" é uma espécie de "prima brega" das raves.
Há também os "dialetos" em inglês, o tal portinglês manifesto por palavras como "boy", "body", "bike", "vibe" e outras que invadem o vocabulário da língua portuguesa são amostras não apenas de puro viralatismo cultural combinado com uma vassalagem aos EUA (muito mal-disfarçada, em parte, pelo pretenso esquerdismo de seus falantes) mas também da forte influência da linguagem da Faria Lima no cotidiano das pessoas.
Se você acha que um "médium espírita" picareta de Uberaba é um "advinho" ou "profeta", se você acha que Michael Jackson é o "maior cantor de todos os tempos", "Evidências" com Chitãozinho & Xororó é "um clássico da MPB (sic)" e Guns N'Roses é "a maior banda de rock do planeta", se você acha o Chaves "humor de vanguarda" e se seu único lazer num domingo é o futebol, tome muito cuidado, você está falando a "língua da Faria Lima".
Não adianta saltar da cadeira e afirmar que esses valores são "livres", que você não sofre a influência da mídia e que você detesta os jornalistas e apresentadores dos canais de TV que você mais vê. Isso nem de longe convence sequer uma pedra. Você é manipulado pela mídia e não adianta escrever "KKKKKK" quando é acusado de pagar pau para a Globo, Folha e similares porque não vai se livrar da encrenca de ser considerado um "midiota".
A situação é gravíssima. O Brasil molda seus modos de ser, estar, acreditar, consumir, sentir, gostar e fazer conforme os interesses de uma meia-dúzia de executivos de um bairro paulistano de nome esquisito, Itaim Bibi. Ver nossa cultura, seja a cultura popular, seja a cultura rock, seja as formas de ver, crer e sentir e até os nossos ícones, tudo isso ser privatizado e entregue nas mãos de um bando de empresários "descolados" é assustador.
Devemos nos armar de senso crítico e ter que dizer não a esses valores. Não estamos "de boa". A "balada" é mais triste que se pensa, com o dramático sucesso de Agostinho dos Santos assombrando a sociedade viciada no lazer noturno.
"Médium" pioneiro na literatura fake e que consentiram em morte suspeita de sobrinho não pode ser considerado modelo de "adivinho" ou "profeta", até porque a sua "profecia da data-limite" foi um fracasso e está cheia de erros, como dizer que o Chile será poupado de uma onda de terremotos e atividades vulcânicas que assolariam o planeta.
Temos que parar de ser cretinos. A Faria Lima, através de seus canais de difusão, a Globo, a Folha, a Rede TV!, a Jovem Pan, a Caras, a 89 FM, a Transamérica, o SBT, e seu tráfico de influência nas redes sociais e até na mídia de esquerda, está privatizando o inconsciente coletivo de maneira mais catastrófica possível. Essa constatação não é para rir, é para chorar. A cultura brasileira em geral, mesmo a aparente diversidade, está deixando de ser horizontal para ser vertical. E não adianta a intelectualidade "bacana" tentar "horizontalizar" o vertical. Os fatos mostram quem hoje banca o dono da "nossa cultura".
Dessa forma o Brasil não vai virar país de Primeiro Mundo. O "primeiro mundo" já existe na cabeça da "boa" sociedade, ela sempre teve seus espacinhos "primeiro-mundistas" e só quer um título nobre para um Brasil que é só deles mas não é nosso.
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