ARMÍNIO FRAGA E ROBERTO CAMPOS NETO E, ENTRE ELES, LULA - Conflito ideológico ou jogo de cena?
Com Lula se demonstrando um grande pelego, acovardado diante de problemas como a carestia nos alimentos e a precarização do trabalho - como a escala 6x1 e o trabalho 100% comissionado, além dos famigerados baixos salários - , o presidente, na desesperada aventura de buscar a reeleição, está investindo numa encenação para tentar comover a opinião pública.
Apelando para uma falsa "volta às origens", Lula enfrenta as prévias do Partido dos Trabalhadores para a presidência da sigla, divididas entre a aproximação com o Centrão e o retorno às bases partidárias originais. Também sinalizando um forte peleguismo, Lula tem que aguentar uma gravíssima queda de popularidade, contra a qual corre freneticamente para reverter para garantir sucesso nas urnas em 2026.
A moda agora é o discurso "ricos contra pobres", que passou a substituir a retórica da "união democrática" que Lula trabalhou nos dois primeiros anos de seu atual mandato. A campanha pela taxação dos super-ricos, em tese, é boa, mas da forma como se propõe, agora com alíquota de 10% sobre as grandes fortunas, é risível por ser inócua, porque não impede os bilionários de recuperar e até obter o valor maior do que tinham antes de ver suas fortunas "mordidas pelo leão".
A polarização, diante do desgaste do lavajatismo e do bolsonarismo, cria então uma nova rinha, desta vez contrapondo Lula e os bilionários, que mais parece um jogo de cena de tão superficial que é essa briguinha. Afinal, Lula, hoje um pelego político, não convence mais sendo o porta-voz dos pobres que, fora da bolha lulista, estão completamente revoltados com o presidente, que quase nada fez por eles.
O próprio Lula virou um queridinho da Faria Lima e a suposta briga seria apenas um conflito fabricado, tipo Emilinha Borba versus Marlene nos tempos de ouro do rádio, ou então entre Beatles e Rolling Stones no começo da beatlemania.
No Jornal Nacional, uma matéria tentou inverter as coisas e colocar os economistas Armínio Fraga e Roberto Campos Neto, ex-presidentes do Banco Central, como supostos representantes do povo, devido à apropriação que a burguesia ortodoxa fez com a oposição ao IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que se tornou a obsessão de Lula, sob o pretexto de que esta alíquota "só atingirá o topo da pirâmide social".
Os lulistas, por sua vez, tomados pelo fetiche de Lula, são capazes de apoiar projetos impopulares se eles se tornam a obsessão do líder petista que hoje preside o país. Por exemplo, se Lula quer explorar o petróleo na Amazônia territorial, mesmo pondo em risco a biodiversidade da região, quem não for a favor desta medida seria acusado pelos petistas de "se vender para as elites".
Os próprios adeptos de Lula já estão defendendo causas antipopulares, passando pano na precarização do trabalho e nos baixos salários? Houve até quem sugerisse que o trabalhador pedisse para o patrão aumentar o salário, algo comparável ao de sugerir para uma galinha ser poupada de ser devorada por uma raposa.
Já não bastou o papelão que tiveram as esquerdas médias de apoiar a bregalização musical e comportamental, respaldando tendências que foram patrocinadas pela ditadura militar, pelo latifúndio e por políticos da direita fisiológica? Que vergonha tentar brigar com os fatos e inventar um "Waldick Soriano de esquerda", quando ele comprovadamente era reacionário e bastante conservador, tal qual um "médium" de Uberaba, apoiador doentio da ditadura militar em sua pior fase, figurão que também recebeu umas boas passagens de pano das esquerdas médias.
O IOF vai afetar os preços e tornar a cadeia de preços ainda mais cara, tal qual os combustíveis. Lula deixou a máscara cair depois que havia dito que as viagens ao exterior seriam para atrair investimentos, o que inicialmente fez os brasileiros acreditarem que nosso país estaria nadando em dinheiro com uma fartura de verbas estrangeiras aplicadas nos cofres do Governo Federal. Daí que o IOF virou um pretenso Santo Graal para evitar o corte dos investimentos sociais do governo Lula.
E aí vemos o quanto é essa pantomima que se apoia em estereótipos fáceis e que não condizem com a realidade. Afinal, o Lula do atual mandato tornou-se um pelego, um falastrão colaborador com as próprias elites que diz combater. E esse jogo de cena se torna ainda mais complicado ao percebermos que os lulistas e os "democráticos" em geral também apoiam os "super-ricos" do bem, como os empresários do entretenimento, os produtores de cervejas e cigarros e os dirigentes de futebol.
O grande problema é que Lula só está tendo sucesso dentro da bolha lulista. Fora dela, a popularidade não apenas está baixa como tende a cair, e a oposição está ganhando tempo para impedir a reeleição de Lula, num contexto ainda mais complicado e maluco do que em 1964, pois o Lula de hoje, diferente do Jango de 61 anos atrás, se preocupa em transformar o Brasil em um parque de diversões.
Mas a coisa pode ser pior, pois se Lula pegar pesado demais na retórica e na encenação, ele pode fazer irritar a direita ortodoxa que fará tudo para evitar um novo mandato do petista. Lula complica mais porque, com baixa popularidade, pode encerrar a carreira política com a pressão da direita ortodoxa. Vale lembrar que João Goulart, quando foi derrubado pelo golpe de 1964, gozava de alta popularidade.
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