Ontem o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, foi preso pela Operação Lava Jato, através de seu desdobramento chamado Operação Alameda.
Pode ser uma prisão política, baseada na delação premiada do empresário Marcelo Traça, em acordo feito com o Ministério Público Federal.
Em todo o caso, Rodrigo é acusado de envolvimento em um esquema de desvio financeiro de R$ 10 milhões do setor de transporte coletivo da cidade.
Rodrigo teria sido responsável por suposto esquema de arrecadação que cobrava uma porcentagem de 20% sobre valores reembolsados por gratuidade nas passagens do transporte municipal.
Também foram presos dois empresários de ônibus: João dos Santos Silva Soares, presidente do consórcio Transnit e sócio da Auto Lotação Ingá e João Carlos Félix Teixeira, que preside o consórcio TransOceânico e também é sócio da Viação Pendotiba.
Outro que foi preso foi Domício Mascarenhas de Andrade, ex-secretário de Obras de Niterói, que teria arrecadado os valores e negociado com representantes dos consórcios de ônibus municipais.
Sempre a corrupção por trás dos ônibus padronizados. A pintura padronizada tende a ser a "lona" para o triste circo da corrupção político-empresarial.
Consta-se que esse esquema influiu pelo preço caro das passagens de ônibus.
Embora seja uma prisão tendenciosa, de políticos fisiológicos que, de um modo ou de outro, atuavam durante os governos de Lula e Dilma Rousseff, há outras considerações a fazer.
Parece uma grande ironia que mais um prefeito de Niterói foi derrubado depois de uma tragédia habitacional.
Em 2010, o prefeito Jorge Roberto Silveira viveu seu inferno astral com a tragédia do Morro do Bumba, uma favela no Cubango que o descaso público fez se formar em uma área de risco.
O mesmo com a favela Boa Esperança, em Piratininga, que sofreu um deslizamento na madrugada, há pouco tempo.
Rodrigo Neves teve duas gestões fracas. Na primeira, ele era um petista por mera formalidade partidária. Mais parecia um peemedebista no PT. O senador peemedebista Roberto Requião, do Paraná, tem mais espírito petista.
O primeiro governo Rodrigo Neves quase não teve realização alguma, os investimentos eram poucos e, no máximo, a única façanha foi duplicar a Rua Benjamin Constant, entre São Lourenço - após atravessar a Alameda - e um e outro ato pouco lembrável.
O segundo governo, já como filiado do PV (a essas alturas alinhado com a centro-direita), apenas brincou de ser super-prefeito.
Sua única grande realização foi a via Cafubá-Charitas, que, a exemplo da demolição do Viaduto da Perimetral do então prefeito carioca Eduardo Paes, são medidas antigas e tardiamente realizadas, ainda que por prefeitos pouco carismáticos.
No entanto, Rodrigo Neves fazia o maior carnaval com medidas apenas paliativas.
Fez toda uma cerimônia para mostrar um "grande plano", que ele definia como "desafios", que eram apenas medidas corretas, necessárias mas não muito revolucionárias.
São coisas do tipo recapeamento de avenidas (definido pelo nome da moda como "macrodrenagem"), reformas em quadras esportivas nos bairros e em praças públicas.
Não são coisas que se definam como "grandes desafios" e nem servem para se fazer o maior estardalhaço.
Só para dar um exemplo, a Prefeitura de Salvador realizou obras de macrodrenagem no asfalto da Rua Paulo VI, na Pituba (eu andei muito por lá) e não se falou em "repaginação do bairro".
E Rio do Ouro e Várzea das Moças precisando de avenida própria, com terreno até reservado para isso, e nada se faz.
Há um grande medo desse terreno ser ocupado por casas, enquanto a rodovia RJ-106, que é estadual, viverá seu eterno suplício como "avenida de bairro" em Niterói, prejudicando o trânsito que vai e vem da Região dos Lagos para o Rio de Janeiro.
E onde estão as passarelas na Av. Francisco da Cruz Nunes, na Estrada Caetano Monteiro, na Av. Marquês do Paraná (pelo menos o trecho do Rio Cricket)?
Dito isso, informa-se que, como o vice de Rodrigo, Comte Bittencourt, renunciou ao cargo em 2017, Niterói hoje está sob o comando do presidente da Câmara Municipal, Paulo Bagueira, do Solidariedade, que afirmou que, por enquanto, não haverá novas eleições.
Isso porque Rodrigo Neves está sob investigação e ainda se discutirá seu futuro na Prefeitura de Niterói.
Até lá, Niterói se encontra numa situação complicada de cidade provinciana localizada logo na vizinhança do Rio de Janeiro, que também tem seu provincianismo doentio e seu conservadorismo febril, mas ao menos consegue manter a aparência de modernidade e urbanismo.
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