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BREGAS TENTAM SE PASSAR POR "ARTISTAS 'COOL'"

CHITÃOZINHO & XORORÓ MOSTRAM SEU BREGANEJO NUM FESTIVAL DO GÊNERO REALIZADO NO ÚLTIMO FIM DE SEMANA, EM SÃO PAULO.

Axé-music, breganejo, "funk", brega mais antigo... O constrangedor comercialismo da mediocridade musical brasileira e seus ídolos mofados tentam enganar a opinião pública brasileira e vender uma falsa imagem "cult" ou "vintage" para retomarem o antigo sucesso comercial se passando por pretensos vanguardistas.

O exemplo mais recente dessa aberração toda é um festival de breganejo que ocorreu na noite do último sábado, no Allianz Parque, na Barra Funda, aqui em São Paulo. O evento teve o nome pretensioso de Histórias - O Show do Século, e as atrações são as constrangedoras duplas Chitãozinho& Xororó, Zezé di Camargo & Luciano e Bruno & Marrone, estes que fazem o tipo "sertanejo pitboy" com aquelas vozes berrantes, e que, nos tempos do Orkut, disputavam com o Exaltasamba a preferência musical de solteironas idiotizadas pela mídia.

Algumas subcelebridades e alguns atores com expressivo apelo de alguma modernidade apareceram, com "livre e espontânea vontade", para "prestigiar" as duplas, mas vamos combinar que essa "sincera tietagem" é tão "autêntica" quanto se eles vendessem uma marca de xampu ou de sabão em pó que, na vida íntima, sentem muito nojo em usar. 

Até Marina Ruy Barbosa, talvez por influência do atual namorado dela, foi "curtir" os breganejos com a naturalidade de quem faz um comercial de TV. Ela já mostrou um temperamento difícil em várias ocasiões, ela não iria fazer nesta ocasião do festival breganejo, porque senão pode perder papéis na televisão, o que, numa época em que atores e atrizes têm contratos rompidos, é uma catástrofe.

É muito triste esse cenário cultural brasileiro, do qual perdemos, nos últimos meses, pelo menos quatro grandes artistas - Paulo Jobim, Gal Costa, Erasmo Carlos e Leno - , e as gerações atuais de jovens ou de adultos ficam felizes com o constrangedor som da música brega-popularesca, com suas músicas malfeitas e seus cantores afetados, que mesmo quando tentam alguma sofisticação soam forçados, canastrões e mais vergonhosos do que quando se limitam a ser vergonhosamente bregas.

Numa volta, à noite, num ônibus para a casa, o MP3 do motorista estava tocando uma coletânea de Chitãozinho & Xororó e eu fiquei constrangido e envergonhado em ouvir o som da dupla. "Isso é sofisticação musical"? Isso é "música vintage"? Isso é "vanguarda"? Com toda certeza, quem tem um mínimo de neurônios funcionando sabe que isso não procede e que a dupla paranaense é um dos nomes que mais representa o que há de ruim e retrógrado na música brasileira.

A dupla Zezé di Camargo & Luciano, por sua vez, posou de pseudo-esquerdista em 2005, enquanto no Orkut seguidores sociopatas dos dois cantores "patrulhavam" quem não gostava de seu som para dispararem seu linchamento digital contra estes discordantes. Havia bolsomínions no Orkut, mas como o direitismo desse pessoal estava guardado no armário, as esquerdas médias não desconfiavam, achando que o Tribunal da Internet só surgiu em 2015 no Facebook.

É muito triste isso e vemos o quanto esse Brasil nada tem de realmente democrático, no sentido de que, culturalmente, é imposto um padrão que só interessa à "classe média de Oslo", e isso inclui a bregalização que somos forçados a aceitar como criança tomando chá de losna. 

É aquele papo hipócrita de que "ninguém é obrigado a gostar, mas é obrigado a aceitar", de reacionários hidrófobos que, em nome das verbas culturais do PT, fingem ser "da paz e do amor" e se escondem nas barbas de Lula. Já vi muito apoiador de música brega-popularesca vomitando arrogância, do "professor" Eugênio Raggi aos blogueiros-patolinos da vida.

Lá fora, a situação é completamente outra. Recentemente, a atriz adolescente McKenna Grace, de Crash & Bersnetein, Ghostbusters - Mais Além (Ghostbusters - After Life) e Um Amigo da Família (A Friend of the Family), foi assistir a uma apresentação de uma banda emergente de rock alternativo, Lovejoy. Lembrando que McKenna também é cantora, compositora e musicista com talento acima da média das garotas de sua idade.

Mas isso é lá fora, quando vintage é levado a sério. Vintage é Laura Nyro, XTC, Kinks, Gentle Giant, Kool & the Gang, LaBelle, Bread e Todd Rundgren. Lá fora, a ideia de música vintage se refere a nomes à frente do seu tempo ou que foram marcados por sonoridades bastante criativas.

Somente no Brasil é que "música vintage" é sinônimo de música medíocre, retrógrada, piegas, que até destoa do aparente perfil de atores, atrizes e outras personalidades que deveriam passar uma imagem "mais legal" para o público, mas demonstram ser culturalmente vexaminosos, independente de realmente gostarem ou não da "cultura" que dizem tanto apreciar.

Considerar nomes ultrapassados e datados como Michael Sullivan, Bell Marques, É O Tchan, Valesca Popozuda e Chitãozinho & Xororó como "cool" é uma atitude extremamente vexaminosa e reflete a estupidez desse culturalismo à brasileira, um culturalismo vira-lata enrustido que tenta parecer "melhor" por evitar a estética da raiva e a gramática do hidrofobês.

Temos que desmontar esse Brasil que só serve a uma elite do atraso, a "boa sociedade" que se acha dona de tudo, dona do povo, dona da verdade e dona do mundo. É esse pessoal que vai fazer o Brasil se destacar no concerto das nações e conquistar o Primeiro Mundo? Com certeza não, pois esse "bom" viralatismo cultural só tem validade no território nacional.

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